Então, morrer é assim?

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Deitado no silêncio Esperando as sirenes Sinais, qualquer sinal de que estou vivo ainda Eu não quero perder Eu não estou conseguindo passar por isso Ei, eu deveria rezar? Devia rezar, A mim mesmo? A um Deus? A um salvador que possa Remendar o que foi partido
Train Wreck - James Arthur

MARIA

Abro meus olhos devagar, a sala está cheia de sangue, assim como minhas roupas, mesmo que eu tenha estancado a facada, o sangue ainda sai um pouco, mas além da minha perna, meu corpo todo dói pela surra que levei, meu olho não abre totalmente.

Começo a me preocupar, porque apensar de sentir dor ser uma coisa boa, a dor está muito menor que antes, eu estou morrendo, eu vou morrer aqui, as lágrimas queimam em meu rosto.

A dor diminui cada vez mais, estou cansada de lutar para ficar acordada, quero receber o abraço confortável da morte para que toda essa dor e cansaço vá embora, respiro fundo, aceitando meu destino. Então, morrer é assim? Fecho os olhos.

Qual deveria ser meu último pensamento antes de morrer? Finalmente irei encontrar meu avós de novo, sinto tanta falta deles. Não irei sentir mais nenhuma dor, as pessoas que eu conheci, meus amigos que se tornaram minha família.

A Jessy vai ficar devastada, o Dan todo durão não iria conseguir conter as lágrimas, quase sinto vontade de rir imaginando ele chorando, Jake nunca vai se perdoar por eu ter morrido aqui, e Alan... ele que sempre cuidou de mim e sempre me dizia para me cuidar, ele vai ficar decepcionado por eu ter falhado, me arrependo em como lidei com as coisas no passado, se eu pudesse ter só mais uma chance....

A dor está quase imperceptível...

Não sei se estou sonhando, mas ouço vários barulhos altos, pessoas gritando, e estalos que acredito que sejam tiros. Um barulho de porta batendo bem próximo a mim, e abro um pouco os olhos, quando finalmente consigo focar, vejo ele. Alan está aqui e está vindo na minha direção e começo a chorar. Ele se agacha na minha frente e encosta a mão no meu rosto.

— Alan? — não sei se consegui dizer em voz alta ou somente na minha mente e lágrimas de alívio caem dos meus olhos.

— Você vai ficar bem — ouço sua voz distante mesmo que ele esteja bem na minha frente e meus olhos pesados fecham — Maria, abra os olhos, fique acordada, querida, por favor. — respiro fundo e obedeço.

— Eu vou morrer... Alan, eu... — digo em um sussurro.

— Não, não vai, eu não vou deixar. — ele limpa minhas lágrimas e me oferece um sorriso que eu tento retribuir.

Minhas pálpebras parecem que pesam toneladas, alguém mexe na minha perna e eu berro de dor, estão imobilizando, outros colocando soro em meu braço e em seguida me colocam em uma maca, seguro a mão de Alan e ele vai conosco até a ambulância, a lembrança de seu toque me faz relaxar e me sentir segura.

Quando a porta da ambulância é fechada vejo Jake sentado ao lado do Alan, este está todo sujo de sangue. A mão do Alan é substituída pela a do Jake, ele está com um olhar que nunca vi na vida é puro ódio, segurar sua mão não tem o mesmo efeito que segurar a de Alan, me sinto tensa novamente.

— O sangue... — consigo dizer, minha voz está rouca de tanto gritar.

— Não se preocupe comigo, eu estou bem, você também vai ficar. — então ele sorri e eu apago.

Sempre foi você - Duskwood Onde histórias criam vida. Descubra agora