Capítulo 34

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Finalmente Marília estacionou seu carro na entrada da mansão Pereira depois de atravessarem o portão. Todas saíram do carro mecanicamente e se agruparam para entrar no lugar. A loira se demorou um pouco para olhar em volta. Ao perceber que não as acompanhava, Maraisa parou e olhou pra trás. Esperou que Marília a alcançasse e elas foram abraçadas pra dentro da mansão.

- Aqui sempre foi tão silencioso? - Maraisa olha pra Marília e depois em volta, constatando a observação.

- Que eu me lembre não. - ela volta a olhar pra frente - minha mãe disse que demetiu quase todos os empregados. Deve ser por isso. Em breve vai ficar difícil mantê-los. E ela não pode mais gastar tanto dinheiro.

- Eu fiquei mais ou menos por dentro da situação econômica da sua mãe. - as duas se sentaram em um dos sofás da sala - é importante ver isso em breve, mas eu acho melhor não tocar nesses assuntos delicados ainda. Vamos esperar o luto passar e podemos começar a colocar as coisas em ordem.

- Sim, eu também acho. Minha mãe pode ser muito forte, mas ela não está em condição de resolver essas coisas agora.

Já era de noite quando elas chegaram, mas apesar de não estar tão tarde, Almira foi a primeira a se recolher. Pediu licença e disse que precisava tomar um remédio pra poder descansar e conseguir passar pelo enterro na manhã seguinte.

Suas filhas ficaram preocupadas, mas Maraisa se prontificou em levar a mãe para o quarto e ficar com ela até a mesma adomercer. Marília ficou na sala com Sofi e Aline, que permanesciam abraçadas.

- Shhhh... vai ficar tudo bem, meu amor. - Sofi tentava consolar a irmã, que não conseguia parar de chorar.

Olhar a cena era claustrofóbico para Marília e ela se levantou precisando dispersar a sua angústia. Deu umas voltas na sala até que Maraisa desceu as escadas parecendo abatida.

- Ela dormiu? - Marília perguntou olhando Maraisa alcançar o primeiro andar e caminhar até ela.

- Uhum... - as duas se abraçaram por uns segundos, depois Maraisa olhou pra cima, a ponto de chorar ela transmitiu suas emoções sem deixar dúvidas.

- Eu sei, eu sei... - Marília a puxou contra si e beijou seus cabelos com o pensamento agitado - Vai passar, um dia passa, você vai ver.

Não tinha clima nenhum e com certeza nenhuma delas tinha fome, mas Marília pediu comida. Pois não gostava da ideia de nenhuma delas irem pra cama sem comer. Jantaram em silêncio, só o barulho dos talheres em contato com a porcelana era ouvido. As duas mais novas se forçaram a engolir pelo menos algumas garfadas, mas na realidade também queriam ir pra seus quartos.

- Podem subir se vocês quiserem. - Maraisa disse com a voz mais serena pra se dirigir as duas.

- Obrigada... - Aline disse e foi a primeira a afastar a cadeira e se levantar - nós vamos dormir no quarto de hóspedes hoje. - Maraisa assentiu fraco e Aline esperou Sofi sair da mesa, assim as duas foram em direção a escada.

- Daqui a pouco eu subo pra cobrir vocês. - Aline parou no meio da escada.

- Não precisa, Mara. Não somos mais crianças. - ela disse sem pretensão nenhuma e voltou a subir os degraus sendo seguida por Sofi, que antes pediu pelo olhar que Maraisa relevasse.

- Não leve no pessoal... cada um tem seu jeito de superar uma perda. - Marília diz ao lado de Maraisa, segurando a mão dela em cima da mesa. Mesmo ainda um pouco magoada, Maraisa assentiu fraco com a cabeça.

- Eu sei, mas eu não quero que isso mude ela...

- Eu reagi da mesma forma quando perdi meus pais... - Marília suspirou - Queria mostrar que eu era forte e que podia cuidar de mim mesma.

Firebird -  Fogo que Cura - MalilaOnde histórias criam vida. Descubra agora