Capítulo 15

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Mestre deu um passo adiante e curvou-se diante da rainha do caos, juntamente com as sete musas e várias milhares de pessoas do reino Konami. Chayi surpreendeu-se um pouco com o tanto de pessoas que estavam ali e como ainda não tinham sido descobertos pela Guarda Rasij. Homens, mulheres, crianças e jovens fizeram de um pedaço de chão quase inalcançável e fora do mapa dos dominadores um reino para chamar de seu.

Yangred, pelo que a estrela ouviu dizer, era o nome daquele local.

— Majestade, nós, o povo do reino de Yangred, saudamos vossa presença! — Mestre disse, com um sorriso falso no rosto.

Ashta e Dayi, a musa da chuva, se entreolharam e reviraram os olhos. As musas sabiam melhor do que ninguém o quanto aquele homem poderia ter a lealdade de uma cobra.

— Admito que não pensei que konamis iriam se juntar em um único local para viverem. É sábio e burro ao mesmo tempo — Chayi contou, acariciando uma pulseira de ouro vermelho.

O homem deu um sorriso e ergueu a cabeça. 

— Sabemos dos riscos, minha senhora! Mas fizemos de tudo para que a Grande Rainha do Caos voltasse e fizesse justiça por seus seguidores condenados — Falou e um coro de “que seja feita a justiça” ecoou pelos lábios dos konamis.

Chayi desceu do palanque onde estava e analisou bem o rosto daquelas pessoas. As crianças tinham um olhar vazio, como se vivessem sempre sentindo dor e apanhando. Moças belas estavam cobertas com trapos e alguns rapazes tinham ferimentos e cortes expostos. 

Se esse era seu povo devoto, então entendia o porquê de os dominadores sempre estarem no topo.

De repente, sentiu alguém puxar a barra do seu vestido. Quem ousaria tocá-la sabendo do seu status e poder?

Virou-se furiosa e deu de cara com uma menininha, de pelos menos três anos, toda suja e maltrapilha, com os cabelos cortados de forma desalinhada e totalmente embaraçado. Os olhos eram castanhos-mel e refletiam algum tipo de sentimento que nem Chaiya e Aylla poderiam compreender.

— Você pode fazer tudo o que eles estão dizendo? — Ela perguntou, com a voz rouca e os lábios um pouco ressecados.

— O que eles dizem? — Chayi indagou, sem nenhum tipo de afeto na voz.

— Você pode trazer justiça para os meus pais? 

A dor no peito foi instantânea. Aquele lado bondoso da Estrela Vermelha estava sentindo a dor da perda de uma menininha que ela nem conhecia. Não, não poderia sentir coisas assim. Puxou a barra da saia das mãos da criança e virou de costas. Porém, parou antes e deu um suspiro antes de dizer:

— Posso fazer o que eu quiser neste mundo, inclusive vingar seus pais.

Os olhares sobre ela se tornaram mais e mais intensos, alguns de medo, outros de admiração. 

Chayi seguiu até um carruagem puxada por dois cavalos negros enormes e subiu, sendo acompanhada por Hylua.

— De onde são essas pessoas? — Chayi indagou friamente.

Hylua, que encarava uma leve garoa que caía lá fora, voltou sua atenção à rainha. Seus longos cabelos negros caíam lindamente em suas costas, presos por vários enfeites em forma de lua. Suas vestes eram azuis e brancas, de um tecido extremamente leve e macio.

— Eles vêm de todo lugar. Quando são convidados a viver em Yangred, eles nunca pensam duas vezes. Pode ser difícil, mas é melhor do que morrer pelas mãos dos dominadores — Hylua contou, pousando as mãos delicadas no colo — Estes moradores são recém chegados e ainda não encontraram um ramo para se estabelecer. Mas temos muitas coisas para nos manter.

O Reino da LobaOnde histórias criam vida. Descubra agora