Um mês a partir de hoje

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Sei que não terminamos como deveríamos
E agora, ficamos um pouco tensos
Fico pensando se minha mente deixa de fora só partes ruins Sei que não fazíamos sentido
Eu admito que penso nisso às vezes
Mesmo que eu saiba que não faça tanto tempo
Oh, não, eu ainda quero relembrar
What a time — Julia Michaels

MARIA

Estou completamente consciente de tudo. Eu não queria me matar e nem nada do tipo, não conscientemente, pelo menos, eu só estava exausta. Cansada de tudo e de todos.

Eu sei que o que eu fiz não foi saudável, se Jake não me achasse e me trouxesse para cá eu iria continuar lá, por que queria descansar, mas podia ter morrido.

Não sinto vontade de falar nada, de pensar, de me mexer, ou de fazer alguma coisa. Sei que este pensamento vem da depressão que venho enfrentando a anos, mas cheguei ao meu limite.

Estou no quarto do hospital e ouço Jake chorando do lado de fora. Nada do que aconteceu é justo com nenhum de nós.

De manhã, a psicólogo Rachel entra, ela vem todas as manhãs mesmo eu não dizendo nada. E outra vez ela está aqui.

— Bom dia, Maria. Como estamos hoje? Hoje será o que dia que você vai falar comigo? — ela diz isso todos os dias.

Durando todos esses dias eu não falei absolutamente nada e não expressei nenhuma expressão facial ou corporal, nada. Também nunca olhei ninguém diretamente nos olhos, precisava de um tempo, e como eu disse, estava cansada, meu corpo chegou em um limite e meu cérebro também, então simplesmente fiquei em silêncio, mas agora, acho que estou pronta para seguir em frente, mesmo não tendo a menor ideia de como fazer isso e do que fazer. Depois que ela me pergunta, eu olho para ela e aceno que sim com a cabeça.

— Você acenou que sim? — ela diz supresa e animada. Eu aceno que sim novamente. — Ótimo, e sobre o que você quer falar? Você está bem?

Balanço a cabeça em negativa e ela anota algo em seu bloco de notas.

— E por quê? — não falo nada e nem reajo. — Por causa do Jake e do Alan? — aceno que sim e ela olha para fora do quarto antes de fazer a próxima pergunta.

— Você quer que ele vá embora? — aceno que não. — Você o ama e ama o Alan também? — aceno que sim, e uma lágrima escorre do meu olho direito.

Isso é muito por um dia, eu fiquei semanas sem dizer nada, agora estou chorando e eu não quero mais chorar, não aguento mais chorar. Eu não sei se quero continuar, mas na verdade preciso de ajuda. Seria ótimo falar com uma pessoa neutra sobre isso. A psicóloga pode ser essa pessoa.

— Você está indo muito bem, Maria. Nós podemos parar por hoje se você quiser. — aceno que não, ela não diz mais nada, apenas me olha.

— Eu... — engasgo — Eu estou confusa. — já que eu comecei, agora vou até o fim. Conto tudo o que aconteceu, mas de forma meio evasiva, ela não precisa saber os detalhes, e eu também não quero falar mais que o necessário.

— Obrigada por compartilhar isso comigo, Maria. — ela fala e coloca uma mão sob o peito para demostrar gratidão. — Vamos por partes, eu acredito que você não viveu o luto pelo Jake, você até entrou na primeira fase que é negação e nunca mais saiu de lá. Você enterrou não somente os sentimentos sobre a sua morte, mas tudo o que vinha depois, sendo assim, não tem como superar um obstáculo tirando ele do caminho e o escondendo. Isso é trapaça.

Reflito sobre o que ela falou, claro que ela tem razão, eu não quis viver o luto da morte do Jake, isso me afetou muito.

— Quando ele voltou e você descobriu que ele estava vivo, e que ele mentiu para você, depois de todo esse sentimento enterrado, ele saiu junto com a segunda fase que é a raiva, você brigou com os dois homens que ama. Deve ter pensado em tantas coisas, que deveria escolher um dos dois, não quer ser injusta com ninguém, desejou que o Jake não tivesse voltado, e essa foi a terceira fase, que é barganha.

Sempre foi você - Duskwood Onde histórias criam vida. Descubra agora