Assumindo a responsabilidade

145 23 15
                                    

Eu sei que deveria ser mais fácil para mim o fato de ter um filho e de que mesmo tendo sabido da existência dele a três dias, agora ele ficaria totalmente sob os meus cuidados.

Eu temia que a Juliette ficasse muito impactada com a notícia, mas não. Ela aceitou muito bem e trata o bebê com todo carinho e cuidado que ele merece. Além disso, ela tem me dado amparo nos momentos que eu quero retroceder.

- vai dá tudo certo. - ela disse enquanto alisava minhas costas. - Eu sei que é uma mudança muito grande e repentina, mas tudo vai ser superável. Daqui uns dias, não sentiremos falta da nossa vida sem ele. Esse menino preencherá todos os espaços.

- eu preciso ligar pro pai e pra mãe. Não sei que reação terão e sei que minha irmã vai me xingar e me chamar de irresponsável, entre outras coisas.

- também tenho que dizer a mainha e painho que eu tenho um bebê em casa agora. - ela riu. - Não faço nem ideia do que eles vão pensar, mas sei que vão aceitar o Rafael.

- os meus também vão. Mas o quê me preocupa é se vamos dá conta Juliette?

- do que exatamente?

- temos que trabalhar e ficamos muito tempo do dia fora de casa.

- vamos saber se a moça que cuida dele pode continuar cuidando e nós teremos uma babá. Se ela não quiser, nós daremos um jeito. Posso trabalhar menos tempo no escritório e tu menos tempo na empresa, assim revesando nós nunca deixaremos ele sozinho.

- temos que montar um quarto pra ele. Comprar os trem que ele precisa.

- a mãe vai dá muita coisa e eu acho que ele ainda é muito pequeno pra dormir sozinho.

- a gente compra câmera Ju. Ele pode dormir no cantinho dele e a gente no nosso.

- Rodolffo, tu tá sendo egoísta. Não tem nenhum problema ele ficar conosco.

- tudo bem... Cê que manda.

Liguei pessoalmente para Talissa e ela me pediu que fosse pessoalmente ao seu apartamento para acertar a retirada das coisas do Rafael de lá. Ela me pediu que não levasse o menino, mas Juliette não concordou.

- ela tem que ver ele. E ele também precisa ver ela. Isso é injusto Rodolffo. 

- ela não quer Juliette. Amanhã ela vai me dá o registro dele e tudo mais que for possível ser carregado. Os móveis, ela disse que vai pedir a uma equipe para desmontar e montaremos aqui no quarto do lado. Não quero esperar para registrar o Rafael, vou procurar o cartório amanhã.

- faz certo e não precisa temer. Tudo vai dá certo.

...

Na manhã de quinta-feira, saímos Juliette, Rafael e eu em busca do apartamento de Talissa. Confesso que tive uma noite insone e passei a maioria do tempo com medo de esmagar o bebê que dormia entre nós na cama.

Mas o danadinho dormiu bonitim, agarrado no cabelo da Juliette. Isso causava um pouco de estranheza em mim, parecia que de alguma forma ele roubava ela de mim e o quê era pior é que ela gostava totalmente disso.

Eu ri dos meus pensamentos egoístas enquanto dirigia.

- tu tá rindo de quê?

- do moleque agarrado nocê ontem... Mas hoje a gente vai comprar um berço portátil pra ele.

Juliette riu alto e olhamos para o Rafael lá atrás que começou rir junto.

- que foi lindo? Tu tá ouvindo nossa conversa é? - Juliette ficou se comunicando com ele. - Ele puxa a tu a ser curioso. - ela olhou me encarando.

- a mim? Ah nem Juliette.

- é verdade. - entre risos e algumas brincadeiras chegamos de frente ao prédio da Thalissa.

Resolvi ligar para dizer que estava ali e comuniquei que o Rafael também estava. Ela não quis vê-lo.

- ela mal está falando meu amor. É melhor a poupar.

Juliette ficou bem triste, mas Rafael achou adormecendo, então não houve choro.

...

De frente a porta do apartamento da mãe do meu filho estava eu a tocar a campainha. Uma mulher de meia idade atendeu a porta e sua expressão não era das melhores.

- a dona Lissa está no quarto. Ele não pode falar tanto, está no respirador. Me acompanhe.

O apartamento estava muito caótico, eram tantas coisas espalhadas que estava difícil até de andar.

Quando a vi, ela retirou a máscara do respirador e começou a falar de forma lenta:

- entenda que não posso receber o meu filho assim. Quando eu te achei, já tinha tudo planejado. Tem que cuidar dele, por favor.

Thalissa não era uma mulher que fazia pedidos suplicantes, seu estilo era altivo demais, mas nesse instante ela estava a fazer.

- vou cuidar e dá amor, não se preocupe. E se um dia quiser vê-lo, é só entrar em contato comigo ou com a Ju. Eu sei que um agradecimento não é tão cabível, afinal eu nem sabia que tinha um filho, mas mesmo assim eu agradeço por ter dado a vida ao Rafael. Ele é um garoto incrível. - nesse momento senti meus olhos arderem e não queria chorar na frente dela.

Ela estendeu a mão para mim e eu segurei.

- obrigada por ter realizado o meu sonho e ter me feito tão feliz. O Rafael é o melhor de mim. - ela soltou minha mão e apontou para a mesa de cabeceira. - Aqui está tudo dele, os documentos e tudo que é importante. Os móveis...

- pode deixar, não se preocupe. Vou mandar buscar tudo. Agora põe a máscara e descansa.

Ela estava muito cansada, era inviável ficar tanto tempo sem a máscara de ar.

Sai de lá com duas bolsas e uma mala de rodinha. Estava triste e me permiti chorar no elevador. Ninguém deveria terminar assim.

...

Coincidências do amor Donde viven las historias. Descúbrelo ahora