Além do Ódio e do Desejo

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Minha mão serrava a cerâmica da pia enquanto eu me olhava fixamente no espelho. O reflexo não mostrava quem eu costumava ser. Havia algo diferente em meus olhos, uma tensão que parecia prestes a se romper. O que Megan fazia comigo? Eu não sabia mais distinguir o certo do errado, o racional do insano.

Ouvi barulhos do lado de fora da porta, o soar metálico de uma corrente. Apaguei a luz do banheiro, deixando a escuridão tomar conta do espaço. O silêncio era quase absoluto, exceto pelo som da minha respiração e dos rangidos suaves da madeira quando abri a porta lentamente.

Megan estava deitada na cama, sua postura rígida, os olhos espertos procurando qualquer chance de fuga. As correntes que a prendiam à cabeceira da cama reluziam levemente sob a luz fraca. Ela forçava o metal, tentando achar uma saída, os punhos vermelhos de tanto tentar se libertar. Mas quando seus olhos encontraram os meus, ela parou. Tudo parou.

O medo? A raiva? Ou algo mais? Eu não sabia.

"Não faça isso, Megan." Minha voz soou grave, ecoando no pequeno espaço.

Ela continuou me olhando, sua respiração pesada, o corpo tenso. Mas não disse nada. A adrenalina, o medo e a confusão pareciam envolver o quarto. Havia algo nos olhos dela, uma mistura de emoções que eu não conseguia decifrar. Era medo do que eu poderia fazer? Ou de como ela mesma reagiria a mim?

"Solte-me." Ela finalmente sussurrou, a voz rouca.

Eu não respondi de imediato. Cada célula do meu corpo gritava para me aproximar, para acabar com essa distância física entre nós. Havia algo inevitável no ar, algo que estava ali desde o início, mas que nenhum de nós havia ousado encarar. Mas Megan... ela me desafiava, mesmo quando estava presa, mesmo depois de tudo.

"Por que você continua lutando contra isso?" Perguntei, aproximando-me lentamente, meus passos ecoando no silêncio.

Ela desviou o olhar por um segundo, mas não tinha para onde correr. Estávamos presos juntos nesse impasse, e quanto mais tentávamos negar, mais próximos chegávamos do que sabíamos ser inevitável.

"Você não entende, Tom. Não pode ser assim. "As palavras saíram dela com mais força do que eu esperava, mas havia algo quebrado por trás.

Eu me aproximei ainda mais, até estar de pé ao lado da cama. Me inclinei, deixando minha mão repousar na cabeceira, quase tocando a corrente que a prendia.

"E por que isso te assusta tanto?" murmurei, meus olhos fixos nos dela.

Ela engoliu em seco, o peito subindo e descendo rapidamente. Eu sabia que qualquer movimento meu poderia quebrá-la, ou a faria explodir.

"Eu não vou deixar você me controlar." A voz dela estava mais suave agora, mas ainda havia fogo ali, uma resistência que eu não podia ignorar.

Eu me inclinei um pouco mais, até sentir a proximidade dela, quase como se o calor entre nós fosse palpável. Ela ainda estava presa, mas naquele momento, parecia que éramos nós dois que estávamos presos um ao outro.

"Quem disse que quero controlar você?" Respondi suavemente, minha voz quase um sussurro.

Por um segundo, houve silêncio. E então, Megan mordeu o lábio, o olhar fixo no meu. Eu podia ver a batalha interna que ela travava, a luta para se manter forte, para não ceder à atração que ambos sabíamos que estava ali.

Ela respirou fundo, mas não respondeu. As correntes se moveram levemente enquanto ela mudava de posição, mas dessa vez, não havia força em sua tentativa de escapar.

"Você está entrando na minha mente, fazendo-me apaixonar por você!" Ela virou o rosto, evitando o contato visual, o que só alimentava a tensão no ar.

Eu a observei por um momento, as palavras dela ecoando em minha cabeça. Então, levei minha mão ao queixo dela, forçando-a a me encarar. Seus olhos se arregalaram por um instante, mas ela não resistiu. O toque da minha mão em sua pele era firme, e senti sua respiração vacilar.

"Então quer dizer que você está apaixonada por mim?" Murmurei, minha voz carregada de uma intensidade que eu sabia que a afetava.

