Já era noite e céu permanecia escuro e com nuvens demais, impedindo que qualquer estrela aparecesse. Ainda na casa do rio Jennie continuava a pensar no nome dito por Cornelios, Thomas Clark. Era possível ser só mera conhecidência? O mesmo sobrenome, Jennie queria que fosse, por mais que não tivesse trocado mais do que uma frase com o homem, foi o suficiente para deixá-la com o pé atrás.
Jude estava sentada em uma poltrona na sala de estar apenas fumando a cigarrilha. Kallias ainda com o avental da cozinha se jogou no sofá. A velha Holly que reclamava de dor nas costas estava sentada no chão perto de Max que estava deitado sob seus pés.
- Onde está Juniper? - Jennie disse quebrando o silêncio.
- Trabalhando. - disse Jude baixo.
- O que estamos fazendo? Devo lembrá-los que eu durmo cedo! - Holly disse com a voz arrastada.
- Não fale em dormir velha, estou morto de sono... - resmungou Kallias.
- Velha é a sua mãe seu...
- Chega disso, Candance está dormindo não é? - Jennie disse baixo.
Ninguém respondeu, Jennie presumiu que estava certa, soltou o ar pela boca e se sentou no sofá em que Kallias estava deitado. O homem reclamou de ter que se sentar, mas o fez mesmo assim.
- O nome do chefe daqueles homens é Thomas Clark.
- Esse cretino, tá fudido na minha mão. - Jude disse soltando a fumaça pela boca.
- Olha a boca menina! E o que pretendem fazer? Matar o mimado? - Holly disse dando risadas.
- Matá-lo? Que agressiva Holly, você pensa tão mal de mim. Não, eu vou apenas dar um aviso de que não é para ele tentar pegar o que não é dele. - Jude disse se levantando do sofá.
- Não aja de forma impulsiva Jude. Isso pode piorar as coisas, use seus homens para descobrir mais sobre o Clark em questão, deixe eu lidar com isso de forma diplomática.
- Pobre menina rica, você não entende Jennie, esse tipo de pessoa, ou melhor, o seu tipo de gente acha que pode fazer tudo por que tem dinheiro, e você sabe bem disso. Eu já tentei conversar, não deu certo, então eu vou partir para a outra opção. Afinal é isso que eles pensam de nós, que somos apenas animais.
- Se fizer isso, pode dar muito certo ou muito errado.
- Vamos torcer para que dê muito certo então.
Jude saiu da sala de estar e foi possível ouvir o barulho de suas botas ao subir as escadas com pressa. Olhando ao redor Jennie sabia que tanto Holly quanto Kallias não pensavam diferente de Jude. No momento não havia nada que ela falasse que teria qualquer efeito.
- Acho que vou voltar para minha casa. Digam a Jude para esperar pelo menos um dia. Quero tentar do meu jeito primeiro.
- Você sabe que tanto Jude como Juniper não mudam de ideia quando pensam em algo. - Holly disse ao fazer carinho em Max sob seus pés.
- Ela tem razão Jennie, mas como um bom cozinheiro, também sou bom de lábia, vou conversar com ela por você, vá tranquila e descanse.
- Obrigada Kallias. Podem dizer a Candance que eu volto antes do fim de semana, e façam ela se alimentar bem.
Saindo as pressas da casa do rio, Jennie pegou seu chapéu e colocou sob a cabeça de forma que cobria a maior parte de seu rosto. Quando abriu a porta sentiu um forte vento passar por ela, suspirando ela fechou a porta atrás de si e seguiu a pé pela rua.
Ela sabia que seria perigoso andar assim a noite, mas ela sabia como pegar uma carruagem de forma segura.
Depois de andar por alguns minutos na rua movimentada ela notou uma movimentação intensa em um beco, ela sabia que se demorasse poderia perder sua carona. Mas a sua curiosidade falou mais alto do que o bom senso.
A luz vermelha na porta e a fila de pessoas para entrar delatava um pouco sobre o local. Jennie tinha certeza de que era uma espécie de bordel. Porém na própria fila do local haviam mulheres, talvez esse lugar aceitasse não só homens como mulheres também.
Confiante ela andou até a entrada, o homem parado na porta a olhou ela de cima a baixo e sorriu.
- Entrada?
- Você aceita dinheiro?
- Vejo que é sua primeira vez aqui no Hell. Só aceitamos convites.
- Sério?
O homem balançou a cabeça e começou a deixar Jennie de lado na fila.
- Ela tá comigo! - uma voz veio no fim da fila.
Olhando para trás Jennie viu Juniper vestida de terno com os cabelos escondidos por um chapéu.
Surpresa Jennie ficou calada encarando a mulher.
- Juniper, conhece essa mulher?
- Se estou dizendo que sim seu idiota, deixe a gente passar.
Juniper empurrou Jennie para dentro do local que tinha do lado de dentro um longo corredor iluminado por uma luz vermelha. Aos poucos o barulho de música começou a aparecer deixando Jennie cada vez mais curiosa.
- Você vai explicar Juniper? Esse é seu trabalho?
- Jennie, acho bom você ficar quieta quanto isso, é um dinheiro extra. E sejamos sinceras, você esta aqui atrás de diversão não é? Se você não falar nada, eu não falo.
- Se sua irmã descobrir...
- Eu não sou dançarina ou uma puta Jennie, relaxa, eu cuido da segurança.
- Menos mal.
Juniper ignorou a última frase de Jennie e abriu as portas duplas deixando Jennie boquiaberta com o lugar imenso e com muitas pessoas, homens com mulheres em seus colos e até mesmo homens com homens e mulheres com mulheres.
O lugar era iluminado pouco, mas com uma música sensual, algumas partes pareciam ser particulares, e com bebidas por todo o lado.
Olhando para o lado, Jennie notou que Juniper havia sumido, ela estava sozinha no meio de tanta gente como ela, suspirando ela tirou o chapéu e se sentou em uma das mesas.
Um garçom se aproximou dela e deixou uma garrafa de vinho com uma taça junto.
- Espera moço, eu não pedi nada.
- É cortesia senhorita, aproveite.
Jennie pensou que isso só poderia ser coisa de Juniper, quieta em seu canto ela fez questão de observar o lugar, em alguns minutos sua carona estaria perdida. Mas ela não sabia se teria outra oportunidade de vir até aqui.
No palco mais a frente a maioria das mulheres e homens haviam saído, e uma voz se espalhou pelo recinto, dando um aviso.
- Senhoras e senhores, com vocês, a atração da noite com sua voz doce e encantadora. Senhorita Malli.
Uma luz de holofote focou no palco, abrindo as cortinas uma mulher com um cabelo longo e cinza estava de costas para o público com um vestido curto e colado ao corpo. Ela começou a rebolar no palco e quando se virou e se aproximou do microfone fixo ao chão sorriu.
Jennie começou a tossir quando reparou no rosto da mulher. Era ela, Lalisa Manobal, em um palco e de peruca, dançando e começando a cantar uma música lenta e sensual.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Secret of the Century | jenlisa
ФанфикNo século XVIII (18) o mundo ainda há de passar por muitas mudanças. Jennie é de uma das famílias mais influentes em Londres, sua idade para casar já chegou na cabeça de seus pais, mas ela apenas quer ler seus livros e aproveitar a vida com todas as...