Estava desesperada enquanto vestia meu moletom. Melanie parecia mais apreensiva que eu quando fechou a porta, pois ela sequer percebeu que era um dos únicos lugares que eu poderia fugir.
Você disse que seu pai estava em Paris! — reclamei enraivecida
Mas ele estava, eu juro! —retrucou rapidamente— eu não sei o que fez ele voltar
Talvez ontem ter sido seu aniversário explique isso— resmunguei
Martinez? —a voz autoritária indagou do outro lado da porta
S-só um segundo— respondeu nervosa
Por onde saio agora, Einstein? —questionei irritada com aquela situação
Pela janela— redarguiu como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo— o que foi?
Estamos no segundo andar, isso não é tão fácil quanto parece— reclamei antes de ouvirmos novas batidas na porta— eu vou me lascar lá embaixo, você sabe disso!
Melanie, abre! —a voz do sr. Martinez estava começando a soar impaciente
Vai pra janela, se aguenta lá, por favor— implorou antes de ir de mansinho para perto da porta. — eu vou ter que abrir.
Somente suspirei antes de olhar para a janela. Ser uma garota já era o suficiente para o pai de Melanie me odiar intensamente, afinal, a Martinez nunca escondeu que gostava de mim, e se ele descobrir que acabei dormindo com a filha dele, talvez ate mesmo procurasse me dar um fim aqui mesmo. Eu não tinha mais outra escolha para agora.
Segui a sugestão de Melanie e me aproximei da janela, abrindo-a lentamente enquanto me apoiava no parapeito. Olhei para baixo e senti meu coração acelerar ao perceber a altura.
Isso é loucura... — sussurrei para mim mesma—loucura pra caralho
Demorou para abrir —ouvi o Sr. Martinez reclamar
Desculpe— pediu Melanie
A casa está uma zona e há bexigas de festas por todos os lados— resmungou ele— sem a minha permissão deu uma festa?
Ninguém veio...—mentiu ela
Era uma meia-verdade querendo ou não, afinal, expulsou todos dali.
Meus dedos começaram a estralar com o peso, tinha que procurar um jeito de me safar antes que acabe caindo daqui, mas estava curiosa com o que o Martinez queria dizer em seguida.
Não há ninguém? Mesmo?— questionou duvidoso antes de consegui ver seu queixo na janela, parecia querer encontrar vestígios de alguém e pela primeira vez na vida rezei para o mesmo não olhar pra baixo.
O velho Martinez fechou a janela em meus dedos e eu me segurei para não gritar com a dor. Apressadamente Melanie abriu a janela e eu só pude segurar as lágrimas que queriam escapar dos meus olhos.
Está um dia quente— justificou-se antes de voltar para seu pai— o que lhe traz aqui?
Negócios, sabe que ser dono de um dos maiores bancos do mundo me faz ficar sem pouso fixo, Mel— resmungou entediado— sem contar que... quero entrar em outros ramos competitivos, talvez tecnologia
Franzi meu cenho com aquela frase.
Como assim, papai? —indagou ela
Bem, digamos que em breve você e o resto dessa cidade saberá— garantiu firmemente
Respirei fundo e comecei a descer, agarrando-me nas paredes e me apoiando onde era possível. Minhas mãos pareciam serem feitas de gelo, e eu sentia o suor escorrer pelo meu rosto.
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A Fórmula do Amor (Billie/You)
Teen FictionAnos 80 são conhecidos como década perdida, onde jovens revoltados pela grande estagnação latina tornam-se propensos aos movimentos anárquicos e punks. Em uma renomada família, S/n Allodia cada dia mais declina-se ao ser simpatizante desses jovens r...