Na manhã do dia da grande Festa da Fogueira, os preparativos estavam quase completos quando uma notícia chocante se espalhou: a cidade Martelo teria a presença de um dos cinco Autômatos! A Ilha Hefesto era abençoada por um longo período de paz, mas nem sempre foi assim. Séculos atrás, a fim de proteger a ilha, foram construídos doze autômatos, máquinas forjadas com aço do velho mundo cujas formas remetiam ao zodíaco chinês.
Na última guerra mundial sete dos autômatos foram destruídos permanecendo ativos apenas: o dragão, o macaco, o galo, o rato, e o boi. Este último era o que estava sendo enviado para cidade Martelo naquele dia.
–Por que será que estão enviando um Autômato? –Perguntou uma garota da turma B.
–Será que os maníacos da Ilha Ares estão querendo guerra de novo?
–Seria mais provável eles tretarem com a Ilha Atena de novo.
–Tirem essas ideias de guerra da cabeça, meus jovens –O professor Ricardo os acalmou –Guerras não surgem do nada, sempre há sinais antes de algo assim estourar. Vamos seguir desfrutando da nossa paz.
–Talvez seja por algo mais local –Comentou André, um dos jogadores de basquete –Talvez o Autômato Boi esteja aqui para garantir que não ocorra um assassinato como no ano passado.
Aquela questão assustadora trouxe a tona o medo reacendendo uma história de um crime não resolvido.
–Chega! Não vamos estragar o clima festivo lembrando de tragédias. Não hoje. Essa é uma noite de celebração!
Antônio não costumava pensar muito sobre crimes e violência, afinal a taxa de criminalidade da ilha era baixíssima. Talvez fosse por isso que aquele assassinato chocara tanto a sociedade no ano anterior. Um jovem de outra escola fora morto brutalmente por alguém usando um martelo, o que ironizou o nome da cidade.
–Realmente a maioria não precisa se preocupar –Disse André –Afinal o que dizem deve ser verdade. Mataram o carinha lá, porque ele era viado –André deu uma rizadinha –Acho que só o Luiz devia se preocupar –O cara fez aquela piada de mau gosto e poucos riram.
O professor Ricardo suspirou como se estivesse sem forças para repreender mais uma vez o André.
–Vão logo pra casa. Estão todos liberados.
A história trágica foi logo esquecida pela animação de serem liberados uma hora mais cedo das aulas. Antônio e Luiz conseguiram conversar um pouco em meio ao caos de alunos pegando suas mochilas e correndo gritando e gargalhando.
–Espero que a gente possa... se encontrar na festa mais tarde –Antônio disse tentando disfarçar a enorme vontade daquilo acontecer.
–Também espero. Vai ser fácil de me ver, procure um bando de garotas loucas babando por um cara descolado. Ou seja, vou ser o esquisito com cara feia ao lado do Marcus cercado pela mulherada.
–Ah, você vai mesmo com o Marcus –Antônio já sabia, mas achava que o Marcus fosse desmarcar de última hora para ir com alguma garota.
A conversa foi interrompida pelo time de basquete arrastando o Antônio para combinarem sobre a festa.
A noite demorou a cair devido a ansiedade. A cidade Martelo inteira estava empolgada com aquela grande festividade. Luiz desceu as escadas de sua casa e tentou sair sem que seus pais o vissem, mas falhou e foi obrigado a tirar fotos e ouvir comentários de como ele era fofo. O som de uma buzina o salvou daquele martírio de amor paternal.
–Boa noite –Luiz cumprimentou o Marcus quando entrou no carro dele.
–E aí, pequeno príncipe? –Foi a forma do astro do time de futebol o cumprimentar –Nem chegamos na festa e você já está com marca de beijo na bochecha?
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Amor Gigante
RomansaDois rapazes completamente diferentes encontram um no outro um porto seguro e aos poucos vão entendendo que "tamanho não é documento" principalmente quanto a questão é o amor. Venha aquecer seu coração com a história de amor de Antônio e Luiz. (Hist...