situações constrangedoras

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O pai dos garotos os visitaria no sábado de manhã, sexta-feira à noite, assim que todos chegaram em casa, eles se dedicaram em remover todos os desenhos do mural da pensão, alguns esconderam suas maquiagens em algum lugar que o senhor Hong não pudesse acabar vendo, Minghao removeu o esmalte de suas unhas e, durante o jantar, eles revisaram o que iriam falar e como iriam agir.

Joshua olhava tudo aquilo com um olhar desapontado e culpado, os garotos estavam fazendo todo aquele esforço por sua culpa, não queria que as coisas fossem daquela forma, mas sabia que não podiam fazer algo diferente. Seokmin não desgrudou de Joshua nem por um segundo, estava o tempo todo beijando o seu rostinho ou de mãos dadas, uma vez ou outra falando que tudo ficaria bem e nada de errado aconteceria.

Geralmente, eles acordavam bem tarde nos finais de semana, mas aquele sábado seria diferente dos outros. Eles estavam acordados às 07:30 e limparam toda a casa até deixá-la brilhando e muito bem organizada, também não ficaram com seus pijamas, vestiram roupas mais confortáveis porém bonitas, para evitar julgamentos.

— A campainha está tocando — Jeonghan avisou saindo da cozinha e prendendo o seu cabelo cacheado em um coque — Eu estou terminando de fazer o café da manhã, quem vai atender?

— Eu — Joshua avisou se levantando do sofá e respirando bem fundo — Tudo vai dar certo, não é?

— Vai sim, vamos nos comportar direitinho, Shua — Mingyu respondeu sorrindo, transmitindo um pouco de paz para o coração agitado de Joshua.

Ele abriu a porta e caminhou em passos lentos até o portão, respirou fundo mais uma vez e abriu o portão, encontrando o seu pai com um olhar sério, de braços cruzados e usando roupas sociais chiques. Hong manteve seu queixo erguido e abriu um pequeno sorriso forçado.

— Bom dia, pai — Ele disse abrindo espaço para que o homem entrasse, logo fechando o portão — Eu e Hansol estávamos com saudade.

— Por que não responderam minhas mensagens? — Ele perguntou de uma vez, olhando ao redor, analisando o jardim.

— A faculdade está ocupando todo o nosso tempo, o tio está pagando nossos primeiros dois meses na pensão, depois disso vamos ter que trabalhar e por isso quando estamos em casa dedicamos o nosso tempo estudando coreano — Estava te ignorando de propósito, isso sim. Joshua pensou, mas não disse.

Seu pai balançou a cabeça mostrando que entendia e seu filho o guiou para dentro da casa, todos estavam na sala de estar, com exceção de Jeonghan que ainda estava na cozinha preparando o café da manhã. Os garotos se levantaram e se curvaram para o homem mais velho, falando um "bom dia, senhor Hong", todos juntos como haviam treinado antes.

— Papai — Hansol foi em direção ao homem e se curvou mais uma vez, abrindo um sorriso enorme. Caramba, Hansol deve estar pegando as habilidades de atuação de Seungkwan, Joshua pensou — Eu estava com tanta saudade, eu até te mandaria mensagem mas a faculdade estava me matando e ainda tem as aulas de coreano que ocupam muito do meu tempo.

— Tudo bem, Hansol, eu entendo — O homem abriu um sorriso pequeno, acariciando o cabelo do filho mais novo — Quero conhecer os seus novos amigos, saber se eles prestam.

E assim, Joshua e Hansol apresentaram cada um dos garotos que estavam na sala, todos estavam tão nervosos, apenas Soonyoung e Seungkwan conseguiram fingir uma naturalidade absurda. Atores, claro que eles saberiam fingir bem.

O homem avaliou todos de cima a baixo, não se importando de fazer uma expressão de repreensão ao ver o cabelo vermelho de Minghao e o cabelo desbotado de Seokmin. Logo, Jeonghan avisou que a comida estava pronta, serviu a mesa e esperou que todos se sentassem.

— Eu preparei um café da manhã caprichado hoje, espero que o senhor goste — Yoon sorriu e se sentou ao lado do namorado — Eu sou Yoon Jeonghan, estudante de direito e o segundo mais velho da pensão.

— Você cozinhou? — O homem perguntou e Jeonghan balançou a cabeça positivamente — E esse cabelo? Comprido e, para piorar, cacheado? Não quero parecer grosso, mas o seu cabelo é horrível — Joshua prendeu a respiração e fechou os olhos por um segundo, se sentia extremamente envergonhado — Você é um homem mesmo?

— Sim, senhor! Aqui na pensão temos que fazer tudo então eu aprendi a cozinhar e, sobre o meu cabelo, é por causa de uma promessa que minha mãe fez à um santo que ela é devota — Tudo mentira, eles sabiam disso, mas Jeonghan falava com tanta confiança nas palavras e com aquele sorriso no rosto que poderiam até acreditar no que ele falava.

— Que baboseira, por que ela faria isso com o próprio filho por conta de um "santo" que nem existe? — Hansol e Joshua se entreolharam e depois olharam para Lee Chan. O garoto era bem religioso, gostava de contar suas histórias sobre quando era coroinha e se sentia bem incomodado quando falavam coisas como aquela.

Chan suspirou e voltou a sua atenção para o seu prato, sentindo sua mão ser segurada por Seungkwan de baixo da mesa.

— Eu não sei, mas eu apenas obedeço as ordens dela — Jeonghan respondeu, não parecendo nem um pouco desconfortável — O que o senhor achou da comida?

— É...Dá pra comer — Aquilo fez a expressão de Jeonghan vacilar um pouco, ele odiava que falassem daquele jeito sobre sua comida.

Logo após o café da manhã, eles mostraram o resto da pensão para o senhor Hong e mais situações constrangedoras aconteceram. Ele disse que Minghao e Junhui tinham os rostos muito delicados para serem homens e perguntou diretamente para eles se eram gays, claro que os dois disseram que não, tentando não parecer desconfortáveis com aquela situação. O Hong mais velho julgou os pôsteres que ficavam no quarto de Mingyu e Wonwoo, julgou os livros de romance espírita que haviam no quarto de Seokmin e, para piorar tudo, disse na cara de Seungkwan que ele estava acima do peso e deveria fazer uma dieta.

Por volta das 10:00, ele foi embora dizendo que tinha coisas para resolver na cidade e que isso havia sido um dos motivos para ir à Seul. Assim que Joshua viu o táxi sumir de sua vista e trancou o portão, ele voltou para dentro de casa e soltou um longo suspiro, sorrindo logo depois.

— Nós conseguimos! — Ele disse se sentindo aliviado e sendo imediatamente abraçado por Seokmin. Ele estava tão feliz que nada havia dado errado, apesar de todas as situações vergonhosas que passou por conta da grosseira do pai, estava tudo bem agora, podiam respirar aliviados.

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