Lookism - Esbarrando no Destino (Vasco - Eun Tae)

2 Cap. - Pequeno Engano

Por sorte - que é algo que eu raramente tenho - cheguei pouco antes das portas se fecharem e o último metrô partir, como a estação não estava tão lotada consegui até um lugar para sentar, minha cabeça viajava lembrando do ocorrido a pouco, o que me fez esquecer quase que completamente o incidente da semana passada na escola que estudava, nunca uma semana letiva tinha dado tão errado quanto aquela - como uma tempestade pode levar o telhado de toda uma construção tão facilmente... - sem que pudesse perceber já havia chegado ao meu destino, desci então com meu coração apertado querendo retornar correndo na velocidade da luz para onde estava ao avistar meu pai que me aguardava sentado num banco a poucos metros dali, ele não parecia nada feliz e antes mesmo que pudéssemos estar perto um do outro começou a me interrogar, como um policial faz ao meliante, e o meliante nesse caso era eu, não sei do que estava sendo acusada mas já me considerava totalmente culpada apenas pela cara que ele fazia ao me encarar.

- Kim Mi Nae onde você estava? - Sua voz ressoou nos tuneis ameaçadoramente, fazendo os transeuntes voltarem a atenção para nós, o que piorou cem vezes mais a situação, me deixando cada vez mais nervosa, o coração martelando no peito, sabia que a coisa havia ficado séria para meu lado assim que pronunciou meu nome completo.

- Pai eu fui.. - Antes que pudesse terminar ele me puxou para seu peito e com seus braços envolveu meu corpo com força, afundando o rosto no topo de minha cabeça, ele era extremamente alto e musculoso, me senti sufocada por um momento e só pude voltar a respirar quando ele afrouxou o aperto, retribui seu abraço deitando a cabeça em seu peito, o que me deixou completamente aliviada, pensei que meu fim havia chegado.

- Estava tão preocupado, liguei para você várias vezes, e quando finalmente atendeu era um homem dizendo que havia te sequestrado e que só a entregaria por uma certa quantia em dinheiro... - Atônita com o que acabara de ouvir, demorei alguns segundos até que consegui emitir algum som.

- Acreditou nele? - Perguntei extremamente surpresa com tamanha canalhice daquele imbecil, já não bastava ter me roubado, ainda tentava extorquir meu pai, o ódio por ele só aumentava, deveria ter deixado aquele rapaz correr atrás dele afinal de contas, ele realmente merecia uma bela de uma surra.

- Eu o ameacei, sendo verdade ou não, iria encontrar você a todo o custo, o idiota ficou com tanto medo que desmaiou, ele teve sorte... - Isso realmente me deixou com uma pulga atrás da orelha, assim que entramos no carro decidi perguntar para ele o que havia dito para causar tanto medo assim ao homem. - Revelei a ele quem eu sou, e disse que se você não chegasse em casa no próximo metrô iria caçá-lo, capturá-lo, arrancar suas bolas e fazê-lo engolir enquanto ainda estivesse vivo, sabia que ele não poderia estar com você, mas mesmo assim... Estava pronto para mandar meus homes atrás da localização do seu celular caso não aparecesse. - Estava claramente furioso, cravou os dedos no volante de tal modo que pensei que iria quebrá-lo, olhou para mim por um momento enquanto estávamos parados no semáforo aguardando nossa vez de avançar, seu olhar amoleceu, cheio de ternura deu-me um sorriso singelo e isso acalentou meu coração, afagou o topo de minha cabeça gentilmente - Minha pequena Aki... Quase que me infarta.- Logo voltou sua atenção ao trânsito ativando novamente o modo sério, ao todo ele era um homem naturalmente extrovertido e bastante brincalhão, mas nem sempre foi assim, algo nele mudou depois que nos conhecemos, na verdade ele não é meu pai biológico... Longa história, mas apesar disso, o considero como meu único e verdadeiro pai, ele me deu esse apelido a muitos anos atrás, uma vez ele me disse que eu o trouxe de volta a vida, que minha súbita aparição reanimou a esperança em seu coração, foi como uma luz no fim do túnel, por isso me chama de Aki, sua luz brilhante, lembrar disso tão repentinamente encheu meus olhos d'água, o que limpei rapidamente com as costas das mãos antes que ele pudesse perceber, eu o amo tanto.