Erros são Cometidos

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A porta se fechou atrás de mim depois do estalo ao bater, as luzes estavam apagadas. Me virei. Eu senti o calor na pele, a passada lenta, tentei respirar. Estou sozinha. Olhei em volta, mas não há mais ninguém, a sala estava vazia. Só a sombra do homem que estava sentado. Seu olhar cobria o meu corpo, apenas eu e Tom agora. Eu sentia um ataque de pânico. "O que estou fazendo?", eu pensava.
Sem nenhum barulho, um silêncio intenso e opressivo, apenas as respirações e batimentos cardíacos se ouviam.

Tom levantou-se lentamente. Ele não se aproximou, mas está me observando. Senti que não estou segura, mas não sei o que fazer. Tom se aproximou e começou a falar, num tom calmo e sussurrado. "O seu corpo é seu, você é livre. Sinta-se livre, Megan. Se permita experimentar algo novo. Nada será imposto a você. Você está sã, está segura, não se preocupe".
Eu não conseguia escapar, porém eu não queria escapar. Não sei o porquê, mas eu não quero.
Ele está a apenas dois passos de mim. Eu sentia a pulsação, a dificuldade em respirar. Eu não consigo parar de pensar no que está acontecendo. Tom falou outra vez, "Megan, só diga o que você está sentindo. Não guarde isso para você mesma. Não importa o que você pensa, não se julgue, o que importa é que você me fale".

"Vou tentar", eu falei. Talvez eu realmente estava disposta à contribuir. Senti o meu coração acelerando, mas agora estava me sentindo mais segura.

Ele ofereceu a sua mão, e eu agarrei  com firmeza. "Não sou uma má pessoa" Ele diz.

"Eu sei" Eu falei, eu estava mentindo. Ele me levou até o palco e as luzes começaram a atenuar.
Senti a calma voltando. A música começou a tocar mais forte, e eu senti a tensão se acumulando. Fechei os olhos, na tentativa de respirar, acreditando em mim mesma. O som é imperativo, mas não me dominou. Ele me observava. Eu estou imóvel, mas ficando à vontade. Tudo o que eu sentia nesse momento era eu mesma, nada mais.

A música muda de tom, entrando nas minhas veias. Senti o meu corpo relaxado, e me entreguei ao impulso. A minha alma muda, eu estou cada vez mais sintonizada com o palco, o som, o ambiente. Eu estou me transformando em algo que nunca imaginei. Eu consigo agora entender o que Tom disse, senti confiança.
Me levantei. Senti que a música está acompanhando o meu movimento. O corpo está agindo sozinho, mas senti que estou em harmonia com ele. Eu estou me soltando, e é diferente do que eu acreditava. O mundo não existe, não há nada, não há ninguém. O tempo não existe, não existe passado, nem presente, nem futuro. Só existe eu mesma.

Pareço que tenho todas as pernas do mundo, todas os braços do universo. Toda a força do cosmos. Encontrei algo em mim mesma que não sabia que existia. É como se tivesse voltado ao berço, à origem, antes de tudo. Ao final, eu não me sentia como Megan, me sentia como tudo.

Quando abri os olhos, percebi que tudo estava em silêncio. A sala está vazia, o palco está apagado. Só existia eu, os meus sentimentos, e o silêncio. Então ouvi um clique. O palco, e a sala ficam cheios de luz, e eu vi Tom sorrindo, com um aplauso lento. Percebi que eu consegui mais do que concluir o meu trabalho e alegrar Tom, eu me libertei.

Ao detalhar o seu rosto, ele não falava nada, apenas sorria, e deixava a porta da sala aberta. Entendi o que ele quer dizer, eu podia sair. Corri em sua direção, esperando pela liberdade. Porém ele me barrou, escorando o seu braço na patente.
"Eu não gostei de ter sido forçada a estar aqui." As palavras saltaram de minha boca. O meu rosto ficou tenso, os meus lábios se apertaram e a minha voz saiu quase como um sussurro. Minha frustração era evidente.

"Não importa! Você dançou lindamente, e deve aceitar que eu sou o único que pode ver o que você faz com o seu corpo." Sua voz soou grave, quase assustador.

"Não é verdade. Eu tenho o direito de escolher, e você não pode obrigar-me a fazer nada." Falei firmando o meu olhar.

"Você não me entende! Eu estou fazendo isso por seu próprio bem. Precisa confiar em mim." Sua mão gelada deslizava sob o meu rosto, me causando calafrios.

"Eu não confio em você! Você é um predador. Não se importa comigo. Você só quer usar-me para seu próprio ganho!" Exclamei, afastando seu corpo do meu.

"Talvez você esteja certa. Mas esse não é o assunto aqui. O que importa é que você me acompanhe e faça o que eu digo!"

"Não! Eu não vou fazer o que você diz. Não pode me obrigar a nada, você não é o meu dono!" Falei com uma sensação de determinação e motivação, mas também um pouco de medo e incerteza. Como se estivesse prestes a saltar de uma ponte, sabendo que o abismo que há debaixo é profundo, mas consigo ver que pode haver algo a se ganhar.

"Eu posso sim! Você me pertence! Você é minha propriedade!" Tom parece se sentir em poder, e está ansioso para manter esse poder. Ele não tem qualquer empatia pela posição que ele está me colocando, e ele não parece ter nenhum interesse em ouvir ou compreender o que eu quero dizer. Ele só liga para os seus próprios sentimentos.

"Não sou propriedade de ninguém! Você é um filho da puta, arrogante, que tem um olhar egoísta sobre os sentimentos dos outros!" Eu estava tão cansada de tentar o fazer entender os meus sentimentos que a última coisa que queria era levantar a minha voz.

"O que eu sou não importa. O que importa é o que você é. É o que eu digo que é. E você é minha!" Desisti de tentar o fazer me compreender, então só tentei o compreender.
Foi aí que eu percebi que errei. E erros são cometidos!

Amor Por Uma Noite |Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora