Dois dias depois...
Era segunda-feira e eu estava me arrumando para ir ao escritório. Hoje eu tinha uma cliente nova para atender e o assunto parecia ser bem tenso.
- cê vai mesmo não tendo conseguido dormir a noite Juliette? - Rodolffo tinha o semblante preocupado e tinha Rafael no colo.
- estou melhor. Tomei remédio.
- cê toma remédio desde ontem e mal comeu por isso. Deveria não ir hoje.
- eu preciso ir... as cólicas não podem ser mais fortes que eu.
Mesmo que eu soubesse que elas eram. Eu estava bem ruim, mas respirava fundo e tentava me manter centrada.
Foram anos camuflando as dores e agora voltar a senti-las era um desafio. O quê mais me causava medo era a possibilidade de uma crise muito forte e ir a um hospital. Da última vez que fui, eu sangrava muito e o médico cogitou fazer a histerectomia. Pelo menos só as cólicas eram mais angustiantes, o sangramento não.
- eu vou, mas vou tentar voltar mais cedo.
- estamos prontos. Não vai sozinha hoje.
Eu aceitei por que seria mais confortável mesmo. Se Rodolffo queria cuidar de mim, eu tinha que ser grata por isso.
...
Cheguei no escritório e estava um murmurinho danado.
- o quê está acontecendo? - perguntei me aproximando de Camila.
- Juliette conheça o Doutor Francisco, o novo sócio do Doutor Frederico.
- novo sócio?
- um novo dono do nosso escritório.
Fiquei pensativa e vi o Doutor Francisco apenas de longe. Segui para a minha sala e quanto antes eu terminasse minhas tarefas, seria melhor para mim.
Atendi a minha cliente e falei para ela todos os por menores jurídicos da ação que ela desejava mover contra o ex marido.
Foi uma consulta longa, mas proveitosa e eu a irei defendê-la. Quando ia fechar meu notebook, apareceu uma outra cliente minha e eu tive que atender.
Quando finalmente marcava 11:30 e eu já estava com minha sala devidamente organizada para voltar para o meu cantinho. Liguei para Rodolffo e ele já vinha me pegar.
Quando ia saindo dali, minha porta foi aberta e o Doutor Francisco estava diante dos meus olhos.
- bom dia senhora Julieta. Eu sou o doutor Francisco. - ele disse me estendendo a mão e eu o cumprimentei.
- é um prazer ter o senhor aqui... bem-vindo.
Francisco tinha um sotaque e o fato de ter me chamado de Julieta já me deixou claro que ele não era brasileiro, talvez fosse português.
- doutor Frederico me deu muitas boas referências da senhora. Disse que é uma das melhores advogadas daqui. Procede?
- eu faço o meu melhor. Não posso dizer que sou a melhor.
- a senhora estaria disposta a expandir a sua carreira fora do Brasil?
- nunca pensei nisso...
- tenho um escritório em Lisboa e a senhora poderia ir até lá e alargar os vossos conhecimentos. Que diz?
- não posso. Eu não pretendo sair do Brasil. Mas agradeço o convite.
- se mudares de ideia, pode falar comigo.
Francisco era um homem de uns 50 anos e parecia bem centrado, era bem charmoso para a sua idade.
- foi um prazer conhecer a senhora Julieta.
- igualmente doutor Francisco. E é Juliette.
- eu sei... mas acho que Julieta lhe cai muito bem.
Estávamos parados um de frente ao outro quando Rodolffo chegou com Rafael nos braços.
- bom dia. - ele disse assim que se aproximou. - está pronta meu amor?
- estou. Até logo doutor Francisco. - disse me despedindo e segurando a mão livre de Rodolffo.
Saímos do escritório em silêncio e eu fui atrás com Rafael.
- eu estava com saudades meu amorzinho. - disse beijando o pequeno.
- mã-mã... - Rafael murmurou.
- Julieta, Rafael... agora é Julieta... - Rodolffo disse com dureza enquanto dirigia o carro.
Ele tinha ouvido a conversa de Francisco e com certeza estava enciumado. Respirei fundo.
Conheçam o doutor Francisco.
...
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Coincidências do amor
FanfictionAs vezes um simples um olhar faz a gente se apaixonar. O casal desse conto se conhece por coincidência e outras coincidências os une ao longo dessa trajetória.