𝟏𝟔.𝟐

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𝐘𝐮𝐤𝐢𝐨 𝐈𝐦𝐚𝐢

Existem momentos em que você tem picos de coragem, de vontade ou de qualquer coisa. E naquele momento quando eu percebi que a blusa que eu tinha levado para o banheiro era do Tsukishima algo aconteceu. Um clique na minha cabeça.

Me vi no espelho vestindo apenas aquela camisa branca.

A camisa era... bom, ficou um pouco maior do que eu imaginei. Não que eu me imaginasse vestido a camisa de Tsukishima. Eu nunca tinha pensado nisso, mas por algum motivo foi a primeira coisa que veio na minha cabeça no momento em que eu me olhei no espelho.

Dei um passo a frente passei as mãos pelo vestido sem saber o que dizer para mim mesma.

No momento em que eu saí do banheiro Tsukishima estava na varanda, olhando para o nada. Simplesmente perdido em seu pensamento sem sequer prestar atenção em nada.

Eu não lembro direito do diálogo que eu tive com ele naquele momento, porém eu me lembro de beijar ele e aquilo tinha sido... uau. Com certeza foi um uau. Eu não deveria ter feito isso. No fundo eu sabia que não, se você alimenta seus sentimentos eles acabam sempre dando um jeitinho de ficar mais intenso cada vez mais. Não importava se era apenas um selinho nos lábios.

Eu sabia que eu nunca tinha parado de gostar dele. E que eu apenas escondi aquilo bem fundo no meu coração. Porém... eu realmente não sabia o que tinha acontecido. Eu só beijei ele.

E no momento em que ele segurou a minha cintura e me puxou mais para perto dele, aquele momento em que o seu corpo eu sabia que eu tinha que parar. Ele precisava parar de me tocar daquele jeito. Eu precisava parar de beijar ele, se não.

Meu Deus.

Se não algo a mais aconteceria naquele momento e eu não achava que isso era o melhor momento de um breve selinho nos lábios se tornar um beijo e uma coisa a mais.

Tsukishima estava visivelmente afetado pela bebida, como eu estava. Talvez por isso ele tenha me puxado mais para perto dele enquanto eu o beijava.

Eu deslizei as mãos até as mechas do seu cabelo puxando por algum momento e então empurrei o corpo contra o dele.

Senti como se o meu corpo fosse preenchido por vontade e desejo. Senti vontade e desejo por ele. Era como se realmente fosse uma coisa muito reprimida entre nós dois. Mas eu não poderia deixar que isso acontecesse novamente. Em momento algum.

Senti seus lábios se separando dos meus brevemente. E então ele iria me puxar para um beijo, eu sabia que sim. E antes que ele fizesse isso eu me afastei. Coquei as mãos em seus ombros e me afastei um pouco.

— Foi idiota... eu vou... dormir. Desculpa.

Fui me afastando mais e mais de Tsukishima e ele apenas deu alguns passos em minha direção.

Estava cada vez mais complicado me manter longe dele. E mais ainda manter o celibato. Prometi para mim mesma que só transaria com a pessoa certa e aqui estava eu, com o corpo cheio de excitação enquanto eu pensava que se foda o celibato, eu nem acredito na pessoa certa mesmo.

Acreditando ou não no ditado da pessoa certa eu não poderia cair nessa. Não nessa de me apaixonar por Tsukishima novamente. Muito do que eu fiz na minha vida foi tentando manter ele distante de mim, tentando manter essa paixão longe até que eu deixei ele morar no meu apartamento. Eu era uma péssima pessoa. Que fazia escolhas péssimas.

Foi o máximo que eu consegui fazer.

E então fui me afastando dele, andando para longe. Mas Tsukishima dava os passos na minha direção novamente.

— Eu não deveria ter feito isso — disse olhando para ele na esperança que ele parasse.

— Ok — saiu como um sussurro.

— Ok.

Entrei no quarto novamente. Não consegui dormir na minha cama, ou melhor, me deitar na minha cama. Eu não consegui dormir a noite inteira. E a cama que era para eu estar deitada me deixava de cara com Tsukishima. E eu não queria ver ele enquanto tentava pegar no sono. Não que tinha ajudado muito, porque não consegui dormir nem por um segundo sequer.

Eu não sabia com quem falar sobre aquilo e ao mesmo tempo eu não sabia de eu queria que alguém soubesse daquilo. Então me embalei como uma carne embalada a vocuo, me agarrei a coberta e então esperei que o mundo parasse. Esperei que alguma coisa realmente acontecesse na manhã seguinte. Mas nada aconteceu.

Quando acordei levantei da cama e escovei os dentes. Troquei de roupa antes de descer para encontrar com os garotos para tomar café da manhã. Eu não queria que nenhum deles acha que alguma coisa com Tsukishima aconteceu. Tsukishima insistiu que eu poderia ficar com sua camisa, mas eu disse que quando chegarmos em casa eu a lavaria e o devolveria.

Tudo o que eu estava sentido era culpa minha, não do Tsukishima. Toda minha, fui eu quem não me mantive longe e deixei com que ele se aproximasse cada vez mais.

— É, foi isso que aconteceu, e eu? Eu só vou fingir que nada aconteceu. Até porque acho que ele sequer se lembra. Eu mesmo não queria me lembrar.

Abaixei a cabeça procurando dar uma olhada no cardápio. Depois de um tempão, eu decidi contar isso para minha amiga, então aqui estávamos na padaria da esquina do meu apartamento escolhendo algo para comer.

— Por que?

— Eu não quero pensar no fato de eu ter sentido alguma coisa com aquilo.

— Você sentiu alguma coisa com um selinho? Você tem quantos anos?

— Cala a boca Ângela.

— É isso que dá praticar o celibato.

— Não acho que seja culpa do celibato.

Eu comecei isso no primeiro ano da faculdade. Depois de um ano louco no último ano do ensino médio, eu virei uma piranha. Foi um momento tão louco, porém não durou muito, não foi a melhor fase da minha vida.

— Eu gosto de praticar o celibato. Eu me sinto bem. Eu me sinto melhor do que no momento da minha vida que eu transava para caralho. Mas às vezes, só às vezes eu sinto vontade de transar com Tsukishima. E eu sinto que isso não vai passar nunca.

— Eu não acho que isso vá passar.

— Nossa, obrigada pelo apoio.

— Só estou sendo sincera, transa logo com ele.

— Eu nem sei se eu sou amiga dele, eu sei que ele não gosta de mim.

— Ele gosta de você.

— Ele... é um idiota.

— Olha, transa com ele, beija ele, então se diverte, se permita. E se você não quiser acabar com o seu celibato, não faça. Mas se permita. Se der errado você vai continuar com o seu celibato intacto.

Eu sorri para ela e então olhei para o cardápio, visto que finalmente decidi o que eu iria pedir. Pedimos a comida e ficamos mais um tempo ali conversando. Foi um longo papo.

𝐕𝐢́𝐠𝐞𝐬𝐢𝐦𝐨 𝐚𝐧𝐝𝐚𝐫; Tsukishima KeiOnde histórias criam vida. Descubra agora