Culpa Minha

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Killian estava a beira de um colapso nervoso.

Enquanto pegava um café e esperava pacientemente um médico do exército vir lhe avisar que Emma estava enfim acordada, ele olhava o celular como se fosse uma bomba; Encarar, seria a melhor definição, já que ele deveria ligar para a família e avisar sobre o estado da loira.

Ele já havia ligado para Regina para falar que houve um acidente e Emma passaria por avaliação médica. A morena se mostrou deveras preocupada se oferecendo para viajar até a base, deixando Henry o filho delas, com Tinker a esposa dele.

Obviamente ele não deixou, conhecia Emma o suficiente para saber que ela não gostaria de fazer a esposa viajar até ali para ver ela quebrada, o que fez a morena ficar mais tranquila, foi que a loira seria tratada ali mesmo em San Diego, então Killian tinha se oferecido pessoalmente para ficar ao lado dela até sair do hospital militar.

— Major Jones? - Um médico militar despontou ao final do corredor e começou a caminhar até o moreno.

— Eu mesmo – Fez um cumprimento rápido militar, e acenou para que o Tenente médico falasse após o cumprimento dele – Como ela está?

— Creio que a senhora Swan, deva ser direcionada ao quarto de enfermaria agora pela tarde – Ele começou a ler o prontuário e avaliar a situação – Ela teve ferimentos mais extensos nas pernas onde foram prensadas, creio que saiba desse detalhe também.

— Estou ciente disso sim – Disse comprimindo os lábios em uma fina linha vendo que o médico estava incerto sobre continuar o relato – Pode me falar o diagnóstico completo Tenente, estou aqui com a responsabilidade de um familiar.

— Pois bem... - Disse pigarreando rapidamente e seguindo com a leitura do prontuário — Ela vai precisar de fisioterapia, e acompanhamento médico diário antes disso. Recomendo começar com a fisioterapia, daqui a duas semanas. Ela teve uma lesão severa no sistema nervoso da cintura para baixo. Foi usado enxerto de músculo e pele onde ela teve as pernas prensadas. Não será uma recuperação rápida, mas não é impossível. Eu recomendaria a dispensa dela, e ao tratamento, creio que ela pode fazer no hospital militar da base mais próxima a família dela.

Killian não sabia naquele momento, que tudo o que conversava com o médico, e que em sua percepção concordava, seria levado a outras decisões.

Foram discussões demais para que conseguisse numerar que teve com Emma quando ela acordou. Quando pediu para que não avisasse Regina da gravidade da situação. Ele viu o medo em seu rosto e a decepção, viu a amiga se negligenciar ao tratamento, pois acreditava que não voltaria a andar, mesmo que os médicos falassem que seria possível.

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6 meses depois.


— Emma está atrasada para a fisioterapia!

Killian esbravejou ao entrar no quarto da loira, no meio de uma tarde e encontrar a mesma na cadeira de rodas, lendo um livro qualquer de frente para a janela do quarto.

— Qual a parte que você não entendeu, de que tem que ir ao tratamento para voltar a andar? - Ele indagou irritado demasiadamente com a loira.

Ela o olhou pouco interessada, mas ao se movimentar com a cadeira de rodas, ele conseguiu perceber que ela estava com dor, com os olhos cheios de olheiras, algo que vinha acompanhando ela diariamente, e com menos cor no rosto do que antes.

— Liguei para o Doutor porque estou com dores mais fortes hoje Killiam... - Ela fez uma cara de poucos amigos – Depois da sessão de dois dias atrás, minhas pernas incharam demais e o médico pediu que eu não forçasse mais elas por pelo menos 10 dias – Ela completou chegando perto dele – Você não tem mais o que fazer não? Do que ficar vindo aqui e conferindo se estou aqui ou não?


Emma vinha fazendo tratamento a apenas 2 meses, mas o médico já tinha orientado que o processo seria lento, até mesmo porque ela tinha que começar a fazer outro tipo de terapia, e ela se negava a tal. E mesmo com poucas sessões, o estado das penas dela após cada sessão não era algo animador, e mesmo o médico já havia dito que talvez fosse melhor que o tratamento para andar fosse mais lento do que o esperado, já que os músculos não reagiam bem.

Regina estava ciente que Emma preferiu ficar na base para fazer tratamento, mas não tinha a ciência exata, da gravidade da situação, pois a esposa não tinha deixado nem mesmo Killian a informar de sua condição.

— Me preocupo com você, sua loira chata! - Disse ele bufando contrariado e se sentando em uma cadeira perto da cama dela. - Mudando de assunto. Eu verifiquei o que você pediu, e eu sinto realmente muito, mas não localizaram a Drizella. É como se ela tivesse sumido do mapa.

— Como é possível algo assim? - Emma indagou de forma irritada com o que o amigo lhe falava – Era para ela ser cuidada pelo exército enquanto a mãe servia, e depois que Mulan se for... Ela deveria continuar no sistema militar.

— Eu não sei Emma... Pedi que investiguem mais a fundo. - Ela disse segurando a mão dela para que ela ficasse mais tranquila – Não acha que está guardando mais as coisas para você?

Emma baixou o olhar, mas as bochechas vermelhas pela vergonha, era algo que não a deixava a muitos meses.

— Ela seria a primeira a falar que deveríamos adotar a Drizella, mas não consigo parar de pensar que estou falhando com a Mulan, se nem mesmo sabemos onde a menina está – Ela disse já com a voz esganiçada – Junte isso, a minha total falta de independência. Eu deve ser pior do que Henry, ao precisar de ajuda para as coisas. Imagine deixar tudo isso nas costas dela? Ela já está passando por tanto, com o pai dela tento que fazer tratamento de Câncer. Como vou chegar e falar " Então amor, agora preciso da sua ajuda para achar uma menininha que tem que ser nossa filha, porque a Mulan pediu. E claro, eu não consigo fazer muito, porque estou aqui na cadeira de rodas" – Ela disse erguendo uma sobrancelha. - Eu prometi para ela que viria ao exército para que meu pai não precisasse, que seria algo a agregar na família, não algo para que tirasse algo de nós.


Killian suspirou frustrado, mas não soltou a mão dela.

—Sabe... Acho que está na hora de você ocupar um pouco mais a cabeça. - Ele disse calmo – O que acha de trabalho administrativo? E depois, você pode pensar sobre aquela terapia com o psicólogo...

Mas o olhar a amiga foi tão cortante que ele apenas levantou as mãos para cima e suspirou.

— Okay, apenas o trabalho burocrático então por enquanto. Você sabe o que faz! - Disse cansado e já desistindo daquele assunto – Não me envolva quando Regina souber, a culpa não é minha.

– Tudo é minha culpa Kill...

Era com essa afirmação na cabeça que ela acordava e dormia todos os dias. 

The  SnowstormOnde histórias criam vida. Descubra agora