Capítulo 01: O Gigante

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Nota: Olá, pessoal! Andei sumido, mas não fui abduzido e nem fugi do país para uma ilha sem Wi-fi. Estou de volta, finalmente com um notebook! Saudades de vocês, meus queridos leitores. Nos vemos nos comentários.

Faltavam apenas dez segundos para o tempo acabar, mas os Leões sabiam que podiam virar o jogo graças ao seu astro, o Gigante. Antônio saltou quase em cima do garrafão e enterrou a bola na cesta fazendo dois pontos conquistando a vitória do time Leões.

A plateia foi à loucura, eram tantos gritos e aplausos que parecia final de liga mundial e não a vitória de um intermunicipal.

–Gigante! Gigante! Viva o Tonhão!

Depois de receber todo a aclamação dos seus amigos, colegas de times e da plateia, Antônio foi tomar um merecido banho e então suspirou e disse:

–Que bom que acabou essa droga.

Antônio tinha dezessete anos e era o astro do time de basquete da escola, com seus 1,92m de altura era conhecido como o gigante do time Leões da escola Valentes. O problema era que ele odiava ser chamado de gigante, odiava que comentassem sua altura e detestava acima de tudo as garotas que se insinuavam pra ele principalmente depois que vazaram uma foto sua no vestiário mostrando sua enorme jeba de 18cm ainda mole.

–Desse jeito vou ter que ficar com uma garota só pra calar esse povo.

Antônio sempre soube que era gay. Entretanto tinha tantos pontos e inseguranças para lidar que as vezes até esquecia que fazia parte do "vale". Ele sempre fora complexado com sua altura, mas isso lhe fez arranjar uma vaga no time de basquete o que fez dele um dos caras mais populares do ensino médio.

Antônio seguiu o fluxo, não gostava muito de basquete, mas era muito bom naquilo, ao ponto de que os professores diziam que era garantido que conseguisse uma bolsa de estudos pra faculdade. Tony, como ele gostava de ser chamado, mas quase ninguém o fazia, precisava mesmo de uma bolsa já que era horrível nos estudos.

Praticamente apenas seus pais o chamavam de Tony, para o resto do mundo ele era o gigante ou o Tonhão, dois nomes que detestava.

Tony queria muito desabafar com alguém, poder contar que o futuro que estava se formando podia até ser brilhante, mas estava longe de ser o que o faria feliz. Para piorar, sua melhor amiga, a Brenda, estava lidando com seus próprios problemas a impedindo de poder lhe dar atenção.

–Grávida aos quinze anos. Eu mereço. E nem se quer é do professor gostoso! –Ela se lamentou certa vez.

–E quem é o pai? Você nunca me disse.

–Eu te digo se você me contar quem é seu amor secreto.

Eles estavam no final do segundo ano e desde as primeiras semanas do primeiro, Brenda viu uns corações rabiscados num caderno do Antônio com as iniciais: T & Z. Desde então ela tenta descobrir quem é o amor secreto do seu amigo. Afinal quem diabos começava com Z? A não ser Zuleide, a merendeira, ela não fazia ideia de quem poderia ser o Z.

Tony nunca revelou, mas realmente sempre teve um crush numa certa pessoa. O nome dela não começava com Z, aquilo era um código.

Início do terceiro ano, faltava pouco para o final do ensino médio, entretanto seria ainda mais difícil para Antônio. A Brenda estava perto de completar os nove meses de gestação e não iria comparecer no primeiro semestre. Ela era a inteligente que o ajudava a passar de ano, sem aquela ajuda ele corria sérios riscos de não dar conta dos estudos.

Antes da primeira aula, Antônio foi chamado a sala do orientador, que por acaso era o tão professor gostoso que a Brenda tinha uma quedinha.

–Algum problema, professor Ricardo?

–Na verdade acredito ser uma solução e não um problema –Ele respondeu sorridente.

–Posso entrar? –Perguntou outro rapaz na porta.

–Sim, Luiz. Pode entrar. Acho que você já conhece o Antônio da turma B.

–Oh, sim. Quem não conhece o astro de basquete da escola? –Havia um certo ar de deboche naquela frase disfarçadamente educada.

–E você, Antônio? Já conhece o Luiz da turma A?

–Si-sim –Ele gaguejou, limpou um pigarro da garganta e falou com mais seriedade –Conheço sim, estudamos juntos há alguns anos.

–Que ótimo! Isso facilita as coisas. Luiz, estamos te mudando para a turma B.

–O quê? Como assim querem me trocar de turma no último ano?!

–Queremos que forme uma dupla de estudos com o Antônio. Por isso fica mais fácil se forem da mesma turma.

–Tá me tirando? O senhor quer me jogar na cova dos leões!

Luiz era um dos garotos mais inteligentes da escola, só perdia para a Brenda, mas como ela tinha engravidado com quinze anos, estavam todos comentando que ele agora era o mais inteligente. Contando com exatos 1,55m de altura, era chamado de tampinha, anão, toco de amarrar jegue e tudo mais quanto era ofensa de baixo escalão. Morria de medo de esbarrar nos atléticos Leões da escola Valentes e agora teria que estudar naquela turma?

–Isso não é uma negociação, Luiz. Já está decidido.

E assim, o pequeno coitado teria que estudar seu último ano numa turma diferente, além de ser CDF, seria o excluído, a vítima perfeita de bullying.

–Não se preocupe, nada de ruim vai acontecer. Afinal você será o braço direito do Tonhão. Digo, Antônio.

–Minha vida acabou –Luiz se deu por vencido afundando na cadeira.

Os dois rapazes saíram da sala do orientador e seguiram juntos para a sala da turma B. Luiz nervoso por toda aquela situação e Antônio nervoso por outro motivo.

Luiz. Luizinho. Z. Aquele tampinha era seu amor secreto, era o cara de quem ele gostava desde o jardim de infância.

Continua...

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