Capítulo 27: O FINAL

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Quando Antônio entrou no salão todo arrumado e na beca chamou muita atenção, a festa praticamente parou só para recebê-lo. Literalmente, pois o DJ falou ao microfone:

–O Gigante está na área! Vamos receber o astro do basquete da escola Valentes!

"Que estranho" Antônio pensou. "Não estou me sentindo nem um pouco mal com as pessoas me chamando de Gigante". Antônio era um cara alto, tímido e com TDAH e estava tudo bem. Outro detalhe importante, é claro, era o outro garoto que entrou depois dele.

Luiz estava muito fofo todo arrumado e com o cabelo imóvel de tanto gel.

–Droga, não imaginei que anunciariam sua entrada no microfone.

–Acostume-se, está namorando uma celebridade –Antônio brincou.

–Quando foi que começou a se achar desse jeito?

–Você não foi o único que teve a autoestima melhorada nessa relação.

Os companheiros do time de basquete vinham ao encontro de Antônio que agiu rapidamente segurando a mão do Luiz. Os caras pararam de supetão fazendo expressões confusas. Roberto, o capitão, foi o primeiro a entender, e em invés de agir como um vilãozinho, sorriu e se aproximou dizendo.

–Pelo jeito vou ter que mudar meus votos de rei e rainha do baile. Olha só que casalzão inesperado e incrível.

E foi só isso. O grande medo de não aceitação deles como um casal gay se esvaiu, recebendo abraços e felicitações ao invés disso.

–Parabéns, vocês são ótimos juntos.

–Eu nunca pensei nisso, estou chocado, mas feliz por vocês.

–Quem diria que o coração do gigante seria fisgado por um anão de jardim?

O carinho foi tão bom que Luiz relevou as piadinhas contendo sua vontade de chutar a canela de alguns deles.

–Eu juro que estava pensando que íamos passar o baile todo nesse dilema e revelar nosso namoro no clímax da festa –Confessou Luiz.

–Quem é que está assistindo muita comédia romântica agora?

Os dois foram para o meio do salão e dançaram juntos e agarradinhos numa cena que poderia muito bem ser o final de um livro ou filme.

Marcus e Mônica estavam dançando do outro lado do salão quando os viram.

–Mentira! Tô chocada –Mônica comentou.

Marcus travou como se tivesse pego no flagra alguém o traindo. Nervoso olhou para os lados para ver as reações das pessoas, muitos estavam surpresos, mas ninguém, absolutamente ninguém disse nada negativo.

–Eles são tão fofos –Mônica comentou.

–Eu preciso ir ao banheiro.

Marcus andou cambaleante, quando chegou ao banheiro lavou o rosto na pia e se olhou no espelho e foi como se duas versões dele discutissem em seu interior.

–Viu só que dois caras podem ser felizes juntos? Ninguém os julgou, ninguém se importou.

–Até parece. Mesmo que ninguém tenha dito nada hoje, nos próximos dias a fofoca vai se espalhar. Os viadinhos vão sofrer muito.

–Marcus, você também poderia ter aquilo. Você pode amar outro homem.

–Nada disso! Não vai dar esse desgosto para sua família. Vai casar com uma mulher e ter filhos. Pode se divertir com outros caras no sigilo. O problema não é ficar com homem, e sim ser descoberto.

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