4 Cap. - Departamento de Arquitetura

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Estava tentando me esconder do cara de óculos, que por algum motivo incompreensível perseguia-me, aquilo ficava cada vez mais difícil, e quando finalmente estava me aproximando da saída, alguém invadiu a sala abrindo a porta estrondosamente, todos os olhares voltaram-se para o garoto franzino de longos cabelos negros, aquele rosto era muito familiar, de um jeito extremamente ruim, me encolhi atrás da multidão e em passos lentos e delicados, tentava não fazer ruido algum, afastando-me da porta antes que ele me visse, por um completo azar acabei esbarrando em alguma coisa grande, alta e muito furiosa, antes que as palavras sinto muito pudessem sair totalmente de minha boca o rapaz bravejou:

- Mas que Porr..- Quando olhou para baixo seu rosto iluminou-se, pelo menos o que se dava para ver dele, já que os óculos cobriam grande parte, e um sorriso de canto logo surgiu. - Ah, finalmente te encontrei gatinha, parecia até que estava fugindo de mim. - Pôs sua mão no topo de minha cabeça, fiz total questão de retirá-la de lá, agarrando seu pulso e o soltando bruscamente.

- Ah parecia é... Seu abusado - Rosnei nitidamente enfurecida, antes que eu pudesse dizer alguma besteira horrenda e acabar me enfiando em alguma enrascada, da qual eu provavelmente não teria força para sair viva, o garoto da porta finalmente me encontrou.

- Mi Nae! - Droga. - Então você está aqui, vem comigo rapidinho. - Quando me posicionei para fugir novamente vi que a minha frente não havia espaço algum para escapar, a muralha de óculos não iria abrir espaço, ao menos que eu passasse por cima e era justamente o que eu iria fazer quando aquele insuportável agarrou meu pulso puxando-me rapidamente para fora, enquanto era arrastada em meio à multidão o grandão de óculos começou a berrar vindo furioso atrás de nós, o que me pôs a correr instintivamente.

- Seu arrombado, me devolve ela é minha! - Antes que meu corpo virasse um cabo de guerra, a loirinha apareceu novamente impedindo o rapaz de me agarrar também.

- Para com isso imbecil! - Disse a loira irritada, desferindo um pontapé na canela do rapaz que desmoronou ao chão, a briga entre eles continuou lá dentro, mas já estávamos bem afastados para conseguir ouvir.

- Me solta. - Falei áspera, desvencilhando meu pulso de sua mão com força, parando finalmente de correr. - O que você quer? - Me olhou surpreso e incrédulo antes de balbuciar alguma palavra.

- Nossa, é assim que se cumprimenta os amigos? - Questionou sentindo-se magoado, pra mim não passava de pura falsidade, já cai nessa diversas vezes, como dizia Sra. Chang "já estava vacinada contra esse tipo de situação".

- Não somos amigos! Não depois do que fez. - Revoltada dei as costas para ele e segui lentamente rumo ao departamento de canto e dança, preferia aturar o cara de óculos a suportar esse traste.

- Ei espera! Eu já pedi desculpas... - Disse em tom deprimente sentindo a pontada de amargura em meu tom de voz, se era pena o que ele queria que eu sentisse, estava falhando miseravelmente, antes que ele pudesse me tocar novamente, virei para ele, sabia que ele iria me perseguir até retirar de mim o que queria, afinal de contas ele era assim mesmo, um exímio egocêntrico. - Acabei de te salvar do maluco de ray-ban, isso já me dá alguns pontinhos, não é? - Mas é muito sínico mesmo!

- Não pedi sua ajuda, conseguiria me virar muito bem sem ela, seu interesseiro, só aparece quando precisa de algo! - Aquelas palavras repletas de amargura acabaram saindo de minha boca e acertando seu ego como uma flecha em alta velocidade.

- Por favor! Só dessa vez, se não me ajudar eu serei massacrado! Prometo que irei te compensar, que irei me redimir com você, por favor.. Pela amizade que já tivemos! Eu sei que você é melhor que isso, você tem um bom coração!! - Desabou em lágrimas enquanto discursava emocionado todas aquelas palavras vazias, caiu de joelhos aos meus pés abraçando minhas pernas, lançando de baixo para mim um olhar de cachorrinho abandonado, por tudo que já suportei por ele, não deveria ter misericórdia! Deveria lançá-lo aos lobos, e rir vendo ele ser estraçalhado, mas sabia que no fundo eu não era assim - por mais que quisesse ser, algumas vezes - e o pior de tudo é que ele também sabia disso.

Lookism - Esbarrando no Destino (Vasco - Eun Tae)Onde histórias criam vida. Descubra agora