PENSÃO ARCO-ÍRIS

saia da minha casa!

aviso: oi tulipinhas, estou só passando para avisar que esse capítulo pode conter gatilhos como brigas e homofobia, sejam responsáveis com a saúde mental de vocês (mesmo eu sabendo que vocês não vão dar a mínima pra esse aviso e vão ler de qualquer jeito). E me desculpem pelo capítulo triste, eu amo vocês.

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A tarde de Joshua e Seokmin havia sido perfeita, eles tinham tomado sorvete juntos e depois caminhado pelo parque de mãos dadas enquanto conversavam sobre todos os assuntos que viessem em suas mentes. Hong se sentia tão tranquilo e protegido quando estava ao lado do Lee, por um tempo havia até esquecido do medo que tomava conta de si naqueles últimos dias.

Eles voltaram para a pensão no meio da tarde, trocaram de roupa e se juntaram aos outros que estavam em casa para assistirem um documentário sobre ursos. Não demorou muito para que logo os outros rapazes chegassem, mas o que estranharam foi que Hansol havia passado correndo na frente de todos e se aproximou do seu irmão, esse que estava sentado no sofá de pernas cruzadas e até há pouco tempo estava concentrado na televisão.

— Joshua, me desculpa, por favor — Ele disse entre lágrimas e agarrando as mãos do irmão — Não foi intenção minha, eu juro que não, eu não sabia que ele estaria lá, eu...

— Hansol, respira e me diz o que aconteceu, dessa forma você não consegue dizer nada — Hong disse acariciando as mãos do mais novo, o olhando preocupado já que Vernon não era de chorar com frequência.

— O...O nosso pai, ele estava no portão da faculdade e..— A porta foi aberta bruscamente antes que Hansol pudesse ter a oportunidade de terminar a sua frase. Joshua rapidamente se levantou ao ver que se tratava de seu pai e Vernon se amaldiçoou mais uma vez por ter esquecido de trancar o portão quando chegou em casa.

— Eu queria ter vindo antes, mas sabia que Hansol não estaria em casa para conversarmos — O homem contou adentrando a casa e começando a caminhar em direção à sala, de braços cruzados e com aquele olhar que sempre deixava Joshua apavorado — Quando você iria me contar, Hansol?

— Contar o quê? — Joshua perguntou confuso e olhou para o irmão, ao mesmo tempo que segurou a sua mão e entrou na sua frente para o proteger de seja lá o quê que o pai deles estava falando.

— Que ele é uma bicha, eu fui buscá-los na faculdade mais cedo e me deparei com aquela cena vergonhosa e nojenta, ele estava aos beijos com esse garoto idiota — Apontou para Seungkwan, esse que estava no outro lado da sala de estar e segurava a mão de Soonyoung com força pois estava sentindo medo.

Naquele horário todos estavam em casa, todos estavam na sala de estar e estavam presenciando aquela cena atentos e prontos caso precisassem entrar no meio para defender Hansol e Joshua, Seokmin não estava diferente, por mais que estivesse distante, próximo à escada, ele não deixava passar despercebido nenhuma ação do senhor Hong, com os punhos fechados pronto para entrar em uma confusão caso fosse necessário.

— Isso é uma pouca vergonha, eu criei esse moleque pra ele ser homem de verdade, ser um homem bem sucedido e ele vai jogar tudo fora por causa de um homem? Hein, Hansol? Vai jogar fora todos os anos de educação, de cuidado, de proteção que eu te proporcionei? — O homem, por mais que estivesse bravo, não estava gritando ou alterado, apenas falava rápido e Hansol se encolhia mais a cada palavra.

— Pai, não fala assim com o Hansol, ele... — Joshua começou a dizer, mas foi cortado pelo mais velho.

— Não falar assim com ele? Joshua, você sabia? Sabia que o seu irmão estava fazendo isso? Que ele estava fodendo com aquele garoto? — Agora sim sua voz estava começando a se alterar, Josh se afastou um pouco do seu irmão e olhou em seus olhos, pedindo através do olhar para que Vernon se afastasse e fosse pedir proteção para algum dos outros meninos.

Hansol atendeu o seu pedido silencioso e foi até Wonwoo, sendo abraçado de lado pelo Jeon e voltando a sua atenção para aquela cena, agora era apenas Joshua e o seu pai no meio da sala, os dois se olhavam como se a qualquer momento pudessem sair nos tapas por conta de toda aquela situação, bom, Joshua não podia negar que tinha medo que seu pai realmente quisesse fazer isso.

