02 | Espanha

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Pisquei meus olhos lentamente tentando mantê-los abertos e caminhei a mão outra vez até a testa

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Pisquei meus olhos lentamente tentando mantê-los abertos e caminhei a mão outra vez até a testa. O sangue havia secado e uma espécie de curativo mal colocado se encontrava nela também. Lembro-me que quando acordei, já estava aqui dentro desse lugar com uma policial até que bem-humorada tentando parar o sangramento, pegando em seguida meus documentos e pertences.

Eu estava quase abrindo um buraco no concreto de tão nervosa que me encontrava e do tanto que batia os pés ritmados no chão, ao mesmo tempo roía as unhas. A minha cabeça doía, doía ao ponto de me fazer achar que a qualquer momento um desmaio poderia me tomar outra vez.

O frio da cela pequena demais para mais de oito pessoas, fazia o choro copioso de Julie chegar a cada segundo no meu ouvido como uma tortura angustiante de que a merda tinha sido feita.

Estávamos todos dentro de um lugar fedido e nada confortável, vendo os policiais passeando pela delegacia sem nos dar importância como se fossemos mesmo criminosos. O que mais me deixava aflita era que Peter, que dirigia o carro, não estava mais entre nós, e havia uma possibilidade enorme dele estar sendo mantido em outra cela contando várias coisas que não aconteceram, já que além de tudo estava bêbado quando batemos em um poste, segundo Jackson.

― Eu não quero ficar presa, não quero ser uma presidiária, amor. ― Julie sussurrou abraçada por Jack, ainda derramando um choro angustiante.

Suspirei, sentindo a adrenalina correr com rapidez pelas minhas veias tendo certeza que eu precisava fazer algo mesmo não sabendo o quê. Minha mente me consumia com o fato de que se eu tivesse negado o convite, talvez não estivesse aqui nesse exato instante. Era literalmente uma autoflagelação a cada segundo que passava.

Mais uma vez me pegava encarando os policiais que andavam com pressa, mesmo passando das onze da noite no grande relógio na parede, eles ainda continuavam na agitação. Balancei a cabeça botando as ideias para funcionar e como se uma lâmpada tivesse brotado acima de mim cheguei mais perto dos ferros, segurando um de cada lado.

― Senhor! ― chamei o homem negro com sua careca brilhante. ― Eu tenho o direito a uma ligação.

― É mesmo? ― sua pergunta em deboche era nítida, enquanto ele encarava uns papéis nas mãos.

― É o mínimo. Vocês não podem nos manter trancados aqui sem ao menos deixarmos falar com algum familiar onde podem nos encontrar. Somos estudantes e não delinquentes.

― Você está presa pelo crime que cometeu com seus amiguinhos, não tem direito a nada, a não ser um advogado. E mesmo assim, é uma criminosa como os outros que estão aí dentro.

― E como acha que devo acionar um advogado, se nem ao menos me deixa fazer uma ligação? Além disso, está fazendo uma acusação muito grave, provavelmente não leu a minha ficha. ― mantive a calma. ― Posso fazer a vida do senhor virar de ponta cabeça em menos de um segundo, mas se tiver consciência e não continuar sendo um mal-educado vai abrir essa cela e me deixar falar com alguém pelo telefone.

MINHA INSANA PERDIÇÃO - livro 3 da série: Os AvellarOnde histórias criam vida. Descubra agora