1˚ Capítulo

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Onde você estava em 1988?

Bem, esse é o tipo de pergunta que não faço todo dia para as pessoas, porém me lembro onde estive e o que houve, pois foi nesse ano que minha vida mudou. Eu era mais um dos jovens que foi consumida pelo espirito da anarquia que os punks lideravam. Não me vestia como eles, porém creio que ninguém tem coragem de chegar perto de uma garota que usa uma jaqueta preta Calvin Klein enquanto deixava a mostra sua regata branca preenchida de cordões maciços.

O bom de não fazer parte dos punks (porém seguir suas leis), era que ninguém remeteria sua revolta e surtos a eles, mas sim sobre a juventude ou até mesmo seus próprios pais. A maior diferença de mim e a maioria que fazia isso é que ninguém era louco o suficiente para contestar meus atos, afinal minha família foi a fundadora dessa cidade.

Deveríamos ir embora antes que fiquemos encrencados—aconselhou Tyrone, meu amigo e companheiro de encrencas— foi uma ideia idiota você matar aula e vir até o museu para tentar "vandalizar" algo.

Você topou vir para essa ideia idiota— retruquei

Eu só vim para você não se meter em encrenca— defendeu-se

Não iria evitar nada— relembrei enquanto continuava a andar pelos corredores do lugar— e não foi uma ideia completamente idiota. Ninguém vem ver essas velharias de segunda-feira de manhã.

É arriscado... —insistiu— S/n, se nos pegarem vão fazer questão de falarem pros nossos pais!

Se está com medo é melhor ir embora— sugeri— eu não me importo de descobrirem que sou uma Allodia. Irão ficar bravos, mas jamais irão ter coragem alguma de me contestarem conhecendo a importância que minha família tem.

Diferente de sua família, a minha não tem condições nem pra comprar tênis de marca—Resmungou Tyrone— Se nos descobrirem a minha mãe vai me bater com o cabo do ferro de passar!

A senhora Parmentier é um doce de pessoa—relembrei— jamais levantaria a mão pra você ou seus outros sete irmãos.

Você é que acha—deu de ombros

Continuamos andando até pararmos na ala de estátuas gregas. Haviam somente bustos de homens e mulheres ali, porém era invejável a perfeição de cada rosto olhando para o vago nada.

Esse cara parece o nosso professor de matemática, o senhor Fleischer! — caçoou Tyrone apontando para o busto de um rechonchudo homem barbado. — "bom dia alunos, abram o livro na página 207 e vamos dar continuidade ao assunto mais chato e inútil que poderão aprender em suas vidas: A formula de Bháskara."

Não aguentei ouvir Tyrone imitar nosso professor sem rir. Parecia uma imitação perfeita o suficiente, era como se o chato do Fleischer estivesse ali pronto para nos dar sermões sobre como a matemática é importante e como não devemos caçoar dela.

Ainda não parece nosso professor—avisei contendo minhas risadas— está faltando aqueles óculos escuros que ele usa quando chega de ressaca.

É verdade— concordou ele enquanto tirava de seus bolsos seu casual Ray-Ban. —Isso deve dar um jeito.

Tyrone mal terminou de colocar os óculos no rosto do busto e eu já estava morrendo de rir. Ele também riu ao ver a grande semelhança que ficou, mas nossas risadas foram cortadas ao notarmos um guarda surgir no fim do corredor.

O que pensam que estão fazendo? —esbravejou o homem— saiam de perto dessas estatuas agora mesmo!

Fudeu... —murmurou Tyrone

A Fórmula do Amor (Billie/You)Onde histórias criam vida. Descubra agora