Depois de um dia tão longo os dois garotos capotaram no sono. Luiz foi o primeiro a acordar, estava deitado nos braços de Antônio. Constrangido de levantou e foi tomar banho.
Ainda sem saber o que queria, resolveu seguir fingindo que nada tinha acontecido. Entretanto durante as horas seguintes todas as vezes que eles se olharam começavam a sorrir ou rir.
–O que foi? –Ele perguntou.
–Nada. Você que está rindo –Respondeu Antônio.
–É você que está! E nem estou usando meu ataque de cócegas.
Quando chegaram a escola Valentes seguiram da mesma maneira. Ter que sentar lado a lado não ajudou.
"Como vou conseguir organizar meus pensamentos se ele fica me fazendo rir. Que raiva" Luiz queixou-se mentalmente.
–Turma, vou passar um trabalho pra semana que vem sobre a teoria do continente Olimpo. Podem formar duplas e trabalharem no fim de semana –Informou o professor de história.
–Pelo jeito vamos passar o final de semana juntos de novo –Antônio comentou casualmente, mas com um sorriso que entregava sua empolgação.
O professor foi chamado na porta por uma secretária que veio informar que a aluna Brenda havia dado a luz na noite passada. Aquela notícia/fofoca tomou conta da turma e a falação foi tamanha que o professor não conseguiu mais prosseguir com a aula.
A gestação havia durado oito meses e Brenda dera a luz a um menino saudável. Mais uma vez as pessoas levantaram as indagações sobre quem seria o pai.
–O bebê é branco, preto, asiático ou algum monstro marinho? –Brincou um cara do time de basquete arrancando muitas risadas.
Antônio serrou os punhos irritado, mas foi Luiz quem rebateu.
–Seja qual for a aparência do bebê, impossível ser mais feio que você.
–Como é que é, anão de jardim?
–Sem brigas, André! –Dessa vez Antônio interveio e só o fato de ficar de pé já foi o bastante para fazer seu colega recuar.
–Então manda esse mine otário não se meter comigo!
Os ânimos foram contidos, mas o André guardou rancor.
No horário vago o time de basquete foi treinar e finalmente Luiz teve um tempo pra pensar. Sentado no refeitório ficou encarando uma caixinha de suco perdido em seus pensamentos quando ouviu cochicho das garotas e até uns gritinhos. Luiz levantou o rosto e viu o astro do time de futebol vir sorrindo até ele. Marcus bagunçou os cabelos dele e sentou ao seu lado.
–E aí, pequeno príncipe? Tudo em cima?
–Na verdade estou confuso e precisando de um conselho.
Marcus era uma das pessoas mais legais que Luiz conhecia. Era popular, mas não deixava isso subir a cabeça, falava com todo mundo e distribuía sorrisos. E era muito gato. Luiz sacudiu a cabeça. Era como se um lado seu tivesse aflorado e o feito olhar o mundo de outra maneira. "Caralho, o Marcus é gostoso e eu não tinha percebido".
–Me fala sobre seus problemas. Tentarei ser um bom conselheiro. A gente se viu ontem no shopping, o que mudou em tão pouco tempo?
–Bem... De lá pra cá... –Luiz tentou recapitular e começou por uma parte bem específica –As coisas começaram a ficar estranhas quando eu e o Antônio ouvimos dois caras transando no banheiro.
Marcus se engasgou e tossiu tanto que seus olhos lacrimejaram. Por acaso era ele quem estava naquele banheiro macetando um paquera num desafio de fetiches que estava fazendo.
–Quem transa no banheiro de um shopping?
–Mais gente do que imagina –Marcus respondeu baixinho.
–O que foi?
–Continue.
–Depois disso... –Como organizar a narrativa do quase beijo com o Antônio, depois o parto da Brenda, a corrida no terreno do hospital e finalmente o beijo... Os dois beijos... Montado no Antônio! –Digamos que estou confuso sobre meus sentimentos sobre uma pessoa.
–Uma pessoa? –Marcus semicerrou os olhos e sorriu –Sei. E por que essa confusão?
–Não sei se estou pronto pra ir adiante. Eu...
–Foda-se.
–O quê?
–Quer um conselho? Foda-se. Vá fazer o que tem vontade e depois vocês veem no que dá.
–Como assim?
–Você não precisa pedir "essa pessoa" em casamento. Só faça o que vocês têm vontade e pronto. Depois vocês quebram a cabeça. É aquele ditado, melhor concertar um coração do que nunca ter amado. Ou trepado.
Luiz resolveu atender o conselho de Marcus. Então deixando de lado se queria namorar ou suas inseguranças sobre sua sexualidade foi até a quadra de basquete e disse ao treinador que estavam chamando Antônio na diretoria. O rapaz saiu preocupado, mas logo foi arrastado pelo menor até a parte de trás da escola.
–Luiz, o que está acontecendo?
–Antônio, eu não sei o que vai ser de nós no futuro, mas sei que estou morrendo de vontade de fazer isso aqui.
Luiz puxou Antônio pra baixo pela camisa e lhe tascou um beijo, não só um beijinho, ou dois como na noite anterior, e sim meia hora de beijos e amassos. Ambos até então só tinham ficado com garotas, aquela era a primeira vez com outro cara e ainda mais com uma pessoa que realmente gostavam. Foram beijos, gemidos e apertos. Ambos tiveram vontade de irem adiante, mas se contentaram.
Aquela foi uma segunda-feira muito animada. Luiz voltou pra casa todo saltitante e teve que lavar sua cueca, pois estava toda babada.
–Fazer o que eu quero é realmente um ótimo conselho.
Deitado em sua cama olhando para o teto e rindo feito um bobo, as dúvidas não o atormentaram. Por que pensar no futuro? Por que quebrar a cabeça pensando se era gay, hétero ou bi? Ele iria só viver o momento.
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Amor Gigante
RomanceDois rapazes completamente diferentes encontram um no outro um porto seguro e aos poucos vão entendendo que "tamanho não é documento" principalmente quanto a questão é o amor. Venha aquecer seu coração com a história de amor de Antônio e Luiz. (Hist...