No fim da linha

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Em frente ao prédio que mora Juliette, Rodolffo e Rafael.

- podíamos abordar eles agora, o quê acha Rubens? A rua está deserta.

- quero Juliette e só ela. Por isso que temos que observar sua rotina para agir no momento certo.

- se me meter numa furada, vou te matar Rubens.

- relaxa companheiro, vai dá tudo certo. Não tem como isso dá errado.

...

Íamos no carro e meu coração estava apertado.

- acha que vão deixar o Rafael entrar, mesmo sendo um bebê de colo?

- ela é a mãe dele e não terão como impedir.

- não vou entrar, acho que é um momento só de vocês. Também não consigo ver uma mãe se despedir de um filho. Meu Deus que dor... - eu estava comovida e nunca desejaria isso a alguém.

- não sei como vou presenciar isso. Estou pedindo forças a Deus Juliette.

Rodolffo se fazia de forte, mas ele não era tudo isso. Seu coração era mole e ele disfarçava isso muito bem.

Rafael foi a viagem inteira tranquilo. Tão inocente e puro, nosso menininho era uma benção tão grande na nossa vida. Olhar para Rafael me trazia uma paz que eu não sabia explicar de onde vinha, mas foi assim desde a primeira vez que o vi.

Mães de coração também são mães e eu me via já como mãe de Rafael. Não era meu desejo tomar o lugar da sua mãe biológica, mas eu lhe daria todo o amor que eu pudesse a ele.

...

Entrei no hospital e Juliette segurava Rafael. Meu corpo inteiro era tensão, eu estava apreensivo com o possível último encontro com a mãe do meu filho.

Por que é tão difícil a despedida de alguém que sabemos que sofre? Talvez nunca saberemos a resposta, mas dói. Além de levar o Rafael para ver a mãe, eu daria o meu perdão a mulher que me privou de viver os primeiros meses de vida do meu filho. Eu sinto que eu preciso externar em palavras o meu sentimento.

Rafael estava super tranquilo, mas ele já reconhece ambientes hospitalares, então deu um chorinho que logo foi contido por Juliette.

- tá tudo bem meu anjinho... Não é vacina. - ela acalentava ele e de alguma forma meu filho entendia e confiava.

Eles tinham uma relação tão bonita que era invejável. Sabe aquela conexão real e concreta? Juliette e Rafael a tinham. E por ele ser um grude nela foi difícil tirar ele do seu braço.

- ma-mã... ma-mã... - ele ficava agarrado nela como se de alguma forma não fossem se ver nunca mais.

- estarei aqui amor. Vai com o papai. - os olhos de Juliette estavam marejados e eu tentando ser forte.

Levei Rafael e entrei no quarto com ele.

...

Me sentei numa recepção e iria aguardar meus garotos voltarem. Até que sentou-se ao meu lado uma senhora.

- é Juliette, não é?

- sim. E a senhora, me conhece de algum lugar?

- sou Gertrudes. A mãe da Thalissa.

- eu sinto muito.

- Deus sabe o quê faz. Amo a minha filha, mas ela fez inúmeras coisas desagradáveis e esconder de um pai a existência de um filho, foi uma das piores coisas. Lissa não iria deixar o Rafael com vocês.

- mas ela procurou o Rodolffo.

- sim... Mas por que eu a ameacei de denunciar as autoridades o fato dela querer doar o filho a um abrigo de adoção, privando um pai dessa convivência. Foi a coisa mais absurda que já vi. Lissa é muito orgulhosa e o orgulho nos envenena.

- amamos o Rafael.

- eu sei e ele será um bom irmão para o bebê que espera. - ela me disse sorridente.

- não estou grávida. Infelizmente eu não consigo engravidar.

- escuta... - ela segurou o meu braço. - Lissa tem rancor de Rodolffo, ela não é tão desapegada assim, é um fingimento. Sabe por que ela não o procurou de verdade? Por que ele disse que te amava.

Fiquei parada ouvindo.

- o pai do meu neto confessou a minha filha que tinha um amor, alguém que não estava mais com ele, porém que ninguém no mundo tomaria o seu lugar.

- eu nem sei o quê dizer...

- quando um homem ama de verdade, acredite que isso não se desfaz tão rapidamente. Você deixou uma marca no coração dele e mesmo que ele tenha tido outras pessoas, é a sua pessoa que preenche todos os vazios. Os olhos não mentem. Eu vi amor naqueles olhos por você.

- eu também o amo muito. Por tempos eu tentei matar esse amor, mas não foi possível.

- eu sinto que tem uma energia além em você. - ela disse colocando uma mão na minha barriga.

- não acho que seja possível. - eu não poderia me iludir.

A senhora me olhou com algum pesar e me disse.

- enfrentará uma grande luta querida, mas sairá vencedora.

- se estou grávida, conseguirei ter o meu bebê nos braços? - mesmo que fosse ilusão, eu queria ouvir.

- sim. Uma menina.

Decidi me levantar e sair um pouco dali.

- eu preciso de um ar. Diga a Rodolffo que estou no caminho do carro.

- Deus te abençoe Juliette. Seja forte e corajosa.

Eu não me afastei muito e comecei a chorar. Se um bebê estava em mim, eu teria muitas dificuldades e isso já era sabido por mim.

Caminhei pelo enorme corredor, passei na recepção e finalmente vi a rua. Atravessei e fui em direção do nosso carro. Eu estava distraída e não vi quando dois homens me cercaram na lateral do carro.

- você vem com a gente... Não resista. - um cara encapuzado me falou.

Era óbvio que eu iria resistir. Comecei a gritar e me debater enquanto era levada pelos dois para um carro nas imediações.

Eu gritava mais ninguém me salvava, parecia um filme de terror. Foi quando chutei um dos homens e mordi o outro com força. Nisso me libertei e empreendi fuga pela rua a fora.

Eu corri por uma quadra inteira e eles corriam atrás, até que resolvi atravessar a via e não sei como consegui correr tanto, até que senti algo me atingir e tudo ficar escuro.

...

Coincidências do amor Donde viven las historias. Descúbrelo ahora