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Capítulo 2: Lee Donghyuck

Fevereiro de 2023

Os olhos passeavam pela cidade distante, banhada pelos raios de sol que a pouco surgiam no céu. O menino mantinha a cabeça encostada no tronco da árvore, usando os dedos para brincar com a ponta solta da atadura que protegia a ferida recém suturada em seu antebraço. O olhar já não estava tão atento e pouco a pouco as orbes escuras eram escondidas pelas pálpebras. Um bocejo escapou pelos lábios grossinhos da criança sonolenta, mas ele ainda não podia dormir. Precisava encontrar um lugar seguro para isso.

Esfregou os punhos contra o rosto, com força, piscando rápido para se livrar daquele sono incômodo. Bocejou outra vez, mas ignorou e pulou de volta para o chão, tirando o mapa que carregava de seu bolso, dando uma olhada para saber onde deveria ir. Não que ele soubesse exatamente como deveria guiar-se com aquele pedaço de papel, porém não parecia estar tão longe de seu objetivo. Estava em uma montanha, afinal.

Olhou em volta, não conseguindo mais ter uma visão tão boa da cidade. Via apenas mato e neve, que já derretia lentamente, sinal de que logo o inverno iria embora. Começou a caminhar em direção ao topo, em passos curtos e rápidos.

Não gostaria de admitir, mas tinha medo de estar caminhando em direção ao nada. Medo de estar perdendo seu tempo, de estar perdido ou então no lugar errado. Suspirou e balançou a cabeça, afastando aqueles pensamentos. Aumentou os passos, andando de maneira mais confiante.

Em meio a mata, ele encontrou uma estrada de terra. Comemorou, ele estava chegando a algum lugar. Seguiu por ali, até sentir os pulmões implorarem por descanso e as pernas por uma pausa, mas ele ainda não podia parar. Tirou a mochila das costas e pegou uma das garrafas d'água que carregava, abrindo o lacre e virando o líquido gelado em sua boca. Foram somente dois goles, mas o suficiente para ele respirar fundo e continuar seu trajeto.

Animou-se quando, ao longe, enxergou um grande muro de madeira, que parecia estar rodeando uma larga extensão de terra. Caso estivesse com sorte, aquela construção serviria para proteger uma residência, a residência que havia procurado a noite inteira.

Aproximou-se, notando um portão improvisado, ー assim como toda a estrutura. ー uma grande placa de metal, não tão lisa, sutilmente amassada, mas parecia ser o suficiente para manter a segurança. Mais ao canto do tal portão, um pedaço de ferro dobrado servia como um tipo de maçaneta. Donghyuck não pensou antes de puxar, ignorando a dor em seu braço até que conseguisse uma abertura grande o suficiente para seu corpo pequeno esgueirar-se para dentro. Olhou em volta, vendo muitos tijolos empilhados ao redor da estrutura de madeira, mas o que de fato chamou sua atenção, foi a grande casa que ficava ao centro.

O casarão possuía paredes em azul escuro e um telhado branco. A tintura não parecia ser velha, o que significava que o lugar era constantemente cuidado. Em frente a varanda, um lindo jardim se estendia ao redor da casa, comportando flores que ainda estavam escondidas em seus botões, apenas esperando pela primavera para colorir aquele lugar.

Mas então, sua atenção voltou para a varanda, só então notando duas pessoas ali. Um garoto que parecia ter uma idade próxima a sua, acompanhado por um rapaz adulto. Ambos possuíam os cabelos pretos curtos e apontavam suas pistolas na direção de Donghyuck, que somente levantou os braços em sinal de rendição.

ー Quem é você? ー O mais novo dos dois perguntou. A voz fina transbordava raiva, ele não parecia feliz por ver um rosto desconhecido.

Entretanto, suavizou a expressão quando o outro rapaz colocou a mão em seu ombro, sussurrando algo em seu ouvido, com um sorriso nos lábios. O garoto concordou, deixando que o mais velho tomasse a palavra.

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