15 | Temporal

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Passei a página do jornal sobre a bancada entre os dedos acompanhando a notícia do dia, ao mesmo tempo que colocava uma colher de açúcar no café forte de Melissa que ainda dormia na minha masmorra depois do que aconteceu essa madrugada

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Passei a página do jornal sobre a bancada entre os dedos acompanhando a notícia do dia, ao mesmo tempo que colocava uma colher de açúcar no café forte de Melissa que ainda dormia na minha masmorra depois do que aconteceu essa madrugada.

Logo na primeira página do papel dizia que a neve iria se intensificar nos próximos dias em Barcelona, e como eu morava um pouco mais perto das montanhas, a quantidade iria tomar grande parte das estradas, o que me deixou preocupado, pois mesmo estando seguro com a minha mãe, mi hijo não poderia voltar para casa até o temporal passar.

Peguei o meu celular no bolso da calça, deixando uma mensagem de texto em seguida para a minha mamá avisando que iria o buscar assim que a nevasca cessasse. Dolores, odiava quando eu a tratava como uma pessoa distante da família, mas eu não podia dar vacilos quando se tratava do meu sangue, então não, não podia deixá-lo sem a minha segurança.

Encarei os vinhedos do lado de fora da entrada do meu jardim, por cuidado, havia feito a coisa certa em ter aderido uma capela de proteção, assim, não atrasaria parte da colheita. Fechei o noticiário, enquanto encarava a grande janela da cozinha com o café já pronto sobre a bandeja, do lado de fora a neve que havia parado nesses últimos dois dias, voltava a cair com mais força.

Essa época do ano era quase que um sonho para mim, no Brasil não havia neve quando eu era mais novo e agora que eu podia apreciar de perto, tornava minha casa acolhedora.

Adorava o meu país, havia certas coisas que me alegravam aqui, mas desejava algum dia voltar às minhas raízes e descobrir um pouco mais sobre quem era o meu pai. Minha mãe dizia que ele era um Espanhol muito importante, porém nunca me disse o nome, e mesmo que eu tivesse o procurado por anos, o homem parecia ter sumido da face da terra, depois disso, veio o Gael e nunca mais ela tocou no assunto sobre o meu genitor.

Não me importava com herança, muito menos com o afeto de pai e filho, no entanto, essa pulga atrás da orelha não me deixava descansar, parecia o meu tormento de cada dia e a cada minuto isso ficava mais distante de se tornar realidade.

Respirei fundo indo até onde coloquei a colher que mexia o café na pia, montando uma pequena bandeja com frutas e algumas coisas doces que eu sabia que Melissa gostaria de comer. Ao terminar, senti uma presença estranha e por instinto, encaminhei minha mão devagar ao faqueiro de madeira puxando uma faca pronto para qualquer coisa, mas parei no exato momento que reconheci o andar pesado de Zahi.

― Poderia ter te machucado, Kazy. ― coloquei a faca no lugar, ainda de frente para a pia e de costas para o homem que deu risada.

― Odeio quando diz o meu sobrenome, e tem que parar de ser tão desconfiado assim, senhor.

― Nunca se sabe quando o perigo acontece. ― dei de ombros, sendo até mais sincero do que gostaria.

― Está seguro na sua casa. ― voltou a sua postura, fazendo-me virar para ele. ― Tem um tempo?

MINHA INSANA PERDIÇÃO - livro 3 da série: Os AvellarOnde histórias criam vida. Descubra agora