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Eu não notara até então, mas havia um estresse
que Cam carregava consigo; o peso de manter um segredo que ele achava que destruiria alguma coisa preciosa. Como eu não tinha reconhecido isso antes estava além da minha compreensão.

Mas agora estava tudo bem... quase tudo.

Parte de mim suspeitava que uma das razões pela qual ele, finalmente, havia me contado aquilo era porque não acreditava no que eu dissera sobre a mensagem. Talvez ele esperasse que, ao se abrir comigo, eu fizesse o mesmo.

Queria que esse fosse o caso, mas meu segredo destruiria o que eu mais prezava.

Nós.

Mas, já que era Dia dos Namorados, eu me recusei a pensar no assunto. Estávamos tendo o dia mais perfeito do mundo e não seria eu quem estragaria tudo.

Cam tinha aparecido na minha porta de manhã com uma única rosa vermelha, e mais uma depois de cada aula. Durante a tarde, tive seis aulas, ou seja, meia dúzia de rosas, que à noite se transformaram em duas dúzias quando ele chegou ao meu apartamento. Eu não sabia bem quais eram nossos planos, portanto fiquei aliviada ao vê-lo de calça jeans e moletom, nada muito chique. Estava tarde, passava das nove, já que o Dia dos Namorados caía numa sexta-feira, mas eu nem sabia se íamos sair.

Agradecendo-lhe pelas rosas, levei-as para a cozinha e as coloquei num vaso. Ele permaneceu na porta.

— O que está fazendo? — perguntei. O sorriso dele estava malicioso.

— Fique bem aí e feche os olhos.

— Tenho que fechar os olhos?

— Tem.

Levantei uma sobrancelha ao tentar esconder minha empolgação crescente.

— Então, é uma surpresa?

— Claro que é. Feche os olhos.

Meus lábios tremeram.

— Suas surpresas são tão assustadoras quanto suas ideias.

— Minhas ideias e minhas surpresas são brilhantes.

— Lembra-se de quando achou que seria uma boa ideia...

— Feche os olhos, Avery. — Sorrindo, obedientemente fechei os olhos. Eu o ouvi se afastando e, depois de alguns momentos, voltou ao meu apartamento. — Não espie.

Não espiar era como pôr uma fatia de bolo na minha frente, com um garfo ao lado, e me dizer para não comer. Mudei o peso de perna.

— Cam...

— Só mais alguns segundos — disse ele, e ouvi alguma coisa pesada rolando lá dentro.

Mas que...? Mais que curiosa, estava sendo uma luta não abrir os olhos. Sinceramente, não tinha ideia do que ele estava inventando, e com Cam, tudo era possível.

A mão dele envolveu a minha.

— Mantenha os olhos fechados, está bem?

— Já estão fechados. — Deixei que ele me levasse da cozinha até a sala.

Cam soltou minha mão e deslizou o braço à minha volta, por trás de mim, encostando a bochecha na minha. Meses antes, eu teria odiado que qualquer um tivesse vindo por trás de mim, mas adorava quando ele fazia isso. O tato dos braços dele, a força de seu abraço, a intimidade por trás do gesto.

— Agora pode abrir os olhos. — Seus lábios roçaram meu rosto, gerando arrepios na minha pele. — Ou pode ficar aí com os olhos fechados. Eu gosto disso também.

espero por você Where stories live. Discover now