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CAPÍTULO 2: Lee Donghyuck

Fevereiro de 2023

Passos lentos contra a camada fina de gelo, que ficava presa nos sapatos do rapaz, derretendo vagarosamente até voltar a ser a água e pingar para o chão congelado, retornando ao gelo. Ele não se importava com isso, menos ainda com o vento gelado que batia contra seus braços nus, ou com o olhar atento daquele garoto que o observava de cima da árvore ao seu lado esquerdo. 

Não estava em seu campo de visão, não era importante.

Continuou com os passos arrastados, acumulando neve e terra em seus pés, procurando por alguma vítima para satisfazer aquela fome que parecia que iria matá-lo a qualquer momento. Seguiu seu caminho pela floresta escura, mas aquilo também não era importante, não enxergava mais do que borrões.

Distante o suficiente, o garoto suspirou, indo para o chão em um único salto. Olhou para os lados, para ter certeza que aquele infectado não voltaria tão cedo, ou se outro apareceria por ali. O caminho estava livre, então ele caminhou por onde aquele último havia saído.

Nas mãos pequenas e desprotegidas contra aquele frio intenso, agarrava uma faca grande, perfeita para defender-se caso necessário. No cabo escuro, as iniciais HCxTY estavam riscadas, apenas para lembrá-lo que a solidão sempre voltará a assombrá-lo, independente de onde se escondesse.

Por este motivo, após ver Taeyeon morrer em sua frente, o menino decidiu entregar-se para aquele que acreditava ser seu destino cruel. Todos com quem tinha contato morriam e ele estava cansado daquilo.

Parou de andar para encolher-se um pouco, colocando ambos os braços em volta da barriga e fez uma careta de dor. Faziam dias desde que não tinha uma refeição no mínimo decente e não estava com sorte para caçar, visto que todos os coelhos que tentava pegar sempre davam um jeito de escapar de suas armadilhas improvisadas. Mais um suspiro e voltou a caminhar, focando em ignorar aquele incômodo e seguir seu caminho.

Ele não tinha para onde ir, não tinha um destino certo. Talvez procurasse por Daegu, mas nem sabia onde estava. 

Parou mais uma vez para olhar em volta, mantendo-se atento ao ouvir som de passos, quase inexistente por ser abafados pela neve. Colocou-se em posição de ataque, pronto para avançar contra o que se aproximava. Estranhou não ouvir gemidos, então permaneceu ali parado, até ser surpreendido por algo que saiu do meio da mata.

Os pelos em uma mistura de preto e marrom balançando contra o vento frio, juntamente com as orelhas caídas e o olhar curioso chamaram a atenção da criança, que lentamente guardou a faca na bainha em sua cintura. O animal aproximou-se acanhado, esfregando o focinho gelado no garoto, constatando que aquele não era uma ameaça.

Balançou o rabo animado, arrancando uma risada do pequeno humano.

ー Qual seu nome? ー Perguntou baixinho, acariciando os pelos úmidos. ー Eu me chamo Donghyuck. ー Apresentou-se, sorrindo quando o cachorro tombou a cabeça para o lado, mostrando confusão. ー Você também está sozinho?

O animal abaixou as orelhas, deixando que o garoto interpretasse sua resposta.

ー O que acha de sermos parceiros? ー Sugeriu, animado com a ideia de ter um amigo canino.

Talvez a solidão não fosse, de fato, a sua única saída.

Novamente ele abanou o rabo, agora pulando em Donghyuck para lamber seu rosto. O que não era muito difícil, visto que quando estava de pé, ficava maior que o menino. O sorriso nos lábios de Hyuck aumentou, então chamou-o para que o acompanhasse, sendo obedecido pelo felpudo.

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