catastrophic blues (it's a cruel summer)

fearless.

Penelope.

Os olhos de Penelope percorriam a cena diante de si, tentando absorver cada detalhe. A ruiva se encontrava maravilhada com a vibração e a vida da família Bridgerton, com as conversas se sobrepondo como uma sinfonia de vozes. Era como um turbilhão, e, na sua mente, ela não conseguia acreditar que haviam se passado apenas alguns minutos desde que haviam chegado.

Os seus olhos percorreram os rostos desconhecidos. A visão de Michael e Francesca juntos prendera a sua atenção. As feições esculpidas de Michael e a beleza resplandecente de Francesca pareciam quase surreais. A maneira como eles se olhavam enquanto seguravam o seu pequeno bébe era como uma pintura de amor, uma obra-prima que ela não poderia deixar de admirar. Daphne e Simon, o outro casal que Penelope ainda nao conhecera, estavam um pouco afastados, o seu vínculo era uma força silenciosa em meio ao caos animado. A presença deles parecia como uma âncora firme em meio à agitação da família.

Seu olhar vagou novamente, observando a intrincada rede de relacionamentos. Nomes estavam sendo trocados, risadas ecoavam pelo ar, e ela se viu presa na corrente do amor. Cada interação era um fio na tapeçaria da família, tecido ao longo de gerações. Violet Bridgerton parecia tão tranquila, absorta em conversas com seus filhos. Penelope não pôde deixar de sentir uma pontada de tristeza.

A sua mãe nunca a olhara daquela forma.

O tempo parecia distorcido enquanto ela continuava a observar, presa entre o desejo de participar e a admiração de testemunhar a sinfonia familiar. Ela era uma mera espetadora e, ainda assim, de certa forma, sentia como se estivesse se tornando parte dela. Os segundos se estendiam e se contraíam, uma dança de emoções e experiências.

Enquanto observava, Penelope se colocara propositadamente um pouco afastada do caos alegre que havia se instalado na residência dos Bridgerton. Perdida em seus pensamentos, ela não percebeu imediatamente que Michael estava vindo em sua direção, com um passo firme e um sorriso contagiante. Quando ele falou, sua voz chegou aos ouvidos dela com um ar de familiaridade calorosa.

"E aqui está a namorada do Colin!"

As palavras pareciam pairar no ar, ecoando suavemente ao redor dela. Naquela única frase, a atmosfera animada ao seu redor pareceu se silenciar, como se os holofotes de repente tivessem se voltado para ela. Penelope sentiu suas bochechas se inflamarem, queimando com um rubor ardente que subiu e pintou todo o seu rosto.

Ela se virou para Michael, com o coração acelerado no peito e a mente em busca de uma resposta adequada. O pânico e o constrangimento se agitaram dentro dela, criando um turbilhão de emoções. Ela examinou os rostos dos membros da família, procurando por Colin, o encontrando enquanto ele segurava o recém nascido da sua irmã. Seus olhos se encontraram e ela notou um leve rubor nas bochechas dele.

A constatação de que ele estava perturbado fez com que o seu estômago se contorcesse. Claramente que um homem como ele nao quereria ser associado romanticamente a alguém como ela. Mais que óbvio. Assim, o instinto natural dela foi o de rejeitar a ideia, negá-la com veemência. Ela abriu a boca para intervir, para corrigir Michael com um esclarecimento apressado. A ideia de ser rotulada como "a namorada de Colin" na frente da família dele era reconhecidamente mortificante, mas havia uma parte dela que não conseguia deixar de reconhecer o tom de brincadeira na voz de Michael.

Seus lábios se entreabriram e uma estranha mistura de diversão e desconforto surgiu dentro dela. Em vez de protestar, ela soltou um "não" agudo, quase nervoso. A palavra ficou no ar por um breve e estranho segundo, chamando a atenção das pessoas próximas.

Quando a sala ficou em um silêncio incômodo, Penelope se mexeu nos pés, sentindo o calor de todos os olhares voltados para ela. Ela não conseguia acreditar na situação em que se encontrava, presa entre o constrangimento e um crescente senso de si própria.