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— Tem certeza que sabe usar essa coisa? — perguntei, olhando para o telescópio.

Cam olhou para mim por cima do ombro.

— Como assim? Você não sabe?

— Não.

— Você não estava prestando atenção à aula quando Drage falou sobre isso e sobre as câmeras de imagem?

Cruzei os braços.

— Você estava desenhando o elenco de Duck Dynasty quando ele falou sobre o assunto.

Ele riu, voltando-se novamente para o telescópio e começando os ajustes nas maçanetas, botões e outras coisas de que eu não me lembrava.

— Eu estava ouvindo.

— Sei. — Eu me aproximei dele para usá-lo como proteção contra o vento frio que batia no teto do Byrd Center. — Na verdade, você é um excelente artista.

— Eu sei.

Revirei os olhos, mas ele era mesmo. Os esboços eram absurdamente vívidos, até as barbas dos caras.

Cam curvou-se para a frente, movendo uma alavanca.

— Já usei telescópio uma ou duas vezes na vida.

— Não caio nessa.

— Tudo bem. Eu usei quando fiz essa matéria antes — corrigiu-se, sorrindo para mim e se endireitando. Tombando a cabeça para trás, ele olhou para o céu escuro. — Cara, não sei se vamos conseguir ver alguma coisa até essas nuvens se espalharem.

Acompanhando seu olhar, fiz uma careta. Nuvens espessas e carregadas escureciam a maior parte do céu noturno. Havia certa umidade no ar, um cheiro de chuva.

— Bom, então é melhor você se apressar.

— Mandona — ele murmurou.

Eu sorri.

— Venha até aqui e lhe mostro como usar isso. — Cam deu um passo para trás, e, com um suspiro, assumi o lugar dele. — Você vai prestar atenção?

— Não muito — admiti.

— Pelo menos, você é sincera. — Cam inclinou-se e me envolveu, pondo os dedos no telescópio. O braço dele se esfregou no meu, mas não me importei. Ele estava bloqueando bem o vento. — Esta é uma câmera Philips ToUcam Pro II — explicou ele, apontando para uma coisa prateada que lembrava uma webcam. — Ela se conecta ao telescópio. Com essa configuração, você deve conseguir captar uma imagem clara de Saturno.
Aperte isto aqui e vai tirar a fotografia.

— Tudo bem. — Puxei o cabelo para trás. — Acho que a tarefa não é tirar uma foto de Saturno.

— Hmmm... — Ele fez uma pausa. — Ei.

— Ei o quê?

— Saia comigo.

— Cala a boca. — Sorrindo, curvei-me à frente, aproximando o olho do telescópio. E tudo o que vi foi escuridão. A Astronomia me odiava. — Não vejo nada.

— É porque eu não tirei o protetor da lente — riu Cam.

Dei-lhe uma cotovelada na barriga, o que foi quase a mesma coisa que acertar uma parede.

— Idiota.

Ainda rindo, ele foi tirar o protetor. Cam poderia ter dado a volta, porque eu estava bem na passagem, mas não foi isso o que fez. Toda a frente do corpo dele se encostou nas minhas costas, e eu não me mexi, fechando os olhos.

— Que foi? — perguntou ele.

— Teria sido mais fácil você dar a volta pelo lado para fazer isso — ressaltei.

espero por você Where stories live. Discover now