Capítulo 11: A Festa da Fogueira (Parte 1)

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Todos estavam animados para as festividades da Festa da Fogueira, uma tradição anual da ilha de Hefesto. Claro que na capital Lenmos era algo mais grandioso, ainda assim nas cidades menores, como a Martelo, todos se animavam para festejar.

Mesmo se passando poucas semanas do parto, Brenda planejava ir pra festa. Por esse motivo estava tentando adiantar as coisas que tinha que resolver, entre elas a papelada para voltar as aulas dali algumas semanas. Por este motivo foi até a escola Valentes. Antes de ir até a direção passou para dar uma espiada em sua classe e acabou observando a seguinte cena:

–Próxima dupla. Pode vir apresentar, Luiz.

–Prefiro que o Antônio apresente, professor.

O professor de história adorava passar trabalho em dupla ou equipe, mas na hora só sorteava um único aluno para apresentar, aquilo obrigava a todos saberem todo o conteúdo da matéria. Entretanto, ele fora aconselhado a nunca sortear os astros dos times de basquete ou futebol.

–O mané já quer sabotar o Gigante! –Se queixou André, um dos jogadores de basquete, indignado e ainda irritado com o Luiz após um bate boca dias antes.

Antônio não era muito bom nos estudos, quando formava dupla com a Brenda, era ela quem sempre apresentava os trabalhos. Achou que seria exatamente igual com o Luiz, mas este não aceitou aquilo.

–Pois me recuso a apresentar. Somos uma dupla e é injusto me escolher assim.

–Meu jovem, foi um sorteio –O professor se explicou.

–Que sorteio é esse que é feito na sua casa sem ninguém ver?

–Está me acusando de manipulação? –Se ofendeu o professor que claramente sempre manipulava os sorteios.

–Só estou dizendo que o Antônio tem capacidade suficiente para apresentar nosso trabalho.

A turma toda estava pensando que o Luiz estava se rebelando contra ter sido obrigado a forma dupla com o Antônio. Vários murmurinhos o xingando de tudo quanto era nome. Mesmo diante daquilo Luiz mantinha a cabeça erguida. Antônio estava nervoso, detestava falar em público, mas dessa vez estava mais preocupado com o seu time atacar seu amigo.

–Eu vou! –Ele disse ficando de pé e fazendo todos se calarem.

–Antônio, você não precisa... –O professor queria evitar dar nota baixa e fazer o astro do time ser impedido de jogar.

–Eu insisto –Ele foi pra frente da sala e começou a ler o texto que tinha produzido com Luiz e acabou se saindo relativamente bem sendo aplaudido exageradamente por todos como se estivesse conquistado um Oscar.

–Tentou sabotar o cara e se lascou! Vai se fuder, anão de jardim –André gritou.

As pessoas achavam que Luiz tinha quebrado a cara, mas ele sorria de orelha a orelha olhando orgulhoso para Antônio que ao sentar ao seu lado ainda tremendo agradeceu baixinho.

–Obrigado por acreditar que eu era capaz disso.

–Estou orgulhoso de você –Os dois apertaram as mãos debaixo da mesa.

Brenda sorriu no corredor, a mesma cena tinha duas interpretações completamente diferentes, e ela podia ver ambas, mas preferia a mais intimista.

–Aqueles dois se amam muito. Estou ansiosa pra ver a história deles se desenrolar.

–Brenda?

–Professor Ricardo?

A garota ficou desconcertada ao ver seu crush, o professor gostoso. Na noite passada havia até "homenageado" o bonitão quando foi tomar um banho demorado e dedilhado sua feminilidade imaginando sendo penetrada por ele. Era normal ter tanto tesão pós-parto?

–É ótimo te ver. Quando vai retornar as aulas? Está tendo uma boa rede de apoio com o bebê? Se precisar de qualquer coisa é só me falar. Não posso permitir que uma aluna brilhante como você pare os estudos no último ano.

–Muito obrigada, professor. Pretendo voltar as aulas em alguns dias!

