𝟎𝟏

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𝐘𝐮𝐤𝐢𝐨 𝐈𝐦𝐚𝐢

Apertei o botão vigésimo andar e virei o olhar para Ângela ao meu lado. Ela sorriu para mim e então nós duas rimos uma para a outra. Já estávamos bêbadas. Meus irmãos nos encararam e riram da gente. Eles não tinham bebido, estavam e continuariam dirigindo durante a noite, porém nós duas não.

Eles estavam segurando malas e caixas, diferente de nós duas que não seguramos nada. Eu adorava ser a irmã caçula e única garota, assim eu não precisava fazer nada que exigisse músculos quando meus irmãos estavam perto.

Ângela estava noiva do meu irmão há exatamente duas horas e ao invés de estar comemorando o seu noivado está me ajudando com a minha mudança. E é claro que eu preferia estar comemorando, afinal odeio mudanças e eu gostava da ideia do meu irmão estar noivo da minha melhor amiga. Porém eu não podia estar comemorando agora, afinal minha mãe, que estava super ocupada essa semana, acabou se perdendo nas datas e acabou alugando a casa da família em Miyagi bem antes da data que eu iria trazer as minhas coisas para o meu apartamento em Tokyo.

Ontem eu estava no meu quarto(quarto de hóspedes da casa do meu irmão mais velho) quando recebi uma ligação da minha mãe pedindo desculpas e dizendo que tinha se perdido nas datas. E a mais nova proprietária iria chegar no dia seguinte, no caso hoje. Tive que correr com meu irmão para irmos para outra cidade buscar minhas coisas e vir para cá.

— Deus, eu estou morta — reclamei deitando o rosto por cima do ombro de Ângela.

Soprei suas mechas douradas para longe do meu rosto.

— Você não vai dormir agora não, não é? — ela perguntou e eu neguei com a cabeça. — Que bom, ainda vamos sair para comemorar.

A voz de Ângela era tão doce, e ela tinha um sotaque italiano claramente mais fraco desde a primeira vez que eu a vi, mas ainda tinha sotaque. Coisa que eu não julgava, afinal todos os presentes nesse elevador não nasceram aqui no Japão.

— Eu não perderia essa comemoração por nada — eu disse sorrindo e virei o olhar para o meu irmão mais velho, Kanji, o noivo.

Ele deu um sorriso empolgado. Kanji tem um sorriso perfeito, nunca precisou usar aparelho na vida, e o sorriso conseguia ficar mais bonito ainda porque ele tinha duas covinhas bonitas nas bochechas, eu acho que apenas isso que nós dois tínhamos em comum na aparência, o sorriso. Porque por algum motivo ele foi o único que puxou os traços do meu pai. Ele tinha olhos castanhos puxados, pele clara e cabelo liso.

— Ela só não pode ficar bêbada demais, se tiver ressaca logo no primeiro dia de aula na faculdade nova vai ser uma péssima experiência — meu irmão Seiji disse.

Ele era o irmão do meio. Já ele se parecia mais comigo, seu cabelo era cacheado como o meu, sua pele era negra como a minha, e seus olhos amendoados grandes e negros como os meus, e ele também tinha aquele sorriso bonito que herdamos da nossa mãe.

— O meu nome do meio é autocontrole.

Eles riram.

Eu sabia que eu não tinha controle para bebida. E agora que eu não consegui entrar em um time de vôlei na faculdade nova aproveitei que eu poderia beber. Em Miyagi fiz um ano da minha faculdade, mas como meus pais se mudaram de vez para o Brasil para ficar cuidando dos seus restaurantes, eu vim para Tokyo ficar perto da minha família, meus irmãos. Então tive que me transferir da minha faculdade para outra. E o time feminino não tinha vaga para mim. Então eu não precisava me segurar com a bebida.

Eu não tinha muitas coisas para trazer para o meu apartamento "novo". Afinal eu morava com os meus pais até dois meses atrás, e então quando eu vim para Tokyo vim morar com o meu irmão mais velho apenas durante um tempo, para que a mulher que estava alugando o apartamento finalmente se mudasse.

𝐕𝐢́𝐠𝐞𝐬𝐢𝐦𝐨 𝐚𝐧𝐝𝐚𝐫; Tsukishima KeiOnde histórias criam vida. Descubra agora