Para meu total espanto, e vislumbre... Era ele, e todos os seus músculos agora ainda mais aparentes, o macacão escolar estava aberto caído a cintura, amarrado desleixadamente revelando uma regata branca que se ajustava perfeitamente ao seu corpo. Seus braços nus assim como parte de seu peitoral exibiam tatuagens que contrastavam totalmente com a tonalidade clara de sua pele. Bum Jae estava com ele - o restante da turma também - e eu quase não fui capaz de percebê-los. É doloroso admitir e também muito constrangedor, mas havia perdido completamente os olhos naquele tanquinho, quando dei por mim percebi que o rosto de Eun Tae acabara de virar em nossa direção e aquilo me arrancou do trane em que estava na mesma velocidade e violência de quando puxamos o papel com a cera para depilar.
— Suk, precisamos sair daqui. — Virei a face ardendo em chamas para ela, tinha consciência de que ele era forte, mas nem tanto assim. Ficar encarando dessa maneira tão fixa provocou minha timidez, e pensar que ele poderia ter visto me deixou completamente mortificada, queria ter parado, mas algo dentro de mim me impediu de desviar o olhar.
— O que? É claro que não. Vamos lá agora e você irá me apresentar àquele gostoso e seus amigos. — Disse determinada levantando-se do banquinho, a fim de se preparar para me arrastar até Eun Tae.
— Não Suk por favor.... — Implorei, as mãos grudadas em sinal de súplica — Acho que ele me viu encarando, tenho que sumir daqui, estou morrendo de vergonha.... — Confessar aquilo só piorou as coisas para mim. Um sorriso malicioso se espalhou pelos lábios de Suk, revelando seus dentes brancos e retilíneos. Ela tinha aquele olhar travesso de criança que está prestes a aprontar, transpassando de mim para ele, engoli a seco temendo pelo pior. REVER A FRASE
— Se Maomé não vai até a montanha... — Mal acabara de pronunciar o ditado quando meus olhos arregalaram pondo-me em posição de ação. Sabia ou ao menos sentia o que estava por vir quando ela puxou uma grande quantidade de ar pela boca. — Eun T- — Berrou, levantei-me tão rápido daquele banquinho que o fiz rodopiar e o mais depressa possível cobri a boca de Suk com minha mão abafando o grito, a outra que estava livre agarrou seu antebraço girando-a para traz de forma que ela fosse incapaz de se soltar ou reagir, ficando à mercê de minhas vontades - não faço a menor ideia de como fiz aquilo, puro instinto de sobrevivência acho - ela assustada com minha reação se pôs a rir freneticamente, a boca ainda coberta quando a empurrei rapidamente para dentro da sorveteria ardendo em vergonha. — É tarde demais, eles estão vindo. — Sua voz abafada escapulia por entre meus dedos, juntamente a risinhos de contentamento.
— Calada. — Disse enfim a soltando, ela ficou parada de braços cruzados me encarando vitoriosa. — Por sua culpa esqueci minha mochila lá fora, vou pegar enquanto você paga a conta para podermos ir. — Com um movimento rápido e desajeitado virei meu corpo pondo-me em direção a saída sem ao menos notar que alguém havia parado justamente atrás de mim. Era tarde demais para conseguir recuar e acabei colidindo em cheio com o peito do rapaz, timidamente me afastei recuando uns centímetros, os olhos ainda um tanto cerrados para distinguir a figura a minha frente. Suk segurava o riso que escapava nasalado sobre minhas costas soltando um "se precisar de mim, estou no caixa".
— S-sinto muito senh- — Assim que meus olhos encontraram os dele, um arrepio percorreu meu corpo. Atônita prossegui com os lábios entreabertos fitando-o timidamente. Seus lábios curvaram-se em um sorriso meigo, sua face permanecia tranquila.
— Acho que isso é seu, por favor tenha mais cuidado. — Disse por fim, quebrando o silencio. Estendeu a mochila para mim, a peguei nitidamente agradecida e muito surpresa, não sabia qual sentimento era maior dentro de mim, a felicidade em revê-lo, a timidez por estarmos tão próximos agora, o espanto por ter secado seu corpo com os olhos a poucos segundos ou o terror em pensar que Suk me delataria assim que viesse do caixa.
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Lookism - Esbarrando no Destino (Vasco - Eun Tae)
FanfictionQuem poderia imaginar que de um desastre na cafeteria, onde tudo parecia apenas mais um acaso caótico, poderia surgir algo tão inusitado e fascinante? Se foi apenas uma coincidência ou uma bela jogada do destino, nunca saberei ao certo, o que posso...