Capítulo 11

27 11 120
                                    

— Você não está lutando, Aylla. Está se esquivando. — Rael falou, após encurralar a menina pela sexta vez consecutiva. 

— Eu até tentaria, mas você não me dá brechas para isso! — Ela respondeu, bloqueando outro golpe que ele desferiu. Rael era rápido como uma serpente, mirando nos pontos fracos expostos e logo tentando acertar outro. Aylla não estava acostumada com esse ritmo de treino. Era rápido demais e, talvez, ela não estivesse tão acostumada com treinos rigorosos.

Ambos usavam espadas de madeira, afinal, Aylla não poderia trazer Dimbo à luz do dia ou seu mestre confiscaria sua espada. Era uma regra que ela não conseguiu cumprir: deixar a arma no Palácio do Relógio. As espadas de madeira ainda serviam, embora fossem mais complicadas de manusear por causa do peso.

— Você conseguiu dormir ontem à noite? — O rapaz perguntou, quando as espadas chocaram-se no ar e seu rosto ficou próximo ao dela. Seu hálito tinha cheiro de vinho, sinal de que ele também tinha passado a noite bebendo.

— Não muito! — Aylla respondeu — Acordei no meio da noite e não consegui mais dormir!

Rael parou o treino e guardou as espadas em um grande cesto. Talvez já fossem umas nove horas da manhã agora e eles começaram a treinar antes do Sol raiar.

— Acho melhor descansarmos um pouco. Quer dar um passeio? — Ele perguntou, estendendo o braço para ela. Aylla segurou e sorriu baixinho, corando um pouco.

— Para onde vamos? — Ela perguntou.

— Tem um lugar… — Contou — Que você amava antes! Acho que pode se lembrar dele!

Aylla assentiu e ambos saíram da arena de treino de braços dados, atraindo a atenção de discípulos e discípulas ao redor. O Palácio do Faisão era destinado aos discípulos do Primeiro Mestre, fossem homens ou mulheres. Porém, em ocasiões específicas, as mulheres eram transferidas para o Palácio das Chamas e os rapazes para a Mansão do Sol. 

Aylla viu Tamira de longe, andando com Danren. Ela nunca conseguiu conversar com a garota e sabia que ela também sofria nas mãos de Calissa. 

— Para onde está olhando? — Rael perguntou, próximo ao ouvido dela.

Sua pele arrepiou-se com a frase e ela virou rapidamente, tentando disfarçar a vergonha.

— É… lugar nenhum! Estava apenas…

— Você fica linda tentando disfarçar alguma coisa, Aylla! — Rael riu e acariciou a mão da menina, em um gesto de carinho.

— Hum, e você não me acha fofa em outros momentos? — Ela questionou, fazendo uma expressão de choro e, depois, sorrindo da cara engraçada que ele fez.

Neste momento, estavam saindo do território da Guarda Rasij e adentrando a Floresta da Neblina. Os bambus colossais formavam uma enorme passagem para o outro lado da montanha onde a base da Guarda Rasij fora construída. Ali era uma parte mais reservada aos discípulos que fossem designados em missões. 

— Estamos saindo da montanha?! — Aylla perguntou, temerosa. 

— Não — Ele sorriu — Vamos virar… Aqui!

Rael puxou Aylla por um caminho estreito entre os bambus. Ele segurava a mão dela com firmeza, sorrindo quando estavam mais perto do local de destino. Quando finalmente chegaram, Rael virou de frente para Aylla e tapou seus olhos.

— Não pode olhar — Falou.

— Se eu não olhar, como vou reconhecer o lugar? — Aylla perguntou e o príncipe segurou a risada. 

Ela não mudou nada, pensou.

— Você entendeu o que eu quis dizer — Rebateu e guiou a menina pelo restante do caminho, direto para um pequeno banco, onde a menina se sentou e permaneceu com os olhos fechados.

O Reino da LobaOnde histórias criam vida. Descubra agora