Capítulo 9

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“Quero que se afaste de Antares o mais rápido possível”

A frase ecoava na sua cabeça enquanto ela penteava os cabelos. Rael cedeu um quarto em sua mansão e dos demais discípulos do Primeiro Mestre para que Aylla vivesse até encontrarem um novo lar para ela. Felizmente (ou não), Antares também estava lá. Sua mente vagueava entre isso e a ordem do seu mestre: Calissa seria sua supervisora!

Quantas coisas ele não deve ter mentido para ele após Aylla ter ido embora? Se ela souber que quem resgatou a jovem foi o rapaz pelo qual é apaixonada, a certeza de que Aylla seria uma vilã na história. E não precisava passar por isso de novo. 

— Eu tenho que ir embora daqui! — Falou para si mesma e olhou para a janela, que ia direto para a sacada. A mansão tinha dois andares, o que dificultava sua fuga em pelo menos dez vezes. Mas não poderia sair pela porta da frente. 

Pegou suas roupas e abriu a janela, sentindo a brisa fresca no rosto. Foi até a sacada e olhou para baixo, no local onde deveria aterrissar e teve que segurar-se para não pular e cair sobre Calissa. Aquela víbora estava falando com alguém lá embaixo, com a voz e a postura alteradas.

— Ela vai voltar para a Mansão do Cisne, queiram vocês ou não! — Falou e Aylla tentou escutar melhor.

— Aylla é a primeira discípula do Mestre Asher, você não pode tratá-la como um cachorro ou se verá com ele! — Ouviu Antares responder. Sua melhor amiga ainda defendia Aylla com unhas e dentes.

— Aylla poderia ser a filha de um deus imortal, eu nunca abaixaria a cabeça para ela! E vocês sabem do boato…

Que boato?, ela pensou e, imediatamente, lembrou-se do episódio na caverna Kinyui. 

— Todos também sabem que isso foi desmentido…

— Que ela é uma konami? — Calissa perguntou e Aylla afastou-se da sacada imediatamente, tremendo. Não sabia o motivo de sua reação e nem porque acreditava naquelas palavras. Por que ela seria uma konami? Ela nunca apresentou a marca deles, seu mestre avaliou isso quando aceitou-a como discípula…

Por que eu quero chorar?

A lágrima desceu silenciosamente pelo seu rosto, mas ela não se sentia triste. Na verdade, estava com medo de si mesma por estar agindo daquela forma. Enxugou o rosto e analisou a sacada novamente, procurando por uma forma de escapar. Se ela tivesse seus poderes, poderia lutar para fugir…

Ela é uma konami!

Não, ela não era esse ser maligno que todos diziam e iria provar sua inocência. Infelizmente, pouco poderia fazer dali, sem ao menos procurar uma forma de usar seus poderes. A única maneira que ela sabe que pode funcionar…

— Está reconsiderando minha proposta, querida? — Mestre falou, aparecendo ao lado dela. Desta vez, porém, ela manteve a postura séria e a mente vazia ao falar com ele.

— O que quer para me devolver meus poderes? — Ela perguntou, sem rodeios.

Ele riu e fez um gesto para que ela se sentasse.

— Eu não quero nada, afinal, os poderes são seus. Contudo, uma vez retirados, as chamas de Uhakay diferem-se do sangue do seu dominador. Para controlá-las, deve usar a força vital de outro dominador, tão poderoso quanto você — Ele contou sem medo enquanto Aylla ficou horrorizada — Contudo, sugar a força vital pode matar vocês dois. Existem apenas duas soluções: você ser curada por um dominador do gelo de Gidhad ou matar…

— Cale-se! Não quero ouvir mais nada! — Ela cortou-o no meio da frase e levantou rapidamente — Devolva meus poderes agora!

Mestre balançou a cabeça e levantou também, mostrando uma chama vermelha e crepitante na palma de sua mão. 

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