No início do grande reino de Fadak, existiam dois grupos distintos de pessoas: os Dominadores e os Konamis. Os primeiros eram abençoados com poderes vastos e praticamente sem limites. Já os konamis eram mal vistos pela sociedade, pois dominavam a aura negra e esta era a fonte de todos os problemas que Fadak enfrentava. Quando nascia um Konami, o mundo entrava em luto e os pais abandonavam a criança para a morte.
Um dia, tudo mudou.
Tansius Guahri, um Konami que foi criado por uma velha bruxa do pântano, rebelou-se contra as leis dos Dominadores e criou uma seita de Konamis, chamada de Gangue dos Condenados. Por muito tempo, ela destruía tudo que fosse importante para seus inimigos, desde estátuas até famílias inteiras. Então, a Guerra de Fadak teve início.
Dominadores do gelo, do fogo, da terra, das plantas e do ar uniram-se contras os dominadores da aura negra a fim de erradicar as raízes malignas que feriam a dignidade de seu reino próspero. Antes do fim da Guerra, os Konamis sumiram misteriosamente e a paz voltou a reinar em Fadak.
Porém, esta história não acaba quando a paz retorna ou quando a última flor desabrocha antes do verão e lança seu perfume no ar. Esta história não termina com o amor vencendo o ódio.
Anos depois, o imperador de Fadak faleceu subitamente e várias teorias foram levantadas, como o de um Konami sobrevivente e vingativo e uma conspiração entre os Dominadores. Até hoje, não sabe-se o se real motivo da morte do imperador foi um assassinato ou uma morte natural. Contudo, este foi o estopim de uma nova revolução. Era o início da Divisão.
Os Dominadores se subdividiram em Cinco Grandes Reinos: Weregort, Uhakay, Halazia, Gidhad e Ybaserh. Outros reinos também foram criados e destruídos, mas não é importante mencioná-los agora.
A Divisão criou reinos com ideais diferentes que tendem a não apreciar-se e lutar entre si. Com isso, os Dominadores foram se tornando mais escassos e os Konamis ressurgiram como furúnculos sobre a terra e estes fundaram seu próprio reino, na fronteira entre o Vale do Fogo e o Vale da Morte. Por isso, os cinco reis resolveram criar um exército que pudesse proteger todos os habitantes do mal iminente . Este é o começo da Grande Guarda Lendária de Rasij.
• ۵ • ━────「※」────━ • ۵ •
O mundo estava um caos. Os discípulos dos mestres Yulir e Frédéric, eufóricos, corriam de um lado para o outro, arrumando todo o salão principal para a chegada do tão renomado Terceiro Mestre do Exército Rasij, Asher Mirantler. Os adornos eram, apressadamente, posicionados sobre os vasos cheios de lírios e antúrios roxos, com cortinas roxas e verdes sendo penduradas por todo o local. As jovens discípulas colhiam frutas e mel para colocar sobre a mesa de recepção.
Toda a euforia para o retorno de Asher vinha acompanhada de um anseio em comum: a notícia de um novo discípulo para integrar a guarda lendária. Asher não vinha para a base Rasij faz muitos anos e, por este período de tempo, Yulir e Frédéric governaram toda a guarda sob seu próprio comando.
Um dos discípulos, Rael, chegou apressadamente e se apresentou diante do seu mestre, Yulir Ojvi, com um rosto marcado por preocupação e cansaço.
— O que aconteceu, Rael? — O Primeiro Mestre perguntou, erguendo seu discípulo mais novo pelo braço.
O garoto ergueu o olhar e fitou o seu mestre com seus olhos castanhos profundos, emanando aflição para todos que ali estavam.
— O mestre Asher já se encontra em Rasij com… — Ele falou, mas temeu completar a frase e provocar a fúria do seu mestre.
— Com? Seu discípulo, imagino… — O Segundo Mestre, Frédéric Woodward, pronunciou-se, olhando o jovem Rael com certa complacência.
Porém, o jovem negou rapidamente e fitou o seu mestre, sem coragem para dizer a verdade.
— Ele trouxe uma menina consigo. — Sua voz soou cansada — O mestre Asher trouxe uma discípula!
Yulir e Frédéric se encararam, sem ação. Claro, afinal, um dos três grandes mestres da Guarda Lendária de Rasij havia escolhido uma menina para ser sua discípula e isso, claramente, ia contra as leis. As meninas não podiam ser discípulas primárias de nenhum mestre. O que Asher estava fazendo, claramente, era algo mais para si do que para o seu renome por todos os reinos que existiam nesse e nos outros mundos.
— Mande chamar o Terceiro Mestre — Yulir mandou — Sem a discípula!
Rael saiu apressadamente e foi para o Palácio do Relógio, local onde o Terceiro Mestre vivia e há muito tempo não era aberto. Quando chegou lá, foi recebido por um dos guardas, que o impediu de prosseguir.
— Diga ao mestre que ele está sendo convocado para uma reunião de última hora com urgência! E…
Ele sussurrou o detalhe mais importante para o guarda e este assentiu. Rael era o primeiro aprendiz de Yulir Ojvi e um resignado filho do rei de Ybaserh. Seus cabelos pretos chegavam até a quase a cintura e estavam amarrados em um coque e alguns fios encontravam-se grudados em sua face, devido ao suor.
Já nos domínios do Palácio do Exército, Yulir e Frédéric esperavam por Asher impacientemente. Felizmente, o Terceiro Mestre chegou e, prontamente, dirigiu-se até a mesa da reunião aos fundos. Pela sua expressão severa, podia-se imaginar que ele já adivinhara o tal assunto.
— Não irei trocar de discípulo — Falou, antes mesmo que um dos outros mestres pudessem lhe dirigir a palavra.
Yulir se levantou e foi até seu antigo discípulo, colocando a mão em seu ombro.
— Tudo bem, mas o certo seria um menino como primeiro discípulo e não uma menina! Deixe ela e procure por um…
Asher se afastou do Primeiro Mestre e se sentou, juntando os dedos sobre a mesa.
— Não quero outro discípulo! Ela está destinada a ser minha herdeira e ensinarei para essa garota tudo o que sei! — Asher contou, lembrando do rosto esperançoso da sua discípula.
Frédéric não tentou argumentar, pois, ele mesmo havia escolhido um discípulo por impulso e o denominou seu herdeiro. Sabia exatamente como seu irmão de criação se sentia neste momento.
— Mas… — Yulir tentou achar outra maneira de fazer Asher mudar de ideia.
— Deixe-o Primeiro Mestre! Asher já é adulto o suficiente para saber tomar suas decisões! A menina será sua primeira discípula! — Frédéric interveio.
Silenciosamente, Asher agradeceu ao Segundo Mestre e se levantou para ir embora.
Passou pelo grande salão e, só então, notou as decorações. Tapeçarias e cortinas enfeitavam, respectivamente, o chão e as paredes, dando-lhes tons violetas e esverdeados. Os discípulos paravam para cumprimentá-lo e continuavam seus afazeres. Sua mente ainda continuava cheia de pensamentos quando voltou para o Palácio do Relógio. Porém, tudo foi evaporado instantaneamente quando um único chamado, vindo de trás dele. Virou-se e o chamado ocorreu novamente, porém, ainda mais alegre.
— Mestre!
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Reino da Loba
FantasyEsta é uma história diferente de todas as que você irá ler. Não é uma lenda comum como as outras, ela carrega consigo um significado especial. Pois, somente a humildade pode elevar os corações e as almas a conquistarem tudo que almejam. Aqui contare...