Brenda sorria de orelha a orelha feliz pelo apoio do Ricardo. Uma parte dela sabia que aquela vontade de trepar com seu professor era apenas um impulso rebelde, não precisava ser posto em prática. Entretanto, havia outra parte que ansiava por fazer loucuras. Havia uma vontade constrangedora de dar seu bebê para a adoção e simplesmente seguir sua vida como se nada tivesse acontecido. Queria poder se dedicar ao máximo aos estudos de dia, enquanto de noite se entregaria aos prazeres da carne.

Aquele sentimento a fazia se sentir péssima, pois amava seu filho com todas as forças. Mas quando a noite caía, só conseguia pensar numa coisa: "Preciso quicar no professor gostoso pelo menos uma vez na vida".

A controvérsia dos seus sentimentos a fez ter ainda mais vontade de ir para a Festa da Fogueira. Talvez se espairecesse a mente se divertindo com seus amigos pudesse por a cabeça no lugar. Brenda resolveu as pendencias com o diretor e foi embora sem ser vista por seus colegas.

No intervalo, Antônio teve que sentar com o time de basquete. Todos conversavam empolgados sobre o que fariam na Festa da Fogueira, principalmente André que tagarelava sem parar. Tony não ouvia nada, pois olhava para outra mesa onde Luiz lanchava com o Marcus.

–Quero pegar tanta mulher nessa festa... –André seguia dizendo até acompanhar o olhar do Antônio –Eu sei o que você está pensando, Gigante.

–Oi? O quê?

–Está pensando que a mulherada vai fazer fila para aquele Cor de Âmbar.

–Está falando do Marcus?

–Não se preocupe, ele pode ser o astro do time de futebol, mas você é do de basquete. Tem mulher suficiente pros dois, não é como se estivessem brigando pela mesma garota.

Antônio deu um sorrisinho sem graça e detestou o pensamento que André pusera em sua mente. Marcus era lindo, popular e falava com intimidade com o Luiz. Embora Antônio não parasse muito para pensar na cor de pele das pessoas, o fato de Marcus ser um Cor de Âmbar também era um ponto a mais.

Na Terra 12 as pessoas negras eram chamadas de Cor de Âmbar por se originarem da Ilha Afrodite, conhecida por exportar joias e pedras preciosas e seu povo possuir a pele escura numa fascinante paleta de cores. Diferente de outras cresças que remetem a pele escura a tempos de escravidão e descriminação, neste mundo ser negro era sinônimo de riqueza e sedução, afinal, acreditava-se que descendiam da própria deusa do amor, Afrodite, a primeira Cor de Âmbar.

–Quer ir comigo para a Festa da Fogueira? –Marcus convidou Luiz que ficou surpreso e até se engasgou com suco.

–Pensei que você levaria alguma garota.

–Levei ano passado e foi um saco. Aí pensei que você estaria todo deslocado em sua turma nova. A não ser que... –Marcus olhou diretamente para Antônio que desviou o olhar constrangido –Você já tenha ficado próximo da turma B –Ele sorriu, pois já tinha sacado tudo há muito tempo.

–Podemos ir juntos!

–Ótimo! Mas não se preocupe, se quiser dar uma escapada pra dar uns amassos, fique à vontade.

A cara do Luiz foi tão engraçada que Marcus riu alto atraindo ainda mais a atenção do time de basquete. André fez uma carranca irritado, e Antônio não queria admitir, mas estava sendo cutucado por uma flecha de ciúmes.

–Gigante, meu pai me emprestou o carro! Passo na sua casa às sete horas.

–É que... –Antônio imaginou como seria legal dançar com o Luiz ao redor da fogueira, mas dificilmente aquilo seria possível –Tá legal.

–Vamos todos nos dar bem nessa festa!

Era de conhecimento geral que muitos jovens aproveitavam a Festa da Fogueira para perderem a virgindade. Antônio e Luiz se olharam de longe e sorriram discretamente, eles não admitiriam, mas ambos estavam pensando que talvez aquela festa fosse o empurrãozinho que precisavam para transarem.

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