- o quê posso fazer para que melhore? - eu perguntei deitando ela novamente na cama.
- eu preciso de um analgésico.
- onde acho?
- no armário da cozinha.
- não levanta. Eu vou buscar.
Achei o remédio e levei com um copo de água até a cama dela.
- agora toma, deita e tenta ficar bem.
- obrigada. - ela disse enquanto pegava o copo da minha mão.
- não precisa agradecer... Faria esse favor a qualquer pessoa.
Vi Juliette baixar os olhos e talvez usar a palavra favor não tenha sido a melhor das expressões.
- agora eu tenho que ir. - disse a olhando uma vez mais.
- não precisa perder sua paz... Não por mim.
- sabe o quê é ser acusado de algo que não fez? Ser injustiçado? Não consegue imaginar o quanto dói. Mas um dia a verdade chega e cê vai descobrir quem é a Camila. Ah vai sim... Sua amiga invejosa e perigosa. Camila nunca quis a nossa união e fez a sua cabeça completamente.
- eu já me decepcionei muito com a Camila. E pelo andar da carruagem a tendência é que piore.
- ainda bem que o tempo fez você abrir os olhos.
Eu tinha dado as costas para a saída do apartamento quando Juliette me chamou.
- Rodolffo...
Me virei e voltei a olhar para ela.
- poderia ficar só mais um pouco?
- Juliette quer ir num hospital? Eu te levo.
- não... Eu não quero ir.
- não posso ficar.
- por favor. - ela pediu com um olhar marejado.
- eu tenho um compromisso e cê sabe que não gosto de descumprir a minha palavra.
- tudo bem. - ela disse mordendo os lábios.
- se cuida. Estou indo.
Não me estendi no assunto, sai dali sentindo que fazia a coisa mais errada da vida. Ela tava doente e precisava de mim, mas não confiava em mim, tão pouco me deu seu perdão. Então movido pelo orgulho, fui embora.
...
Cai no choro quando ele deu as costas e fechou a porta. Eu ainda gostava dele, mas ele não demonstrou ainda gostar de mim. Era difícil reencontrar com ele e eu sabia que isso poderia acontecer mais vezes de agora em diante por que seríamos vizinhos.
Mas era isso. Eu tomei a minha decisão e certas coisas mudam com o tempo. Os sentimentos se transformam rapidamente.
O quê eu poderia esperar desse reencontro além do que foi? Nada. Eu fico aqui me sentindo ridícula por ter perdido para ele ficar, sendo que ele tinha um compromisso inadiável para comparecer.
É como a Camila diz mesmo, eu sou uma tonta.
...
Duas horas depois...
Restaurante português.
- que foi Rodolffo? - perguntava Matheus.
- nada não.
- tá calado.
- tô preocupado.
- com a obra?
- também. Mas não só com a cabeça obra. O quê fazer quando o destino te coloca muito perto de alguém que foi e ainda é muito importante procê?
- ih sei não... É complicado. Está falando de uma ex?
- as vezes acho que preciso do perdão dela... Mas eu também sinto que guardo uma mágoa por sua desconfiança.
- as vezes não é mágoa de verdade... É só uma revolta mesmo. Aquela coisa de que não deu certo e a gente fica puto por que escorreu pelas mãos a grande chance. Mulher é complicada demais.
- pode ser isso mesmo.
- o melhor remédio é arrumar outra cara.
- já tentei Matheus. Não pense que não busquei o esquecimento, mas eu sempre comparo as outras com ela e não existe comparação. O quê a gente tinha era único.
- cê ainda é arriado.
- ela me pediu ajuda e eu tô me sentindo uma pessoa horrível por ter negado.
- acho que isso nunca acontece né? Sempre tá disposto a ajudar todo mundo.
- o quê eu faço Matheus?
- não sei... Diz que mudou de ideia. Que pode ajudar.
- acho que tenho que ir. Olha tá aqui a minha ajuda.
Deixei o dinheiro encima da mesa e peguei o carro seguindo pelo trânsito até o condomínio. Eu sou fraco e orgulhoso, mas para ela me pedir que ficasse é por que se sentia muito mal, não deveria ter feito o quê fiz.
...
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Coincidências do amor
FanficAs vezes um simples um olhar faz a gente se apaixonar. O casal desse conto se conhece por coincidência e outras coincidências os une ao longo dessa trajetória.