Lembre-se

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Aquela noite ainda estava no ar quando comecei a me deslocar para longe de Tom. As pernas ainda trémulas devido ao caos que vivenciava, mas era ainda mais aterrorizante as atitude do Tom. Se já havia momentos incômodos com ele, isso era outro nível de imprudência.

Ele me prensou contra a parede. Sua mão forte segurava firmemente o meu ombro, a ponto de me machucar.
O pavor estava estampado nos meus olhos, e ele via isso.
Por algum motivo, a sua reação foi confusa e inesperada. Ele me soltou, se afastando de mim, mas não deixou de olhar para cada centímetro do meu corpo, degustando o terror que eu transluzia.

O silêncio foi ensurdecedor. Não importava se o mundo estivesse em nossas voltas, todos os sons se evaporavam naquele momento. Quanto tempo passou? Não era fácil dizer. Apenas se ouviam os gritos de meus próprios batimentos cardíacos.

Pensando em como lidar com a situação, eu quis ter uma atitude profissional, mas sabia que não poderia trabalhar com o Tom sem me sentir muito desconfortável. Então, decidi que, primeiro, teria que me resguardar um pouco, pensando em como reagir a toda a situação. "Não pode simplesmente deixar isso passar?" Não só pensei, como perguntei.

"Não posso continuar como se nada tivesse acontecido, talvez isso não seja o suficiente. Pode ser que seja apenas um castigo passar em silêncio? Ficar com essa dor e angústia, e fingir que nunca te conheci?" Parecia que, por um momento, ele ficou pensativo.
"Você sabe que não, porque eu simplesmente anseio que seja assim, você não tem escolha" Sua palavras foram amargas, mas dóceis, como um chocolate amargo.

O olhar de um para o outro era ambíguo, cheio de mistério e intriga. Nenhum de nós falava, mas os nossos olhares diziam tudo. Éramos como dois ladrões de olhar, esperando a oportunidade certa para fazer a jogada, para entrar em ação. As expressões faciais estavam neutralizadas, como se ainda estivéssemos decidindo o que fazer.

Eu deveria aceitar o trabalho? Se eu não aceitasse, que tipo de atitudes drásticas ele tomaria?
Mas afinal, que mal faria? Só estaria fazendo o mesmo trabalho que já faço.
Eram tantas dúvidas que percorria a minha mente enquanto os nossos olhares percorria os nossos rostos.

Meu lado prático estava dizendo "sim", mas o lado emocional estava dizendo "não". O coração deixava tudo muito mais complexo, mas o cérebro parecia fácil. "Talvez você tenha razão, mas meu coração está me dizendo o contrário" É como se fosse um filme de romance fora do ar, as dúvidas enfrentavam-se um ao outro.

"O coração é uma arma perigosa e mentirosa, minha cara, você não pode confiar nele" Tom falou firme. Algo em seu rosto e tom de voz fazia-me confiar nele.

"Você também é uma arma perigosa e mentirosa, mesmo assim, não deixo de confiar em você!" Não havia forma de negar o sorriso no rosto de Tom, embora ele continuasse firme e direto.

"De qualquer forma, não é algo racional. É muito fácil deixar o coração falar por nós. Mas a razão é a coisa mais correta a se fazer". Ele falava com a lógica, mas ainda parecia que se tornava impossível não escutar o coração.

"Eu aceito fazer isso, mas tenho condições" Respirei profundamente e falei os meus termos "Nenhuma agressão ou ameaça física. Nada de ameaças contra pessoas próximas a mim e quem eu amo. O dinheiro em espécie." Ele sorriu vitorioso. "Ah, e eu não vou fazer sexo com você, Kaulitz!"

Ele deu uma gargalhada tão forte, parecendo um sol a rir-se, seus dentes brancos e lindos cintilavam. "Concordo, mas não me lembro de ter pedido isso. Nunca éramos nada assim. Agora, estamos de acordo?" Disse ele, com os olhos brilhando de esperança e satisfação.

"Estamos, mas tem uma última condição, se eu quiser sair, não posso ser punida por isso". Eu parecia mais corajosa do que jamais fui, esse tipo de negociação nunca era fácil, mas era importante.

"Nunca seria punitivo com alguém como você, você é única". Tom colocou suas mãos no peito enquanto falava.

Apesar de vergonhosa, eu ainda estava arrepiada por dentro com suas palavras. "Seja sincero, você precisa de mim por algum motivo específico?" Eu insisti, mas agora com uma certa inocência.

"Eu poderia falar, mas seria muito mais divertido se eu deixasse a sua imaginação te levar nessa aventura". Seu tom de voz era de incerteza, não sabia se ele estava realmente falando sério.

Senti uma forte pontada no meu coração como se ele estivesse me falando: "Você não deveria ter feito isso". A incerteza tomou conta de mim. Com certeza, ficar perto de um homem como Tom Kaulitz não era o certo a se fazer. Mas se eu não ficasse teria consequências. Então afinal, o que era o certo a se fazer?
Era como se a minha cabeça estivesse dividida. Uma parte dela sabia que isso não era o correto, mas o resto da minha mente implorava para ficar.

"Tudo tem um preço, mas o que você está disposta a pagar?" A voz de Tom me deixou embasbacada. O que ele tinha em mente? O que ele realmente queria?
Eu tentei raciocinar, tentei entender, mas antes de eu ter a chance de fazer isso, as palavras dele já tinham sido faladas. "Eu não quero nada de malicioso, apenas o que é justo." É claro que nunca foi bom confiar cegamente em ninguém, mas estava tão envolvida nisso que não conseguia pensar em nada a não ser o que ele me disse.

Percebi que não havia mais volta. Agora eu estava presa à ele, presa à seu coração.
Meu corpo começou a tremer, os rins pareciam se enfraquecer com medo. Tom percebeu isso, eu pude ver pelo jeito em que ele me olhava.

"Você não precisa me temer! Você precisa temer as sua atitudes!" Ele falou em um sorriso. Sua fala pareceu tão aconchegante mas ao mesmo tempo tão aterrorizante.
Ele se afastava lentamente de minha visão, aquilo era uma tortura, então o chamei.

"Tom!" Eu gritei, mas ele não voltou. Com meus olhos vazios, minha voz começou a ser ouvida de novo, porém ele não estava tão perto de mim. Mas, mesmo assim, me pronunciei.
"Lembre-se, sou sua funcionária não sua refém!" Eu estava realmente falando sério.

"Megan, lembre-se, agora você é somente minha!" O barulho de sua fala ecoou tão alto que meus ouvidos até doíam. Ele se retirou, me deixando só.
Eu estava me transformando em algo que nem eu mesma entendia, aquele jogo se tornou a minha realidade.

Amor Por Uma Noite |Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora