Um encontro forçado

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Campus da UFPB.

- hoje tem aula daquele chato. Aquele professor não cansa de ser mandão. - Monalisa reclamava do nosso professor de Direito Eleitoral. - Eu não acredito que estamos no penúltimo semestre Ju. Tu tem ideia que a gente forma ano que vem?

- tu tem ideia que a gente tem que prestar prova da OAB ano que vem? Ah meu Deus.

- mas a gente passa... Tenha medo não bichinha... Tudo vai dá certo.

- tenho que fazer muito cabelo e muita maquiagem para conseguir me manter um tempo sem atender, quero me dedicar por dois meses a prova de ordem.

- eu também quero isso. - Monalisa pegou na minha mão. - Ju, ali é o Gui?

- o próprio. Eu pensei que você tinha desapaixonado do pobi, saiu com outro ontem...

- shiii mulher... Eu ainda quero o Guilibaldo. Mas ele quem terminou comigo, né? Também não posso morrer por causa dele.

- eu acho que ele ainda te quer muito também. Olha a carinha dele pra tu. - eu disse vendo o Gui olhar a Monalisa.

- tu só não ver a cara do povo pra ti né dona Juliette?

- ninguém me olha assim não criatura, nem o Daniel.

- ave Maria, falou na peste... Olha ele vindo ali. Amiga vou indo.

- eu também vou.

E eu ia mesmo, mas o Daniel me bloqueou no caminho.

- Juliette precisamos conversar...

- não tenho nada pra falar com você.

- eu já vi tudo. - ele disse com um dedo quase esfregando na minha cara.

- viu tudo? O quê tu viu?

- não tem vergonha de ir a São Paulo e dançar daquele jeito com um desconhecido?

- oxente... Eu só estava dançando normal... Não tinha nada demais ali.

- de vestido preto, batom vermelho e jogando o cabelo pro lado e não tem nada demais?

- eu não sou mais sua namorada. Não controla mais o quê eu visto, com quem eu saio ou qualquer outra coisa.

- eu te conheci diferente. Eu gostei de você por sua diferença.

- e daí? Me trocou por uma qualquer e deveria estar com ela, cuidando para que ela fique bem na gravidez.

- eu não quero esse bebê com ela. Eu quero esse bebê com você. Volta pra mim Juliette.

- acabou Daniel. Já chega desses pedidos. Não tem volta.

- está apaixonada por ele?

Aquela pergunta tinha uma resposta óbvia, mas eu não diria a verdade a Daniel.

- isso não é da sua conta. Se eu estiver ou não, pouco te importa.

- se eu vir você com esse cara, acho que vou morrer.

- não seja ridículo. - eu ia sair mas ele segurou minha mão.

- diz pra mim que não dormiu com ele... Por favor. Você ainda é minha... Eu sei que é. - ele foi se aproximando devagar de mim. - Uma roupa, uma dança e tudo aquilo não muda quem você sempre foi. - ele passou o polegar na minha bochecha. - sei que você não teria coragem.

Eu cederia mais uma vez a ele se não fosse rápida, então me desvincilei dele e disse:

- eu dormi com ele e foi incrível. Se era isso que desejava saber, já está sabendo.

Ele fechou a cara e se afastou. Não dissemos mais nada um ao outro. Eu fui para a sala de aula.

No caminho senti uma vontade enorme de chorar. Meu sentimento pelo Daniel ainda existia. Era algo burro da minha parte, mas cinco anos juntos não são cinco dias.

Daniel foi meu primeiro namorado, o primeiro homem e fizemos planos de uma vida e de construir uma família. Ele me traiu não só essa vez, mas outras tantas, porém eu sempre arrumava desculpas para perdoá-lo. Mas saber que ele fez um filho em outra mulher acabou com tudo. Doeu e ainda dói, mesmo que eu queira superar.

Com ele aprendi que não vale a pena entregar o meu coração para alguém, por que mais cedo ou mais tarde ele será quebrado em mil pedaços.

...

Coincidências do amor Donde viven las historias. Descúbrelo ahora