Eu nunca te vi assim...

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Rodolffo me buscou no escritório e eu sabia que tinha alguma coisa muito errada com ele. Seu semblante era sério, mas não por chateação, era uma tristeza, que eu não sabia de onde ou por que existia.

Fomos almoçar e no momento da refeição eu comi, mas ele mal tocou na comida. Eu tinha vontade de interrogar e ser clara com ele, mas eu resolvi esperar o seu tempo. Ele ia me contar, mas sua mente só buscava a melhor forma de fazer, eu o conhecia e isso era uma característica dele.

- que tal a gente ir no cinema? - ele disse segurando minhas mãos enquanto esperávamos a conta.

- que tal ir pra nossa casinha e assistir filme por lá mesmo? Estou doida pra tirar essa roupa apertada. - fui sincera.

- tá doendo muito? - ele passou o polegar na minha bochecha.

- não. Está bem mais tranquilo.

- que bom.

Pagamos a conta e fomos para casa. Um caminho de silêncio e isso me deixava bastante ansiosa. Mas não iria forçar nada.

Chegamos em casa e eu fui logo tomar meu banho relaxante. Rodolffo tomou o dele em seguida e eu aproveitei para fazer pipoca. Fiz duas porções grandes e levei pra cama. Fechamos as cortinas e ligamos o ar numa temperatura agradável.

Nos cobrimos e eu comecei a escolher o filme que íamos assistir na tarde da preguiça.

- amor... - Rodolffo me chamou me interrompendo.

- sim... - eu disse olhando para ele.

- eu preciso te contar uma coisa.

Eu deixei as pipocas e o controle de lado, me virando para ele.

- pode dizer Rodolffo. Seja o quê for, eu vou estar aqui.

- eu tenho medo. - ele confessou e começou a chorar.

Nunca vi Rodolffo chorar assim.

- que houve? Eu nunca te vi assim...

- Juliette eu não consigo controlar tudo e a minha vida não é limitada só a mim o tempo inteiro.

- eu sei disso. Mas o quê foi? A empresa vai mal?

- não tem a ver com a empresa, tem a ver comigo.

- pois fale. Tu tá me deixando aflita.

- quando cê terminou comigo, eu vive o nosso distanciamento com dor e tirei um tempo pra mim, sem ninguém, isso me fazia refletir sobre muitas coisas. Mas depois de uns meses eu comecei a sair, a conhecer pessoas e ter a minha vida de homem.

O início da conversa já fez meu coração apertar, mas eu não falei nada. Não iria interromper.

- nessas minhas viagens, precisamente numa festa de São João aqui em São Paulo, eu conheci uma modelo. Uma mulher atraente e que me envolveu. Passei alguns dias por aqui e ficamos juntos por umas três noites. Depois disso, nunca mais a vi. Não foi paixão ou algo parecido, nem pra mim e nem pra ela. - ele deu um suspiro. - Antes que me pergunte, eu usei preservativo em todas as vezes, mas em uma delas houve um estouramento e eu vi na hora.

Senti uma vertigem quando ele me falou isso. Não era possível.

- eu comprei a pílula do dia seguinte e pedi para que ela tomasse. Mas acontece que ela não tomou.

Eu me afastei assustada de perto de Rodolffo.

- Juliette... Não faça assim. Me escute.

- estou ouvindo... Termine. - eu disse meio no automático.

- hoje eu recebi a visita dessa mulher e ela trouxe consigo um bebê de seis meses de vida, ele tem por nome Rafael e pode ser meu filho.

Rodolffo terminou de falar e caiu no choro de novo. Enquanto eu estava tão perplexa que não conseguia falar.

- ele parece comigo Ju... Eu não queria que fosse assim. Eu queria que fosse seu e meu. Mas a mãe dele tá morrendo e eu não posso ignorar que ele existe. Eu vou fazer um DNA e se for verdade tudo isso, não posso abandonar o menino... Não poderei viver em paz e saber que deixei um filho pra trás.

Eu não tinha palavras e minha cabeça girava enquanto eu olhava para Rodolffo.

...

Coincidências do amor Donde viven las historias. Descúbrelo ahora