Fiquei um bom tempo olhando para o teto e na espera de alguma palavra, qualquer que fosse, mas parecia que Juliette não ia abrir a boca.
Me levantei da cama e fui até o banheiro descartar a camisinha. Me olhei no espelho e fiquei por minutos refletindo sobre o quê tínhamos feito. Talvez tenha sido uma péssima escolha se deixar levar pelo desejo.
Quando retornei ao quarto, Juliette estava terminando de se vestir. Parei de frente a ela e esperei que ela me dissesse que estava arrependida, minha visão era pessimista.
- eu preciso falar... Por favor me ouça.
Não respondi, apenas balancei a cabeça.
- faz tanto tempo, mas eu sei que a nossa história não terminou do jeito certo. Eu errei em não te ouvir, em não terminar contigo de uma forma digna. Tu sempre foi bom comigo e não pense que eu não sofri. - ela fez uma pausa. - Rodolffo me perdoe...
Eu me aproximei dela com o coração cheio de esperanças e olhando nos seus olhos lhe perguntei:
- acredita em mim? Acredita que eu não fiz aquilo? Que foi uma armação e que eu fui uma vítima tanto quanto ocê de um plano para destruir o quê tínhamos?
- Rodolffo...
- diga Juliette... Diga que acredita em mim.
Era tão importante para mim ouvir aquilo, mas ela só ficou me olhando e não disse nada. Aquilo me feriu muito.
- por que está aqui se não acredita em mim?
- eu nunca deixei de gostar de você... - ela disse com os olhos marejados. - é por isso que estou aqui.
- mentira! Quem gosta confia e acredita e não existe isso mais entre nós. Por que também não confio e nem acredito em ocê. Acho que o quê fez comigo aqui nessa cama pode fazer com qualquer um que te interesse.
- tu acha que eu sou uma vagabunda? É isso?
- eu não sei quem é a doutora Juliette... Na verdade acho que nunca te conheci verdadeiramente nem no passado.
- está sendo injusto comigo... Isso machuca.
- acha que só ocê sabe ferir? Eu também sei. E no momento que me faz sangrar, quero que sangre também.
- não te reconheço... Nunca foi assim tão vingativo.
- eu mudei. Só para que saiba eu persigo o Rubens até hoje. Me ache uma pessoa terrível, mas eu não deixo ele parar em um emprego sequer. Ele acabou com os meus sonhos e eu vou tentar acabar todos os dele.
- não vai adiantar de nada... Isso não tem valor nenhum Rodolffo.
Eu não respondi nada. Vi ela pegar os sapatos e se afastar de mim.
- só para que fique claro, não sou a doutora que vai pra cama com qualquer um e mesmo que eu fosse, isso não seria da sua conta.
- se não é da minha conta, não continue.
Ela me olhou uma última vez e saiu. Assim que a porta bateu eu fiquei me sentindo como alguém que havia perdido um pedaço de si.
...
Voltei para o meu apartamento e quase não consigo abrir a porta de tanto que eu tremia.
Não era possível que um momento tão íntimo e de total entrega tivesse terminado daquela forma. Eu estava inconformada.
Meu desejo era voltar lá e dá uma bofetada na cara de Rodolffo, principalmente pelo desrespeito comigo. Eu estava com muita raiva.
Mas não tive tempo de voltar lá, minha campainha tocou e eu já fui abrir a porta furiosa.
- olha se tu pensa que... - quando dei por mim era Camila. - o quê tá fazendo aqui?
- mulher onde tu se meteu? Quase morro de preocupação. Sumiu do nada Juliette. Isso não se faz.
- Camila eu já sou bem grandinha, não acha?
Ela começou a me olhar e eu comecei a achar aquilo estranho.
- com quem tu tava? - ela disse colocando a mão na boca.
- Camila...
- Juliette tu desencalhou... Meu Deus do céu. Não creio.
- pare Camila.
- desgrenhada, cabelo assanhado e com um chupão no pescoço. Ai... Credo que delícia. Quem é Juliette? Me conta amiga.
- não é ninguém... - dei uma pausa. - Ninguém importante.
- não acredito que fez sexo só pelo prazer... Menina precisamos comemorar.
- eu preciso dormir Camila e não quero mais falar. Agora volte para o seu apartamento e me deixa.
- vou voltar, mas amanhã tu vai contar como foi isso... Ah se vai. Boa noite Juliette.
...
Eu ouvia a conversa de Juliette e Camila no final da escada e ouvir dela que "não é ninguém. Ninguém importante", me fez entender que ela realmente só quis me usar para satisfazer os seus desejos.
...
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Coincidências do amor
ФанфикAs vezes um simples um olhar faz a gente se apaixonar. O casal desse conto se conhece por coincidência e outras coincidências os une ao longo dessa trajetória.