04 | Mãe

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Passei de um lado para o outro o pequeno pássaro de prata preso no meu colar, enquanto observava a paisagem pela janela do carro apreciando o cheiro gostoso do perfume de Daniel que estava por toda parte do carro, e por mais que quisesse esquecer,...

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Passei de um lado para o outro o pequeno pássaro de prata preso no meu colar, enquanto observava a paisagem pela janela do carro apreciando o cheiro gostoso do perfume de Daniel que estava por toda parte do carro, e por mais que quisesse esquecer, era mais difícil do que beber um copo de água no deserto.

Minha cabeça ainda doía um pouco, no entanto, lembrar que fui cuidada por Scott, enchia o meu coração de conforto. Por mais que ele fosse relutante em certas coisas entre a gente, o mesmo nunca deixou de cuidar de mim quando ficávamos perto um do outro, antes dele ir embora éramos unha e carne, sol e lua e areia e mar. Formávamos uma dupla e tanto, mas agora tinha uma leve sensação que nos afastamos.

Cada vez que eu o via, o sentimento que sentia se tornava incompreensível, chegava a ser a absurdo o modo como eu gostava dele e às vezes parecia até mesmo doentio, não dava para controlar e mesmo que ele fingisse não sentir, sua cara já entregava tudo, ao menos uma coisinha tinha no fundo daquele coração duro.

O carro passou sobre um quebra-molas, e encarei o homem que dirigia até minha casa. Inspecionei suas tatuagens por todo o corpo vendo que cada uma o deixava assustador, seu rosto era impossível de não comparar a de um adolescente.

― Zahi, não é? ― ergui meu rosto para que ele pudesse me enxergar melhor, tentando não pensar só naquilo que a minha alma queria.

― Isso mesmo, senhorita.

― Seu nome não é tão comum como os outros.

― É árabe, minha mãe gostava de nomes incomuns.

― Sua mãe tem bom gosto. ― sorri amigavelmente. ― O nome dela era em árabe também ou o do seu pai?

― Ela era descendente de espanhóis, mas por vivências da vida está morta, e meu genitor sumiu pelo mundo. Nunca o conheci. Infelizmente, não poderei responder.

O olhar sério foi direcionado para mim pelo retrovisor e a culpa por ter perguntado demais fez-me morder a língua.

― Não queria ter sido inconveniente, Zahi. Eu... Só achei que seria legal falar com você...

― Tudo bem, não me importo de falar sobre coisas irrelevantes, e não há nada demais para saber sobre mim. A propósito, desculpe-me por não ter a cumprimentado ontem.

― Foi muito estranho, mas entendi que você não gosta de ser incomodado enquanto está trabalhando, tipo agora. ― eu ri, e ele deu um leve aceno bastante profissional me deixando um pouco mais aliviada.

― Que bom que o senhor Scott esclareceu tudo para a senhorita, mas o assunto de que não posso tocá-la ainda está de pé. Sabe, sou novo demais para morrer.

Fiz um barulho com a boca pelo o que ele disse, não querendo me aprofundar nesse assunto agora com o clima nada tão legal que estava entre nós.

― Só Melissa, por favor.

MINHA INSANA PERDIÇÃO - livro 3 da série: Os AvellarOnde histórias criam vida. Descubra agora