Sorrindo Jennie aceitou a mão do rapaz e o seguiu até o centro do salão. Ela sabia que não podia recusar então apenas fingiu prestar atenção no que ele falava e se fez de menina mimada e burra que todo mundo pensava que ela fosse.
Ele a olhava pensativo e com um lindo sorriso.
- Senhorita? - ele disse enquanto a conduzia pelo salão.
- Sim?
- Você tem belos olhos.
Jennie tossiu levemente e deu uma risada nervosa.
- Obrigada senhor.
- Não me chame assim, pareço um velho.
- Como quer que eu o chame?
- Clark está bom.
Clark era uma nome familiar para Jennie mais do que ela queria. Ela reconhecia de algum lugar, só não lembrava onde.
No entanto ela não se preocupou muito e apenas balançou a cabeça, afinal não veria o homem mais vezes.
- Tudo bem então.
Em um momento da dança Clark a virou e ela rodopiou graciosamente pelo salão.
Quando deu de encontro novamente com ele, ela notou que o homem misterioso não tinha só intenções de dançar com ela. E aparentemente ele sabia que ela não era nenhuma menina burra.
Já que quase não trocava palavras fúteis com a mesma.
- Quer ser franco Clark? - Jennie disse baixo.
O homem fez que "sim" com a cabeça.
- Pode me dizer o que quer com está dança?
O homem não respondeu Jennie até a música parar de tocar e eles se separarem da dança longa.
- Sendo franco com a senhorita. Eu queria ver de perto quem a senhorita Martel era, e agora eu sei tudo o que eu precisava. Com sua licença.
Clark saiu sem dizer mais nada, deixando Jennie confusa no meio da pista. Ela caminhou até o canto e se aproximou de uma roda de conversa perto da parede.
Pegou uma taça de champanhe das mesas e bebeu o líquido lentamente. Seu irmão havia sumido de vista, Blue começava a dançar com outro homem na nova música que tocava.
Estava sozinha na multidão e não sabia o que fazer ou dizer.
Pegou a caixa que Blue havia lhe entregado e então suspirou. Por qual motivo ela havia dado um anel tão caro a Jennie?
Essa dúvida penetrava a cabeça de Jennie e não saia por nada. Ela tinha certeza que era muito mais do que um símbolo de amizade.
Jennie escondeu a caixa no vestido e começou a caminhar pelo salão até uma porta entreaberta. Sem hesitar ela subiu as escada e deu de cara com um corredor longo.
Um quadro de frente a escada mostrava duas mulheres nuas abraçadas. Ela se aproximou do quadro e o analisou com mais cuidado.
Em baixo uma assinatura de uma rosa estava ao lado de um pequeno J.
Franzindo as sombrancelhas Jennie caminhou pelo corredor olhando os outros quadros que estavam no local.
Mais uma vez um quadro estava pendurado perto de uma porta trancada. Era a senhorita Clare ao lado de seu marido falecido. O homem era jovem como ela, no retrato.
Jennie conhecia algumas histórias que se espalhavam quando o senhor Clare, um dos homens mais influentes da sociedade havia morrido misteriosamente. Alguns culparam a esposa que chorou o velório inteiro.
Outros achavam que ele havia se suicidado, ou assassinado por alguém que era seu inimigo na cidade de Londres.
Mas Jennie não acreditava em nenhuma dessas teorias, a que fazia sentido era em que sua esposa o matava com um veneno letal e sem rastros. No entanto olhando a senhorita Clare de perto, ela não parecia querer matar o marido.
Voltando a caminhar pelo corredor silencioso Jennie ouviu algumas vozes baixas atrás de uma das portas.
Andando com calma ela colocou as mãos de leve na porta e apoiou o ouvido com cuidado.
- Ora, eu já lhe disse, ninguém vai descobrir. Pare de temer o impensável Roseanne.
Jennie arregalou os olhos e ficou quieta como uma formiga.
- Não...eu gosto de você, mas se descobrirem será nossa ruína.
- Chega disso. - uma voz disse.
E então silêncio.
Com cuidado Jennie tentou escutar algo mais, colocou novamente o ouvido perto da porta, mas em um ato de desequilíbrio ela segurou na maçaneta e então a porta se abriu.
Jennie encarou boquiaberta enquanto viu Jisoo e Rosé abraçadas com os vestidos amassados e os batons borrados.
A boca das duas estavam apenas centímetros de distância.
Jennie se levantou rapidamente do chão e limpou o vestido. Com um sorriso falso ela tentou sair do quarto o mais rápido que podia, mas sentiu seu braço ser puxado com força.
Ela caiu no chão novamente e então Jisoo Clare passou por ela e fechou a porta com força em um ato de raiva.
- Merda... - ela disse só para si.
Jisoo se virou e a encarou sem expressão nenhuma.
- Oh meu Deus! - ela escutou Rosé atrás de si.
- Eu não vou dizer nada. Prometo.
- Mentira! - Jisoo gritou - O que fazia atrás da porta sua rata? Por que não estava na festa junto com os outros?
- Eu...eu...
- Calma Jisoo, está assustando a pobre menina. - Rosé disse.
Jennie sentiu quando a loira a ajudou a se levantar com um sorriso gentil.
- Escuta, ela só tá estressada. Pode ir e por favor não conte nada, você sabe o que acontece com pessoas homossexuais não é? Vamos morrer em uma forca.
- Ela não sai daqui Roseanne. Não até eu resolver o problema.
Jennie sentiu o próprio corpo esquentar.
Ela sabia que tinha se metido em problemas agora. A tia viúva e a nova tia de Blue tinham um caso entre si. Jennie estava surpresa e chocada.
Mas ela sabia que essa relação significava muito para as duas aparentemente. Elas se tratavam com indiferença na frente dos outros apenas por aparência.
Aos poucos Jennie se afastou de Rose com um sorriso e endireitou a coluna.
Ela não tinha intenções de contar isso a ninguém, afinal seria a ruína das duas e de suas famílias.
Então para fazer com que elas, ou que Jisoo acreditasse no que dizia teria que dar uma parte de si em troca, para traçar uma confiança mútua.
- Eu não vou dizer a ninguém senhorita Clare e Yohen. E para que acreditem em mim peço que vão até a rua conhecida como viela perto do rio, número trinta e sete.
- Está brincando comigo menina? - Jisoo disse encostada na porta.
- Eu sou exatamente como vocês, então eu entendo pelo o que passam. Se forem lá e conhecerem minha casa, saberá que não tem que temer a mim. Vou guardar seu segredo.
Rosé suspirou e encarou Jisoo com um olhar entre as duas. Por fim Jisoo suspirou e saiu da frente da porta.
- Obrigado. - Jennie disse a Rosé que sorriu em resposta.
Jennie fechou a porta atrás de si e andou pelo corredor com pressa.
Bem a tempo de dar de cara com uma mulher de cabelos pretos curtos e com franja. Seu vestido vermelho realçava o batom escuro na boca.
- Lalisa...
Jennie encarou a mulher que sorria para ela. Parada na frente da mesma pintura que ela estava minutos atrás.
- Jennie Martel... que surpresa agradável.
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Secret of the Century | jenlisa
FanfictionNo século XVIII (18) o mundo ainda há de passar por muitas mudanças. Jennie é de uma das famílias mais influentes em Londres, sua idade para casar já chegou na cabeça de seus pais, mas ela apenas quer ler seus livros e aproveitar a vida com todas as...