Ela apertou os lábios e desviou o olhar, lutando para não dizer nada, mas eu não a deixaria escapar tão facilmente dessa confissão. Podia ver a batalha interna dela, o conflito entre o que sentia e o que queria admitir.

Os olhos dela brilharam com algo que eu não conseguia identificar por completo. Raiva, medo, desejo. Talvez fosse tudo isso junto.

Eu segurei o queixo de Megan com mais firmeza, obrigando-a a me olhar novamente. Seus olhos, grandes e luminosos, estavam cheios de emoções que ela tentava desesperadamente esconder. Havia uma tempestade contida que eu sabia que poderia devastar ambos se deixássemos escapar.

"Então você está apaixonada por mim?" Repeti, a voz baixa e carregada de uma ameaça silenciosa. Era mais do que uma pergunta. Era uma armadilha.

Ela se remexeu sob o meu toque, mas não desviou o olhar desta vez. Sua respiração estava rápida, o peito subindo e descendo descontroladamente. Estava tentando manter o controle, lutando contra algo que ela sabia ser inevitável. Eu podia ver isso. Ela não podia continuar fugindo de mim, ou de nós.

"Eu não..." Começou, mas a voz falhou, quebrada pela incerteza.

"Não minta para mim, Megan." Minha voz saiu mais dura do que eu pretendia, e os olhos dela se estreitaram levemente, talvez com medo, talvez com raiva. Não importava. Eu precisava que ela entendesse que não havia saída dessa situação.

Aproximei-me de seu ouvido, sentindo o calor que emanava de seu corpo, o cheiro suave de sua pele misturado com o suor de medo. Cada parte de mim estava ciente da tensão no ar, da vulnerabilidade dela, da batalha interna que a consumia.

"Você não pode fugir de mim." sussurrei, meu rosto agora a poucos centímetros do dela. "Não depois de tudo o que aconteceu. Você sabe disso tanto quanto eu."

Megan fechou os olhos por um momento, como se quisesse se proteger do que estava por vir, mas eu não a deixaria escapar. Minha mão ainda segurava seu queixo, e meu polegar roçou sua pele, suave, mas cheio de uma intenção ruim. Ela estremeceu sob o toque, e eu soube naquele instante que ela estava à beira de ceder.

"Eu deveria odiar você." Murmurou, a voz finalmente saindo, mas tão baixa que quase não a ouvi.

Sorri levemente.

"Talvez devesse. Mas não odeia, odeia?" Minha voz era desafiadora, e eu sabia que cada palavra a puxava mais fundo.

Ela não respondeu. Não precisava. O silêncio dela já era uma confissão. Eu via no modo como ela respirava, no modo como seus olhos se moviam pelo quarto, procurando qualquer coisa para focar que não fosse eu. E era isso que me fascinava nela, sua luta. Megan não era do tipo que se rendia facilmente, e isso a tornava ainda mais viciante.

"Me diz o que verdadeiramente você quer de mim?" Ela finalmente perguntou, a voz um sussurro frágil, quase uma súplica.

Meu sorriso desapareceu, e minhas feições se endureceram. A pergunta dela ecoou em minha mente, mas a resposta era simples. Eu queria tudo. Queria sua rendição. Seu medo. Sua confiança. Seu corpo e sua mente. Eu queria Megan por completo, de um jeito que ela ainda não conseguia compreender.

"Eu quero você." Murmurei, minha voz baixa. "Toda você. E você sabe que vai me dar isso, eventualmente."

Ela arrepiou, e por um segundo, eu vi a quebra, o momento exato em que a resistência dela enfraqueceu. Mas não era uma vitória doce, era amarga. Porque o que eu exigia dela não era justo. Não era moral. Era algo sombrio, e no fundo, eu sabia disso.

Ela me olhou nos olhos, finalmente entregando o que eu mais queria: verdade.

"Eu odeio você." Sussurrou, mas havia algo mais, algo implícito nas palavras que soava mais como 'eu odeio o que você faz comigo.'

E por algum motivo, esse 'ódio' me fez querer mais, muito mais.

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⏰ Última atualização: Oct 16 ⏰

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Amor Por Uma Noite |Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora