Capítulo 25: Revelações e Decisões

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Após ser diagnosticado com TDAH Antônio compartilhou a informação com Luiz que suspirou dizendo que era o desconfiava.

–Então você sempre achou que eu fosse louco?!

–Em todas as nossas conversas terei que ficar repetindo que você não é louco? O que seu médico disse?

–Bem... depois que ele disse que tenho TDAH, saí correndo do escritório. Ele ligou para meus pais que tentaram me forçar a voltar até lá, mas fiz um show dizendo que fugiria de casa se me forçassem a ir de novo.

–Por Hefesto. Agora sim acho que você está louco.

–Podemos esquecer essa história e transar?

–Por mais que eu adorasse transar com você agora. Não servirei de válvula de escape para que fuja da realidade. Ter TDAH não é o fim do mundo.

–Você diz isso, porque é normal.

–Eu estou no espectro autista.

–Você o quê?

–É por isso que faço terapia. Eu sou autista.

–Você não é autista –Antônio comentou indignado –Você é... normal.

Luiz respirou fundo. Aquela era uma informação que costumava manter em segredo, não precisava dar mais motivo além da baixa estatura para que as pessoas zoassem com a cara dele.

–Fui diagnosticado aos dez anos. Meu autismo é de nível um, o mais leve, com acompanhamento e certo nível de esforço levo uma vida completamente normal. Embora as vezes fique obcecado de mais por algumas coisas. Sou tão bom nos estudos, porque gosto tanto de aprender que as vezes nem durmo. Já passei três dias sem dormir só lendo sobre a teoria do continente Olimpo e acabei indo parar no hospital.

–Eu nunca... pensei que você fosse diferente.

–Se você me chamar de especial te dou um soco –Luiz brincou –Só estou te contando isso porque quero que veja como não é o fim do mundo ser diagnosticado com TDAH. Agora pare de idiotice e volte para terapia. Acredite, vai se sentir muito melhor quando entender suas limitações e aprender a lidar com elas.

Antônio voltou para casa muito pensativo e chocado pelo fato de seu namorado ser autista e ele nem desconfiar. Aquilo serviu como um empurrãozinho para que no dia seguinte ele fosse ver o doutor Aristóteles.

Antônio gabaritava quase todos os sintomas de um TDAH adulto, esquecimento, audição seletiva, não conseguia concluir tarefas, se distraía facilmente, dificuldade de manter foco. E muitas outras questões específicas dele. Pelo jeito as perguntas que o psicólogo fazia que pareciam aleatórias tinham na verdade o objetivo de traçar o perfil psicológico dele.

Quando o rapaz aceitou seu diagnostico e recebeu exercícios de como lidar com suas limitações foi como se debruçar sobre um novo mundo. Através do autoconhecimento Antônio começou a ver a si mesmo de modo diferente. Os remédios também ajudaram bastante, mas foi a mudança de rotina que o fez conseguir ter maior atenção.

–Eu estou na média! –Antônio gritou no corredor ao ver o resultado de suas notas. Ele pulou de tanta alegria.

–Cuidado que vai bater no teto –Brincaram seus colegas de time.

Luiz ficou tão feliz com o resultado e com a reação de seu namorado que se viu com os olhos cheios de lágrimas. "Ele é tão fofo. É tão bom vê-lo feliz assim. Eu realmente o amo pra caralho". Quando pensou naquilo, arregalou os olhos e olhou pros lados como se tivesse medo que alguém ouvisse seus pensamentos.

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