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Qualquer pessoa com boa visão perceberia que
Teresa e Cam eram parentes, e eles se gostavam mesmo. Juntos, ficavam doidos, sempre pegando no pé um do outro e causando problemas aonde quer que fossem.

Teresa era uma versão feminina de Cam — alta, incrivelmente bonita, com cabelos bem pretos e olhos azuis brilhantes. Tinha o corpo de uma bailarina disciplinada e quase transbordava de tanta energia.

Para o meu alívio, Teresa era um doce de pessoa.

Morri de medo de que não gostasse de mim por qualquer motivo, mas ela me deu um grande abraço.

A família Hamilton era um bando de abraçadores.

Fiquei batendo papo com eles no andar de baixo, até Teresa e eu subirmos para ajudar a mãe dela a trazer os acompanhamentos para o jantar, o que me pareceu um momento bem adequado para sumir dali, porque Cam e o pai começaram a conversar sobre caça e aquilo me deixava de cabelo em pé.

Ver mãe e filha trabalhando e rindo juntas teve um efeito esquisito sobre mim. Elas eram quase como criaturas desconhecidas para mim; o tipo de família que se via em seriados de televisão. Eu tinha inveja daquela relação, mas ao mesmo tempo meio que aceitava que nunca teria aquilo com a minha própria mãe.

Enquanto preparávamos o jantar, Teresa não desgrudava do celular, mandando mensagens para alguém constantemente, o que continuou quando sentamos à mesa.

— Por que não para de mandar mensagens? — Cam exigiu saber, ao servir uma segunda colher de purê de batatas em seu prato.

Teresa sorriu de lado.

— Não é da sua conta.

— Eu sou seu irmão, é da minha conta.

Epa. Olhei para eles e vi os olhos de Cam fixos na irmã caçula, enquanto ela continuava escrevendo no celular.

— Mãe, você deveria dizer à sua filha que é falta de respeito ficar no celular enquanto janta.

A sra. Hamilton levantou uma sobrancelha.

— Não está machucando ninguém.

Cam me cutucou com o joelho por baixo da mesa, coisa que vinha fazendo a cada cinco minutos desde que nos sentamos.

— Está me cortando a alma.

Revirei os olhos, cutucando-o também.

— Que triste — comentou sua irmã, apoiando o celular no colo. — Então, Avery, como você veio parar em West Virginia?

— Eu queria ir a algum lugar diferente — respondi, dando uma garfada no purê de batatas. — Minha família é de Ohio, então achei que West Virginia pudesse ser um bom lugar para ir.

— Para ser sincera, eu teria escolhido Nova York, ou Flórida, ou Virgínia, ou Maryland, ou... — O telefone dela apitou, chamando sua atenção, como uma pessoa com déficit de atenção e um objeto brilhante. Ela pegou o celular e um sorriso, de repente, surgiu em seus lábios.

Cam cutucou meu joelho e seus olhos se estreitaram ainda mais. Fez menção de pegar mais peru, mas, subitamente, mudou de direção, tomando o celular das mãos da irmã.

— Ei! — ela gritou. — Devolva aqui!

Cam se esticou sobre mim, evitando os braços agitados da irmã. Ele fechou a cara e disse:

— Quem é Murphy?

O sr. Hamilton balançou a cabeça.

— Não é da sua conta! Meu Deus! — Teresa irritou- se. — Devolva meu telefone.

espero por você Where stories live. Discover now