— O Hansol está feliz com o Seungkwan, eles se gostam de verdade, pai — O garoto contou com a voz um pouco mais baixa e trêmula.

— Então você sabia? Então isso é tudo culpa sua! Joshua, eu não acredito! Eu sempre pedi para que você cuidasse e vigiasse o seu irmão, pedi para que não deixasse ele se metendo com coisas erradas, principalmente com pessoas desse tipo, e você fez totalmente o contrário do que eu disse, você desobedeceu uma ordem minha, a mais importante — A cada palavra sua voz se alterava, seu filho sentia os olhos lacrimejando e as pernas tremiam um pouco, Joshua estava morrendo de medo, estaca apavorado e, mesmo com todos os garotos lá, ele voltou a se sentir como o Joshua da Califórnia que apanhava escondido dos outros e precisava apenas engolir o choro e assumir uma postura madura.

Mas aquele não era mais o mesmo Joshua, por mais que se sentisse sozinho naquele instante ele sabia que não estava, sabia que todos os garotos estavam lá ao seu redor prontos para o defender, então isso lhe deu coragem para levantar a cabeça e encarar o rosto do homem que lhe criou.

— Ele já um adulto, ele sabe se virar muito bem sozinho e tem a liberdade para ficar com quem ele quiser, eu sou irmão dele e o protejo do que estiver ao meu alcance, mas por que ele se apaixonar por um rapaz seria errado? Por que é tão nojento assim se o Hansol está feliz e não está prejudicando ninguém? Qual o problema? — Joshua começou a dizer, vendo que o rosto de seu pai já estava vermelho de raiva e podia até mesmo ver a veia saltada em sua testa — Já está na hora de aceitar que o Hansol não é mais uma criança e que eu não preciso ficar no pé dele o  tempo inteiro e... — Ele foi silenciado mais uma vez, mas dessa vez não foi com a voz alta e grave de seu pai, e sim com um tapa forte dado em sua bochecha.

Os garotos ficaram estáticos por alguns segundos enquanto processavam o que haviam acabado de ver, Joshua agora estava de cabeça baixa e as lágrima haviam começado a escorrer pelo seu rosto, a bochecha na qual levou o tapa estava bem vermelha e doía muito. Seokmin se tocou do que havia acontecido quando escutou Joshua fungar, ele estava pronto para sair do lugar e socar a cara do Senhor Hong, mas foi segurado por Seungcheol.

— Isso só vai piorar as coisas, Seok... — Cheol disse baixo para que apenas o Lee ouvisse.

— Foi assim que eu te criei? Pra chorar por causa de um tapinha? O que eu falei sobre ficar de cabeça baixa? Me fala, Joshua! Por acaso você é outro viado? — O homem falou alto e empurrou os ombros de Joshua para trás, fazendo o garoto cambalear. Agora ele já se sentia fragilizado o suficiente para desistir de lutar contra as ações do seu pai, se ele quisesse o bater novamente na frente de todos os seus amigos, ele apenas aceitaria em silêncio, como sempre aceitou.

— Chega, sai da minha casa! — Jeonghan disse se metendo entre os dois e ficando na frente de Joshua, encarando o americano mais velho com o olhar sério, aquele que botava medo nos garotos da pensão.

— Essa não é sua casa, seu garoto sujo — Jeonghan não pareceu de abalar pela forma que o outro disse, pelo contrário, ele havia assumido uma pose muito mais defensiva e protetora.

— Também não é sua pra entrar sem ser convidado e fazer todo esse barraco atoa, nem é você que paga a bosta dessa casa, é o seu irmão! Pode ir saindo agora da minha casa e trate de nunca mais pisar os pés aqui — O Yoon deu alguns passos pra frente, os meninos até notaram que o americano havia andado para trás — Vá agora antes que eu que comece um barraco e pode apostar que você não vai querer entrar em uma discussão com o garotinho sujo aqui, viu?

Ele bufou irritado e não retrucou as palavras de Jeonghan, apenas gritou que iria tirar os seus filhos daquela pensão imunda e saiu de lá, batendo a porta com força. Yoon relaxou a sua expressão e se virou em direção à Joshua, vendo o rapaz encolhido no chão, tampando o rosto com as mãos enquanto chorava e soluçava alto.

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