O sol raiava naquela manhã de domingo, um pequeno rapaz se aprontava para encontrar seu enorme amigo, enquanto refletia sobre o dia anterior.
–Eu tava sentado no colo dele! –Berrou Luiz debaixo do chuveiro quando a ficha caiu –Que vergonha!
Mesmo assim, Luiz seguiu como combinado e foi encontrar Antônio no shopping. Foi fácil vê-lo, era de longe o mais alto, como um farol no meio daquele mar de gente.
Luiz acenou e o outro abriu um enorme sorriso que fez o outro sentir uma coisa estranha, uma sensação desconcertante. "Ai meu estômago. Espero que não me dê dor de barriga" Luiz pensou.
–Está esperando há muito tempo?
–Não muito, cheguei tem uns dez minutos.
Os dois seguiram conversando e olhando as lojas. De tempos em tempos um deles se lembrava do dia anterior e ficava encabulado.
Numa das lojas Luiz foi experimentar roupas de educação física e ficou irritado, pois mesmo as de tamanho P ficaram folgadas.
–Quer dar uma olhada na seção infantil? –Uma vendedora sugeriu fazendo o rapaz ficar de boca aberta.
Antônio percebeu a explosão que estava se formando e se intrometeu agradecendo a vendedora e arrastou Luiz para outra loja.
Um cara do terceiro ano usando roupa da seção infantil? Luiz nunca se sentiu tão humilhado. Pelo menos foi o que achou naquele momento, ele era do tipo exagerado, tudo sempre parecia maior e mais importante do que realmente era.
Antônio se divertiu com aquela situação, mas não fez piada. Ao chegarem na próxima loja Luiz experimentou outras roupas, mas dessa vez chamou o outro para acompanhá-lo e dar sua opinião.
–O que achou?
Antônio olhou Luiz dos pés à cabeça, o short acima dos joelhos mostravam suas cochas lisinhas, a camisa regata mostrava os braços definidos. Todo o conjunto fez Antônio expressar mais verdade do que pretendia:
–Está muito bonito.
Não foi só a frase, mas como ela foi dita. Luiz ficou vermelho e gaguejou um obrigado enquanto voltava para o provador e pensar: "O que diabos estou fazendo? Por que estou todo sem jeito? Eu não sou assim".
Do lado de fora, Antônio apertou os punhos irritado consigo mesmo. Como ele podia dar tanta bandeira? E por que raios já estava de pau duro de novo?!
–Você não vai experimentar nada? –Luiz perguntou depois de se trocar.
–Preciso de um tênis.
Foi preciso irem a cinco lojas até encontrarem tênis que servissem, em todos os estabelecimentos Antônio precisou ouvir piadinhas:
–Desculpe, aqui só temos tênis, prancha de surfe vende na praia –Brincou um vendedor rindo muito achando que estava sendo simpático.
–Escuta aqui... –Luiz foi pra cima dele, mas Antônio o segurou e o puxou pra fora da loja –Você tem que revidar, Tony.
–Eu revido... as vezes. Mas se fosse sair no soco com todo mundo que fala da minha altura, já estaria preso.
Luiz trincou os dentes irritado. O baixinho era valente e ainda assim era alvo de piadas e muitas vezes já sofreu com bullying, principalmente dos atletas. Falando nisso, os dois acabaram esbarrando com um colega da escola.
–Marcus? –Luiz ficou surpreso por se deparar com o único atleta de quem era amigo.
–Oi, Luiz. Oi, Antônio. O que fazem por aqui?
–Compras –Luiz respondeu sorridente, ele gostava muito do Marcus –E você?
–Eu vim encontrar um... Amigo –Marcus respondeu dando um sorrisinho safado –Eu vou indo, nos vemos depois, carinha –Ele bagunçou os cabelos de Luiz e foi embora.
Antônio ficou irritado. "Carinha? Pensei que o Luiz detestasse ser chamado no diminutivo. E que sorriso bobo é esse?".
–Não sabia que você e o Marcus eram amigos –Antônio comentou.
–Você e eu não somos próximos há um bom tempo, tem muita coisa que não sabe sobre mim.
Marcus era o astro do time de futebol da escola da mesma forma que Antônio era do time de basquete.
Antônio havia sentido uma vibe estranha em Marcus e minutos depois descobriria que tinha razão. Ele estava indo ao banheiro quando viu o tal Marcus arrastando outro rapaz. Antônio entrou na ponta dos pés e os viu entrarem numa das cabines.
O som de beijos e amassos não estava nada sútil. "Ok, Marcus é gay" Antônio concluiu principalmente quando o começou a ouvir gemidos abafados. "Ok, isso é excitante pra caralho".
–Vai morar no banheiro? –Luiz perguntou minutos depois fazendo Antônio dar um pulo.
O gigante não tinha percebido que tinha se passado tanto tempo simplesmente ouvindo dois caras transando. Os barulhos pararam, o casal ficou alerta.
Antônio ficou desconcertado e sem saber tapou a boca do Luiz e o arrastou pra fora do banheiro.
–O que foi isso? –Luiz perguntou confuso e irritado.
–Tinha... Dois caras transando e... –Antônio não quis contar que era o Marcus.
–Eita! –Luiz ficou vermelho –Quem transa num banheiro de shopping? Vamos sair daqui.
Antônio usou as sacolas para esconder sua ereção latente. Ficou aliviado por Luiz não questioná-lo sobre sua demora. Ele próprio não tinha se dado conta que tinha demorado. Os gemidos na sua cabeça eram tão reais que serviram de combustível para seu pau continuar de pé, principalmente quando do nada imaginou estando naquela cabine fazendo a mesma coisa, mas com o Luiz.
–Você está estranho –Luiz disse entregando um milk shake a Antônio.
–Não foi nada. Obrigado –Ele respondeu chupando o canudo e sentindo o alívio do frescor e doçura do milk shake.
–Luiz... Eu comprei um jogo novo... Sei que amanhã tem aula e tudo mais. Só que... Gostaria de dormir na minha casa hoje?
Fazer aquele convite deixou o coração de Antônio batendo a mil. Luiz refletiu a respeito e acenou a cabeça.
–Tudo bem, vai ser legal. Afinal costumávamos dormir várias vezes na casa um do outro.
Os sorrisos não paravam, ambos estavam gostando muito de voltarem a ser amigos.
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Amor Gigante
Storie d'amoreDois rapazes completamente diferentes encontram um no outro um porto seguro e aos poucos vão entendendo que "tamanho não é documento" principalmente quanto a questão é o amor. Venha aquecer seu coração com a história de amor de Antônio e Luiz. (Hist...