Eu não conseguia ordenar os meus pensamentos e a dúvida me consumia.
- eu tenho diagnóstico... Já fui em vários médicos e nenhum deles me deu esperança de gerar um bebê. - comecei explicando a médica. - Eu tenho endometriose, grau três para ser exata e isso torna a mulher infértil.
- sua vida é um milagre Juliette. Eu sei que se sente confusa, mas saiba que seu acidente foi considerado gravíssimo e obviamente você poderia não ter resistido. O médico que detectou a sua gestação deu uma sentença ao seu noivo: você perderia o bebê.
- disseram isso ao Rodolffo?
- sim... E talvez seja esse o motivo pelo qual ele não tenha te contado. Não o julgue, seu noivo é muito atencioso.
- tem como comprovar que eu estou realmente grávida?
- tem sim querida. Vou te examinar.
A médica disse que eu teria que fazer uma ultrassonografia transvaginal e essa não era a primeira vez que eu fazia uma, mas dessa vez era diferente.
...
Cheguei no hospital e me encaminhei até o quarto da Juliette, mas só encontrei uma enfermeira lá.
- bom dia. Onde elas foram?
- bom dia. A nossa paciente foi na obstetra.
A enfermeira me sorriu e eu senti que a verdade tinha chegado e não foi por mim. Resolvi ir encontrá-la.
Segui para a ala que ela estava e informei que era seu noivo, minha entrada foi liberada. Uma profissional do local me guiou até a sala de um exame que ela faria e me disse:
- pode bater e entrar.
Assim eu fiz e entrei naquele ambiente.
...
Eu não tinha tanta força nas pernas e mainha junto com a médica me ajudaram a ficar na posição certa para fazer o exame.
Um medo que me dominava era o de ser um engano e eu ter criado uma expectativa inútil. Era ciente do meu problema e sabia que era um diagnóstico quase irreversível.
Antes do exame começar, bateram a porta e logo ele estava ali do meu lado. Rodolffo era o pai do bebê que eu esperava.
- bom dia. - ele disse a todas nós.
A médica e mainha lhe cumprimentaram sorridentes, e eu não consegui lhe dizer uma só palavra.
- ainda bem que chegou a tempo papai. - a médica brincou com ele.
O exame começou e vimos uma uma bolinha na tela.
- está tudo bem com a pequena miçanga de vocês. Seu útero está perfeito mamãe. E agora, acredita que daqui a oito meses terá um bebê nos braços?
Fiquei pensativa e ainda digeria a informação, mas disse um sonoro "sim".
Vi que Rodolffo chorou durante o exame, ele até tentou está mais perto, porém se conteve.
Só conseguia pensar no que seria de agora em diante.
...
Juliette não parecia contente. Ela estava estranha, distante e fria. Talvez a culpa fosse minha e por isso ela reagia dessa forma.
- vou deixar você com ela um pouco e vou tomar um café. - minha sogra anunciou e saiu do quarto, fechando a porta.
Foi a oportunidade que Juliette precisava para falar.
- por que fizemos isso?
- isso o quê?
- eu estou esperando um bebê. Por que isso aconteceu?
- primeiro ponto: você regrediu na endometriose depois de um tratamento muito bom que fez antes de me reencontrar. Segundo ponto: você queria ser mãe solteira e fazer inseminação artificial, mas não cogitava isso por hora. Terceiro ponto: nós somos um casal e temos uma vida sexual ativa, porém com a chegada do Rafael as coisas mudaram um pouco. Para ser mais exato, devemos ter feito esse bebê em alguma soneca do Rafael.
- mas se já temos um bebê, por que quisemos outro?
- isso é realmente importante? Não se sente feliz por estar grávida? - meu coração estava apertado.
- não esperava que fosse assim, do nada...
- fale a verdade Juliette... É por minha culpa que não quer o bebê.
- você me traiu... Eu vi Rodolffo... Eu lembro perfeitamente daquele vídeo, você com aquela mulher.
- pelos meus filhos e suas vidas, juro que não foi da forma que você viu. Fui drogado. Sou inocente.
- não me obrigue a acreditar nisso, por que eu não vou só por que espero um bebê.
Eu respirei profundamente e fechei os olhos. Não era o momento de brigas, mas aquela Juliette na minha frente não demonstrava sentir nada, além de rancor, por mim.
- não entendo por que esqueceu da gente? É tão injusto. Acredita em mim Juliette, pelo o amor de Deus.
Ela só me olhava e nada dizia, até que fomos surpreendidos com alguém entrando no quarto.
- você aqui? Como entrou? - perguntei assustado.
...
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Coincidências do amor
FanfictionAs vezes um simples um olhar faz a gente se apaixonar. O casal desse conto se conhece por coincidência e outras coincidências os une ao longo dessa trajetória.