Capítulo 22

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A semana prometida tinha passado, Maraisa torcia para que a namorada permanece com seus cuidados, em repouso em casa. Seria muito esperar isso dela, mas como a esperança era a última que morria, na manhã do oitavo dia em repouso, ela estava feliz em observar Marília dormir até mais tarde.

Isso se dava por algo em seu íntimo que a dizia para ela aproveitar, pois o pedacinho de céu delas logo seria abandonado pela companheira. Tomava seu café sentada em cima de um baú que tinha no final da cama. Mesmo com a cerâmica contra os lábios, seus olhos ainda repousavam no corpo da namorada, que estava deitada em um sono profundo.

Ao abaixar a caneca, ela terminava de dar seu gole e um sorriso involuntário despontava no canto de sua boca. Negou minimamente com a cabeça como se não pudesse acreditar que aquele anjo, que estava mais para anjo caído, estava ali na sua cama, no seu apartamento, perto dela como ela desejou secretamente por tanto tempo.

Sua bolha de felicidade no entanto foi estourada quando um toque de celular, que passou a ser o seu pior pesadelo, começou a tocar alto pelo quarto. Ela se levantou num pulo, fazendo espirrar um pouco de café da sua caneca no carpete no chão. A médica praguejou baixo na tentativa de não acordar Marília, mas pra isso ela ainda tinha que desligar a música irritante.

Correu na cômoda ali perto e deixou sua xícara ali, ao mesmo tempo em que passava a mão no celular dali de cima e o trazia para perto do rosto. Olhou quem era e logo deslizou o dedo pela tela, recusando a ligação. Assim que desligou o aparelho suspirou aliviada e olhou por cima do ombro para se certificar que Marília ainda dormia. Viu feliz ela ainda estava quietinha envolta no edredom e com o rosto de lado repousando no travesseiro.

Deixou o celular de lado e começou a caminhar com cautela para perto da cama. Seus olhos não saíam da amada, cuidadosa ela subiu na cama e se sentou no lado vago ao lado. Nos primeiros segundos se conteve em apenas a olhar, mas em seguida se ajeitou para se deitar. E ali tão perto, não resistiu e se aproximou para chamar a atenção da amada pra si.

Pegou na mão dela que repousava ao lado do rosto e trouxe para perto do seu com as duas mãos, para então deixar ali um beijo seguido do outro e apertar o braço dela contra o peito, como um urso de pelúcia. Marília ainda estava relutante em acordar, não queria ter despertado e tão pouco a cama macia expulsava o sono de seu corpo.

- O sol já nasceu? - ela perguntou de olhos fechados e com o rosto pressionado contra o travesseiro, abafando o som da sua voz. Maraisa sorriu para aquela a frente de sua visão e se aprumou mais perto dela.

- Já sim... - Marília não se mexeu ou falou mais nada depois disso - desculpa te acordar, mas é que eu estava começando a me sentir sozinha... - Marília sorriu ao ouvir o tom manhoso com que Maraisa falava e se esforçou para abrir os olhos o máximo que conseguiu, os deixando entre abertos. Ao finalmente ter uma visão da namorada ela abriu mais os olhos e se ajeitou, ficando de lado e de frente pra ela.

- Tá tudo bem... - ela coçou um olho e depois se moveu na cama, afim de se espreguiçar, esticando todo o corpo, até a pontinha dos dedos do pé. Se virou de barriga pra cima e ficou olhando para o teto ainda sonolenta - quem me ligou? - ela virou a cabeça para o lado e viu a expressão de Maraisa ficar séria.

- Dinah... - ela disse a contra gosto e com os lábios retorcidos. Marília sorriu para aquilo, mas franziu o cenho quando viu Maraisa se sentar e sair da cama, indo em direção a sua xícara para recupera-la. A doutora saiu do quarto e fechou a porta, foi quando Marília decidiu que estava na hora de levantar e começar o dia.

- Primeiro horário da manhã: Saber porque a namorada está estranha. - ela falou consigo mesma e riu sem humor. Fechou os olhos e segurou a cabeça em frustração. Em seguida se levantou.

Firebird -  Fogo que Cura - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora