Melhor se afastar, Garoto

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Já eram duas da madrugada quando finalmente André pegou no sono, depois de ajudá-lo a tomar banho e colocar o amigo ainda bêbado na cama.

Estava cansado, mas se forçou a ir para o chuveiro, não aguentaria dormir com o cheiro de cigarros e bebida vagabunda misturados ao perfume de André.

Deixou que a água quente relaxasse seu corpo, amenizando a embriaguez. Lavou os cabelos, aproveitando a pressão da água, que era tão forte que massageava suas costas, mais uma das vantagens de dormir na casa do amigo, apesar de desejar acabar de forma muito mais prazerosa. Tinha que se contentar com o banho relaxante, já que a falta de noção do loiro o deixou bêbado muito cedo, e obrigou Lucas a encurtar a diversão, dispensando a loira, em quem tinha investido por horas, para ficar de babá de um marmanjo bebado.

Tinham passado a noite na festa da fraternidade, e sua intenção era não voltar para a mansão Garcia, e nem permitir que André voltasse. Esta noite seria especial para o garoto, quase um rito de passagem, porque se dependesse de Lucas, André seria um homem quando voltasse para aquele quarto. Tinha alguma coisa a ver com sua pessoa? Absolutamente não, mas considerava vergonhoso um cara de vinte e um anos ser virgem, ainda mais quando chovia opções.

Claro que seu plano não contava com a baixa resistência ao álcool, ou o nervosismo de adolescente do garoto, quando apresentou as meninas a ele, a loira que era seu esquema para a noite, e a irmã quase gêmea dela. Depois disso André se dedicou ainda mais a acabar com os copos de Chopp. Claro que ele tinha trocado uns amassos com a garota, mas estava bêbado antes que notassem, e então já era tarde demais para deixá-lo a sós com a loira sem que fosse totalmente vergonhoso.

Amaldiçoou o momento em que tinha ficado tão amigo do bêbado, então passou seu braço sob o dele, segurou em sua cintura e logo estavam em um uber, e André que explicasse para a secretária onde estava seu carrinho de luxo na manhã seguinte.

Há dois anos atrás, se tivesse passado por André naquela festa teriam trocado algumas palavras, dividido uma ou duas cervejas, e Lucas seguiria seu caminho, encontraria alguma garota gostosa que o fizesse esquecer o coração partido, e provavelmente trocaria olhares com Carlos, enquanto ele arrastava André para o carro, quando ambos se cruzassem na saída da festa. Não imaginaria que a fonte de seu coração partido o faria perder tantas outras garotas, ao menos nenhuma das outras era importante, nenhuma tinha sido importante depois que sua namorada disse gostar de outra pessoa, daquela pessoa.

Meia hora depois estava no quarto, com uma muda de roupas limpas e sem sono. Teria adorado pegar o violão, mas não podia fazer tanto barulho, mal era tolerado naquela casa, e era melhor não irritar o pai, e muito menos, a secretária dos Garcias.

Pegou a carteira de cigarros e o isqueiro e caminhou até o final do corredor, reclamando da ausência de sacada no cômodo, que o impossibilitava de fumar confortavelmente no quarto de André.

Sentou no parapeito, apoiando as costas na parede ao lado da sebe, e acendeu seu cigarro, observando a lua cheia que já ia alta no céu.

Fazia algum tempo que não pensava na ex, Mariane foi seu primeiro amor, não sua primeira namorada, nem a última, mas a única que realmente tinha significado alguma coisa, e de alguma forma tinha virado BFF do Affair da antiga namorada, amigo do cara que foi o motivo de terem terminado, embora nunca tenha rolado nada entre eles.

A porta da sacada bateu com força, tirando Lucas de seus devaneios e fazendo chacoalhar os vitrais.

— Aquele maldito! — Lucas olhou a morena irritada, os cabelos escuros soltos sobre o robe branco, e se encolheu mais nas sombras. — O desgraçado está fora de controle.

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