𝟏𝟒

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𝐓𝐬𝐮𝐤𝐢𝐬𝐡𝐢𝐦𝐚 𝐊𝐞𝐢

O calor que fazia dentro dessa quadra sempre foi infernal, mas parece que com a pressão de treinar para um campeonato aumenta tudo um pouco mais. A temperatura de trinta graus inicial parecia um pouco pequena demais, mesmo agora não tão cedo, o céu não deveria estar tão forte continuava assim.

— Ei, Tsukishima. Foco! — o treinador me advertiu.

Eu vi a bola passar diretamente por mim e marcar ponto no chão. Droga. Esse calor estava derretendo meus neurônios. Eu só queria me sentar e beber muita água, de preferência, bem gelada. Eu pouco me importava para os treinos agora, eu só queria mesmo deitar na minha cama, no ar condicionado e...

— O que foi Tsukii, tá com medo de perder? — Yukio perguntou me tirando dos meus pensamentos.

Olhei para ela do outro lado da rede. E a garota me olhava com um sorriso de ponta a ponta orgulhosa com seu último levantamento, mesmo parecendo cansada. O seu cabelo já não estava perfeitamente preso e sua camiseta rosa de estampa de morangos já estava toda amassada. Eu deveria estar um caco, assim como ela.

— Desculpa treinador.

Ignorei a sua pequena provocação e então no momento em que ela levantou uma bola para Bokuto e ele tentou aquela sua famosa paralela que eu sabia que aconteceria, eu já estava lá bloqueando ela. Com um sorriso no rosto enquanto olhava para a garota que me olhava com sangue nos olhos.

— Eu odeio você — ela disse.

— Sei que odeia.

Dei uma piscadela para ela. Que fez com que ela simplesmente desistisse de me olhar e voltasse a focar no treino.

Era claro que tinha vezes que ela não fazia bloqueios tão bons, até porque se formos comparar força nos braços ela estava em menor massa muscular ali. Nunca conseguiria bloquear uma bola de Bokuto sem uma prática. Até porque muitos dos jogadores masculinos de vôlei precisam de uma prática boa para conseguirem bloquear uma cortada tão potente quanto a dele.

Quando o sete acabou o treinador soou o apito e então encerrou o treino do dia.

Esse lugar era tão quente que eu sentia que se eu ficasse aqui mais um minuto eu desmaiaria.

— Graças aos bons Deuses, que quando a gente joga não é em um lugar quente como esse — disse Bokuto dando um tapa no meu ombro.

— É, felizmente — acrescentei.

Olhei para dentro da quadra, e observei Kuroo e Yukio saírem um grudado no outro, os dois seguravam garrafas de água e quando chegaram mais perto se jogaram na grama, como se fosse a maior conquista do mundo, como se os dois estivessem entrando em um quarto com ar condicionado.

— Que brisa gostosa — disse Yukio se apoiando nos cotovelos enquanto olhava para o céu.

Ela saiu daquela pose, se sentou e então pegou a garrafa que ela segurava — que agorinha estava caída na grama — e então estendeu para Bokuto.

— Se hidrate.

— É eu não quero beber água enferrujada — Bokuto disse olhando para a torneira ao meu lado.

— Eu quase bebi água nessa torneira na semana passada — disse Yukio enquanto ria e Bokuto começou a rir. Até perder o fôlego por alguns segundos. — Eu só parei porque eu senti o cheiro de ferro.

Comecei a rir junto com eles.

Em momentos assim eu me esquecia que eu tinha sido deixado para trás por minha melhor amiga, Yukio, e agora eu vivia isso sozinho. Ela não sabia muito sobre mim, como eu não sabia muito sobre ela.

𝐕𝐢́𝐠𝐞𝐬𝐢𝐦𝐨 𝐚𝐧𝐝𝐚𝐫; Tsukishima KeiOnde histórias criam vida. Descubra agora