Você mudou demais

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- não sei se estava vivendo ou esperando viver isso de novo... - Rodolffo disse enquanto tentávamos controlar a respiração.

- eu achei que estava doida quando tu me falava aquelas coisas por mensagem e eu achava que era indireta.

- não era indireta... Eram diretas.

Rimos disso e em seguida Rodolffo tossiu.

- temos que ir... Não quero que tu fique doente.

- Ju... Eu não tô doente. Eu tô feliz.

- eu sei... Mas você esteve internado, não podemos vacilar. Vamos.

Saímos da água e estávamos literalmente encharcados.

- e agora? - eu falei olhando para Rodolffo. - nenhum taxista vai aceitar a gente nesse estado.

- uai... Aqui não tem ônibus?

- tem.

- vamos de ônibus então... Só precisamos torcer as roupas.

Ele foi logo tirando a bermuda e aparentemente não sentiu constrangimento em ficar de cueca na minha frente.

- ainda bem que deixei a carteira na areia... Se não tinha molhado tudo.

Eu olhava pra ele e parecia está hipnotizada.

- eu sendo ocê torcia esse vestido aí... Vai ajudar a não pingar tanto.

- não... Só vou torcer a barra.

E assim eu fiz. Óbvio que eu tinha vergonha de ficar com peças íntimas na frente dele.

- então vamos Ju?

- vamos sim.

Ele me deu mais um beijo e seguimos juntos em busca de um ônibus.

Voltamos pra casa no aperto de um busão lotado, mas Rodolffo não parava de admirar das coisas. Ele tem riso fácil mesmo nas situações caóticas.

Depois que finalmente pegamos o caminho de volta para o apartamento, Rodolffo me abraçou enquanto seguimos pela rua.

- foi tão bom...

- foi sim... Mas agora temos que tirar essas roupas e não repare que se alguém nos vir, vai ficar nos olhando.

- ligo pra isso não... Podem olhar. O quê importa é ter você. - ele me deu um na cabeça.

- tu não me iluda...

- quem tem potencial pra iludir aqui é você.

Eu sabia que isso não era verdade, mas não quis falar nada. Rodolffo não sabia o quanto eu já fui iludida, o tanto que já sofri, mas isso era a última coisa que eu queria falar naquele momento.

...

Íamos chegando no prédio que Juliette morava e conversávamos assuntos banais. O nosso riso era sempre fácil e eu não cansava de ouvir suas histórias, que fossem felizes ou tristes, eram sempre histórias interessantes.

Senti o semblante de Juliette mudar na hora que um homem saiu de um carro celta na cor cinza.

- eu precisava ver para acreditar Juliette. - ele veio em nossa direção com um dedo apontado para Juliette. - quando foi que você se transformou em uma vagabunda? - ele vinha em nossa direção e eu me impus no meio.

- quem cê pensa que é pra falar com ela desse jeito?

- eu era o macho dela... Mas agora vejo que você assumiu o meu lugar.

- não fale com ela desse jeito.- eu alertei.

Juliette estava calada e seus olhos tinham lágrimas.

- você mudou demais Juliette... Quem te viu e quem te vê. Comigo era uma coisa, com esse daí é outra. Está se comportando como uma vagabunda.

Juliette veio em direção dele e parecia estar furiosa.

- vagabunda eu fui quando namorava você. Tu me traia e me enganava Daniel. Eu te disse naquele dia que tinha acabado e foi sua escolha ignorar isso. Vai embora daqui, me deixa em paz e vai cuidar do seu filho. Esse é o seu dever. Esqueça que eu existo.

Ele tinha um rosto duro, mas foi se afastando e logo depois entrou no carro.

Juliette já tinha entrado no prédio e eu subi as escadas enquanto ouvia o seu choro.

- ei... Calma. Juliette, calma. - disse assim que a alcancei.

- não sou o quê ele disse...

- claro que não é... Não escuta esse babaca.

A abracei forte e eu sabia que naquele momento ela só precisava de alguém que a ouvisse e que tivesse carinho a oferecer.

...

Coincidências do amor Donde viven las historias. Descúbrelo ahora